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Sem a agricultura o “Pibinho” seria negativo

Sem a agricultura o “Pibinho” seria negativo

Pronunciamento do presidente Ágide Meneguette, do Sistema FAEP, no "Encontro das Comissões Técnicas e Lideranças Sindicais da FAEP" 

Ao aceitar o pontificado, meses atrás, o Papa Francisco observou que o foram buscar "no fim do mundo", a Argentina. É claro, a conotação, no caso, era meramente geográfica. Mas nós também estamos no fim do mundo. Afinal, somos vizinhos dos "hermanos".

Se olharem para o globo terrestre, verão que o Brasil, em especial o Sul do Brasil, fica longe de tudo, a milhares de quilômetros dos principais mercados mundiais.

Além disso, país continental, cada pedaço do Brasil fica longe de muitos outros pedaços do próprio Brasil. Uma viagem por terra para nossa capital – Brasília – é, na verdade, uma jornada que muitos dos nossos conhecem muito bem,porque já foram lá várias vezes, defender seus legítimos interesses, como no memorável "tratoraço" e na votação do Código Florestal. Que dirão os audaciosos que vão desbravar o Centro-Oeste ou a Amazônia.

Estar longe de tudo significa que a logística representa um papel crucial nas nossas relações comerciais, quer internas ou internacionais.

E este país tem se descuidado tanto de nossos portos, rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, armazéns, comunicações, que hoje pagamos um preço amargo para comercializar e transportar nossa produção agropecuária.

Somente agora se procura dar uma solução à questão portuária, depois de anos e anos de alertas sem que as autoridades dessem a mínima atenção.

Foi preciso uma safra recorde, um congestionamento gigantesco de caminhões e navios, um transtorno colossal para que o governo finalmente abrisse os olhos. E ainda veremos muitas safras se deteriorando em estrangulamentos, porque até arrumar o estrago que o desleixo oficial criou vai levar muito tempo.

O Brasil é um país com volumes enormes de produção agrícola e pecuária. A somatória de grãos, de cana de açúcar, de mandioca, de frutas, de carnes, de madeira, da movimenta- ção diária de hortigranjeiros e do que é usado para produzir tudo isso, montanhas de calcário e fertilizantes, chegando próximo da casa do bilhão de toneladas.

E tudo isso e os seus derivados vão para longe e vem de longe. Sem rodovias em condições – quando elas existem – sem as ferrovias e as hidrovias – que não existem -, tudo fica mais difícil, mais caro para quem produz e que acaba sofrendo pelas depreciações pelo que vende. Recentemente, o próprio presidente da Empresa Brasileira de Logística do governo federal, Bernardo Figueiredo, reconheceu que temos um potencial de produção agrícola grande e que não se realiza por falta de infraestrutura. Ele estava se referindo ao crescimento do PIB agrícola do primeiro trimestre deste ano, de 9,7%, sem o qual o "pibinho" do Brasil teria sido negativo.

País que fica longe de tudo tinha que ocupar-se muito mais com as suas vias de transporte e comunicação e não deixar as coisas ao "Deus dará" como vem ocorrendo.

O governo tenta, agora, no desespero, dar uma resposta a essas demandas e promete muita coisa. As rodovias e ferrovias planejadas parecem uma maçaroca de linhas, tal a quantidade de rotas desenhados nos mapas da Empresa Brasileira de Logística, que o governo pretende leiloar em concessão. Como não tem dinheiro, já que gasta mal, o governo quer que a iniciativa privada se encarregue de resolver o que ele não conseguiu até agora.

É tão importante esta questão da logística que, este ano, a palestra de abertura de nossa reunião anual das comissões técnicas e de lideranças sindicais rurais trata do assunto. Trouxemos para falar para vocês um especialista em agronegócio, um técnico renomado, o doutor Marcos Jank, do Instituto Íncone, e que até pouco tempo foi o presidente do grupo Única, grande produtor de açúcar e álcool de São Paulo.

O tema serve também para nos atualizarmos sobre o estudo de tarifas ferroviárias e rodoviárias – outro problema sério – com a doutora Priscila Biancarelli Nunes, da Esalq-Log, da Universidade de São Paulo (USP).

Também aceitou nosso convite o doutor Neri Geller, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, que vai nos explicar detalhes da Política Agrícola do governo federal para a safra 2013/2014, anunciado pela presidente da República.

O secretário da Agricultura Norberto Ortigara vai fechar este nosso encontro.

Há anos a FAEP vem se preocupando com problemas de logística, batendo na mesma tecla junto aos governos. Acho que aos poucos vamos obtendo algum resultados, nem que para isso seja preciso que primeiro haja o caos em nossos portos, rodovias, ferrovias e aeroportos.

As mudanças aprovadas recentemente para os portos indica um bom começo. Tomara que seja realmente um começo e não um espasmo que nos leve a nada. 

DETI

O Departamento de Tecnologia da Informação (Deti) do Sistema FAEP/SENAR-PR, formado por profissionais da área, é responsável pela gestão tecnológica do portal da entidade, desde o design, primando pela experiência do usuário, até suas funcionalidades para navegabilidade.

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