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Setor de lácteos é atrativo para investimentos

O mercado de lácteos no país continua atrativo para investimentos de players estrangeiros ou mesmo daqueles que já operam no mercado brasileiro, na avaliação do holandês Rabobank.

Fazenda de produção de leite em Castro (PR); região é vista como uma das com maior potencial de crescimento da atividade no país pelo banco holandês
Fazenda de produção de leite em Castro (PR); região é vista como uma das com maior potencial de crescimento da atividade no país pelo banco holandês

Ainda que a demanda por lácteos no Brasil venha crescendo num ritmo mais modesto por conta da esfriada na economia e da inflação, o segmento no país continua atrativo para investimentos de players estrangeiros ou mesmo daqueles que já operam no mercado brasileiro, na avaliação do holandês Rabobank.”A demanda vem crescendo em ritmo menor do que em anos anteriores, quando programas [do governo] ajudaram a elevar o consumo de lácteos. Agora, a capacidade de crescimento é limitada”, afirma, em entrevista ao Valor, Andres Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil e responsável pelo estudo setorial “Destravando o potencial de mercado de lácteos do Brasil”.

Mesmo assim, diz ele, “o Brasil é um mercado que tem massa crítica para crescer, principalmente em queijos e iogurtes”. O consumo per capita de lácteos em 2012 foi de 170 litros equivalente-leite – a Agência para Agricultura e Alimentos (FAO) da ONU recomenda 220, observa o analista. O volume também está longe do nível de países desenvolvidos.

A quantidade ainda é baixa, mas cresceu muito em relação ao consumo de dez anos antes, quando era de apenas 114 litros per capita. O avanço, porém, perdeu força recentemente. Dados da Nielsen citados pelo banco mostram que nos últimos dois anos o consumo de iogurte só cresceu 2% a cada ano, enquanto o de petit-suisse e de sobremesas declinou ou ficou estável.

Segundo Padilla, potenciais investidores estão atentos a segmentos de mercado em que possam ter maior valor agregado e não estão interessados em volume. “Eles não vão investir em leite UHT (longa vida)”.

Um exemplo de investimento recente com esse perfil foi o da francesa Lactalis, que em agosto passado comprou a brasileira Balkis, empresa de queijos gourmet.

Além do crescimento mais lento na demanda, a produção brasileira de leite também desacelerou no primeiro semestre deste ano, reflexo das altas dos custos de produção em 2012, quando os grãos atingiram níveis recordes, levando os produtores a margens negativas, observa o analista.

Para Padilla, foi uma desaceleração pontual, e a produção já se recupera neste semestre, com o início da safra. Mas, independentemente do fator safra, ele considera que a oferta nacional tem espaço para crescer, principalmente na região Sul, responsável por 33% da produção total de leite do Brasil.

As razões para o otimismo com a região são o clima favorável à atividade, com chuvas no inverno e a disponibilidade de pastagens de inverno para a alimentação dos animais de leite. Há outro diferencial em relação a outras regiões, afirma Padilla: no Sul, os produtores são mais organizados e investem mais em tecnologia.

A estimativa do Rabobank é de que a produção brasileira de leite alcance 33,1 bilhões de litros este ano, 2,5% acima de 2012, quando somou 32,3 bilhões. O percentual de avanço é menor que o crescimento médio anual de 4,5% que a produção registrou entre 2003 e 2012, conforme dados do IBGE. Em seu relatório, o banco observa que esse aumento expressivo não foi suficiente para satisfazer a demanda, por isso o país tem recorrido a importações.

E esse cenário de déficit não deve mudar tão cedo. “No médio prazo (cerca de cinco anos), o Brasil deve continuar importando”, afirma. Neste ano, os volumes importados de lácteos devem ficar em torno de 170 mil toneladas, abaixo das 180 mil toneladas de 2012, segundo Padilla. Ele afirma que o “Brasil tem potencial para ser exportador”, mas é cauteloso sobre o tema. “É preciso ter custo competitivo, conseguir gerar excedente de produção”, afirma. O câmbio também influencia, mas não pode ser o fator-chave para que o país seja competitivo.

O fato é que, por ora, o Brasil ainda não é competitivo em relação a seus concorrentes. Pelo contrário. O país foi o local mais caro para produzir leite do Hemisfério Sul, segundo dados de 2012 compilados pelo Rabobank. No ano passado, o custo médio no país ficou em cerca de US$ 0,46 por litro ante US$ 0,44 na Nova Zelândia, US$ 0,41 na Austrália e US$ 0,39 na Argentina.

O aumento dos grãos foi o principal fator de alta dos custos em 2012, mas o estudo do Rabobank observa que os custos estruturais da atividade também aumentaram nos últimos cinco anos, de uma maneira geral.

Isso elevou os preços do leite ao produtor, que atingiram um novo patamar, na avaliação de Padilla. A estimativa para o próximo ano é de que o valor médio fique em R$ 0,88 por litro, abaixo dos R$ 1,00 deste ano, mas acima dos R$ 0,83 de 2012.

Diante do quadro de custos mais elevados no último ano, diz o analista do Rabobank, muitos produtores estão reavaliando a adoção dos modelos intensivos de produção e novos projetos buscam sistemas mistos em que a alimentação do gado leiteiro dependa menos dos grãos. “Novos projetos de produção questionam como atingir o equilíbrio e reduzir a exposição à variação dos grãos”, explica.

A alta dos custos de produção nos últimos anos também leva à saída dos produtores menos eficientes da atividade, e a especialização ganha força. “O perfil do produtor está mudando, ele ficou maior do que era anos atrás, há especialização”, afirma o analista. Essa especialização significa ganho de produtividade, de acordo o estudo do Rabobank, principalmente em regiões como o Sul do país e em Goiás, onde há clusters de produção de lácteos.

Fonte: Valor Econômico

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