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USDA de junho proporciona dia de queda para as commodities

Acompanhe a análise econômica da FAEP sobre o relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA)

Por: Tânia Moreira | Departamento Técnico e Econômico – FAEP

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou hoje seu relatório de oferta e demanda do mês de junho revisando os dados para as safras 2014/15, em andamento na América do Sul, e safra 2015/16, em plantio nos Estados Unidos.
De modo geral, os estoques finais da soja foram revisados para menos, mas a produção americana de 104,78 milhões de toneladas em uma área prevista de 84,6 milhões de hectares, recorde histórico, foi mantida.

Para o milho as elevações dos estoques finais globais e americanos deram o tom baixista dos preços para o dia.

E para o trigo, um aumento da produção global na safra 2015/16 apesar das preocupações climáticas apresentadas nas últimas semanas, não contribuiu para sustentar a alta do cereal.

SOJA: USDA CORTA ESTOQUES FINAIS GLOBAIS E AMERICANOS DE SOJA NAS SAFRAS 2014/15 E 2015/16, MAS MANTÉM PRODUÇÃO AMERICANA 2015/16

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Conforme já era esperado, o USDA cortou os estoques americanos de soja para as safras 2014/15 e 2015/16 inclusive acima da expectativa de mercado. Analistas acreditavam que os estoques finais da safra velha viriam entre 9,22 a 9,30 milhões de toneladas, mas vieram em 8,97 milhões de toneladas conforme demonstrado acima, o que é não é uma surpresa, segundo sites americanos, dado as margens de esmagamento permanecendo aquecidas, aumentando 10 milhões de bushels no relatório deste mês, e dado um aumento nas exportações. Com isso é justificado também um aumento da demanda.

A produção americana para a safra nova foi mantida em 104,78 milhões de toneladas, com área prevista continuando em 84,6 milhões de acres. As atenções se mantêm no clima, que nesta semana tem uma previsão de maior umidade, o que pode atrapalhar a finalização do plantio americano na janela ideal, com o USDA tendo indicado nesta semana, que 79% das lavouras da nova safra da oleaginosa já estão plantadas, o que ficou abaixo da média de 81% dos últimos cinco anos e dos 87% da última safra.

A produção brasileira foi mantida em 94,5 milhões de toneladas, apesar da expectativa do mercado de que esse número seria revisado para mais, em torno de 95,0 milhões de toneladas. Para a safra 2015/16 a previsão de produção é de 97,0 milhões de toneladas, inalterada em relação ao relatório do USDA de mês anterior.

Para a Argentina a produção da safra 2014/15 foi elevada em 1,0 milhão de toneladas, em linha com o que era esperado pelo mercado e abaixo do que a Bolsa de Cereales da Argentina segue indicando (60,8 milhões de toneladas).

O preço médio indicado pelo USDA para a temporada 2015/16 para os produtores americanos é entre US$ 8,25 a US$ 9,75 por bushel, ficando inalterado em relação à previsão do mês anterior.

Logo após a divulgação do relatório o contrato de julho para a soja na CBOT chegou a ficar do lado positivo, mas inverteu e passou a operar em baixa de ↓0,13%, ainda que o relatório de hoje tenha indicado uma redução dos estoques acima do que era esperado. A queda após a divulgação foi atribuída, pelos analistas, ao fato de que a produção americana da nova safra não foi reajustada para baixo, permanecendo o quadro fundamental de ampla oferta global e estoques elevados.
MILHO TEM ESTOQUES FINAIS E PRODUÇÃO MAIOR

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Para o milho a produção global da safra 2014/15 foi revisada com aumento de 3,33 milhões de toneladas, decorrente de aumentos na produção brasileira, que passou de 78,0 para 81,0 milhões de toneladas, e na produção da Argentina.

O estoque final americano teve alta e ficou acima da expectativa de mercado. Investidores e analistas acreditavam em um número de 47,19 milhões de toneladas. A alta também foi indicada para o estoque final americano da safra 2015/16 também ficando acima do esperado pelo mercado (entre 44,60 a 44,62 milhões de toneladas). O relatório do USDA destacou que o estoque de milho da safra 2015/16 teve que ser ampliado em 25 milhões de bushels em função da previsão de redução no uso do milho para a produção de etanol.

A estimativa de área de plantio manteve-se em 89,2 milhões de acres em relação ao indicado no mês anterior, com uma produtividade de 166,8 bushels por acre, conforme o relatório de maio, apesar de que o mercado apostava em um aumento da produtividade.

O estoque final global da safra 2015/16 foi elevado para 195,19 milhões de toneladas, acima dos 191,94 milhões do relatório de maio e bem acima do que o mercado esperava (até 191,8 milhões de toneladas).

A estimativa de preços apontada pelo USDA para a safra 2015/16 é entre US$ 3,20 a US$ 3,80 por bushel em relação aos US$ 3,55 a US$ 3,75 por bushel da safra passada.

Após a divulgação do relatório o contrato futuro de milho na CBOT operava em baixa de ↓2,16% a US$ 3,59 por bushel.

 

TRIGO TEM PRODUÇÃO MAIOR NOS ESTADOS UNIDOS EM 2015/16, APESAR DAS PREOCUPAÇÕES CLIMÁTICAS

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Para o trigo a produção americana da safra 2015/16 foi ampliada para 57,72 milhões de toneladas em relação as 56,81 milhões de toneladas relatadas no mês de maio. O relatório destaca o aumento da produção em função das chuvas que chegaram as Grandes Planícies, quando as condições eram de seca, apesar dos primeiros relatórios de colheita indicar problemas de doenças para o cereal, com as chuvas tendo tornando-se excessivas. Os estoques finais foram elevados sendo relatados os maiores estoques finais desde a safra 2010/11.

A produção global para a safra 2015/16 também foi ampliada, com aumentos da produção na Rússia e Ucrânia. A produção da União Europeia também foi ampliada, crescendo 390 mil toneladas. As produções do Canadá e Austrália foram mantidas sem alterações em relação à maio. Os estoques finais da Argentina foram ampliados.

Apesar do aumento de produção indicado na próxima temporada, o lado positivo foi o aumento global da demanda, que o USDA atribuiu a elevação das importações pela União Europeia, Egito e Tailândia e aumento do consumo para a ração.

A previsão do preço indicado para o trigo na safra 2015/16 é entre US$ 4,40 a US$ 5,40 por bushel, com redução de US$ 0,10 em relação ao relatório de maio.

Na CBOT, após a divulgação do relatório, os contratos futuros do trigo caíam 3,75% cotados a US$ 5,12 por bushel.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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