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SENAR-PR estimula estruturação de cadeia da ranicultura

Demanda do curso voltado à atividade partiu dos próprios produtores rurais, com atuação do Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul

Pecuaristas da região Sul do Paraná deram, em fevereiro, o primeiro passo na estruturação da cadeia produtiva de uma atividade ainda pouco explorada: a ranicultura. Eles frequentaram o primeiro curso promovido pelo SENAR-PR voltado à produção de rã-touro. A partir de agora, os produtores da região planejam se unir, formando uma associação ou cooperativa, com vistas a organizar a atividade.

Realizado no município de Virmond, a oferta do curso foi uma demanda dos próprios  produtores, apresentada ao SENAR-PR por intermédio do Sindicato Rural de Laranjeiras do Sul e Secretaria de Agricultura de Virmond. A partir de então, a entidade contratou o professor André Muniz Afonso, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e participante do programa de extensão “Aquicultura no Campo”.

O especialista preparou o curso de 24 horas-aula, divididas em três dias, ao longo das quais abordou aspectos teóricos e práticos da ranicultura, desde noções básicas até técnicas mais avançadas de manejo. Os 15 alunos que passaram pela formação eram pecuaristas com pouca ou com nenhuma experiência na criação de rãs para fins comerciais.

“Entre os alunos tínhamos alguns que começaram a produção sem informação qualificada, a partir de buscas na internet. Alguns nunca tinham tido contato com o animal. Essa é uma preocupação nossa, porque quando se começa uma atividade sem informação, ela acaba não dando certo. Aí, as pessoas tendem a rotular a atividade como técnica e economicamente inviável, o que, no caso da ranicultura, não é verdade”, disse Afonso.

“Ao trazermos essa parceria com o SENAR-PR, nós tínhamos em mente repassar conhecimentos aos produtores. Alguns estavam iniciando a produção, mas estavam sem conhecimento técnico da atividade”, ressaltou o secretário de Agricultura de Virmond, Vilson Antonio Buskevicz.

Alternativa de renda

Um dos planos da Secretaria de Agricultura de Virmond e dos próprios produtores é de que a ranicultura possa ser uma atividade rentável à região e desenvolvida em consonância com outros segmentos da pecuária e com a agricultura. Em Virmond e nos municípios vizinhos se destacam, por exemplo, a produção de caprinos e bovinos de leite e a hortifruticultura.

Um dos formados no curso, Willian Clay Wachchak tem uma pequena propriedade, de cerca de cinco hectares, onde cria ovinos e caprinos. A intenção dele é fazer um planejamento para desenvolver a ranicultura, paralelamente às outras atividades pecuárias a que já se dedica. Mais do que isso, Wachchak destaca como ponto positivo o fato de a criação de rãs poder ser implantada em pequenas propriedades.

“O curso passou a informação de que é possível ter renda, mesmo em uma pequena propriedade. Sabendo organizar é muito rentável”, disse o produtor. “No meu caso, espero conseguir conciliar os caprinos, com rãs, açude de peixes, além de trabalhar com uvas”, acrescentou.

Hoje, o preço do quilo da carne de rã varia de R$ 45 a R$ 80, no varejo. Mas os rendimentos vão além da comercialização da carne. Os produtores podem vender a pele, usada na fabricação de couro, e a gordura, geralmente, empregada na indústria de cosméticos. O período de desenvolvimento médio do animal é de oito meses, quando as rãs são abatidas, pesando cerca de 250 gramas.

Entraves

Um dos entraves ao desenvolvimento da atividade é a falta de uma central de abate e processamento de carne para a comercialização. Como o custo de instalação de uma unidade dessas é muito elevado, uma saída possível seria que os produtores se organizassem e, em conjunto, viabilizassem essa estrutura.

“Para um produtor, isoladamente, ficaria muito caro, mas, em associação ou cooperativas, é possível tirar do papel. A vantagem é que os produtores da região Sul têm uma mentalidade comum de associativismo, de cooperativismo. Isso já faz parte do espírito do produtor. Além disso, eu vi uma boa vontade do poder público em apoiar, em ajudar a regularizar a questão do abate a organização do ciclo”, apontou Afonso.

Os próprios pecuaristas já saíram do curso com essa ideia. Eles formaram um grupo de WhatsApp, com o objetivo de estruturar uma associação. Outra ideia é desenvolver a produção de forma integrada, com cada produtor se responsabilizando por uma ou mais fases do ciclo. “Eu percebi que todos os produtores estão com um espírito de empreendedorismo”, definiu Wachchak.

Leia mais matérias sobre cursos do SENAR-PR no Boletim Informativo.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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