Sistema FAEP/SENAR-PR

Um primata complicado

Num encontro para tratar dos hábitos alimentares dos
macacos-prego, esse simpático, mas complicado primata, uma ambientalista lembrou: "ele está em extinção". Um irritado produtor do sul do Estado retrucou:Extinção, minha filha? Vai lá na minha propriedade ver a quantidade desses ‘extintos’.

Ágil, inteligente, menos de 5 quilos quando adulto, os
macacos-pregos fazem a alegria das crianças e são personagens de vídeos praticando pequenos furtos em visitantes incautos de zoológicos. Se no cativeiro, divertem, em 63 dos 399 municípios do Paraná eles são vorazes frequentadores principalmente de reflorestamentos de pinus e eucaliptos.

Natural da Mata Atlântica, em bandos de 20 a 30 indivíduos – três ou quatro são dominantes (os únicos que cruzam). Eles estendem suas atividades predatórias num mosaico de fontes para sua alimentação. Atacam plantações de milho no norte pioneiro e no resto do Estado – notadamente no sul reflorestamentos de bracatinga, pinus, araucária e eucalipto. Ao terminarem o consumo em frutíferas nativas como araçá e pitanga, por exemplo, eles se voltam ao ataque à seiva de
pinus que possui em sua composição química açúcares que atraem o animal.

No caso da araucária, os macacos-prego destroem, na
maioria das vezes, pinhas ainda verdes e enquanto eles saltam de galho em galho no alto das árvores, bandos de queixadas (porcos do mato) seguem-nos capturando o resto das pinhas caídas junto aos caules.

Abate proibido
Árvores com mais de quatro anos são as preferidas dos
primatas. Como o corte florestal pode ocorrer entre 6 e 14 anos, conforme o uso da matéria-prima, o ataque compromete a qualidade e o desenvolvimento da planta. Os danos podem ser vistos claramente em florestas já formadas. Árvores secas entre fileiras irregulares
denunciam as perdas de produtividade causadas pela invasão do primata. Ao contrário dos exóticos java porcos, os macacos- prego são nativos e não podem ser abatidos por se constituir em crime ambiental.

No último dia 24, na Embrapa Florestas, em Colombo,
Região Metropolitana de Curitiba, representantes da FAEP, da Embrapa Florestas e da Associação de Empresas de Reflorestamento debateram
durante todo o dia o problema causado pelos macacos-prego. A pesquisadora Sandra Bosmikich, que há anos estuda o comportamento desses primatas, sustenta que é estável a sua população, algo contestado pelos produtores. Em análises realizadas por empresas de reflorestamento verificou-se que as árvores, em
sua grande maioria, não chegam a morrer, mas perdem a capacidade de produzir mais. Esse estresse gerado na planta é propício para o ataque da vespa da madeira, por exemplo.

Representante da FAEP na reunião promovida pela Embrapa Florestas, o engenheiro florestal José Hess lembra que a ideia de esterilização desses primatas "está descartada por ser proibida pela legislação ambiental". Mas Hess acrescenta que a inclusão de
árvores frutíferas nas cercanias de reflorestamentos e substituição do pinus taeda pelo pinus patula (que o macaquinho não gosta) "podem ser alternativas para maior controle da ação dos macacos-prego".

DETI

O Departamento de Tecnologia da Informação (Deti) do Sistema FAEP/SENAR-PR, formado por profissionais da área, é responsável pela gestão tecnológica do portal da entidade, desde o design, primando pela experiência do usuário, até suas funcionalidades para navegabilidade.

Comentar

Boletim no Rádio

Boletim no Rádio