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Safra recorde derruba preço do milho

Os preços do milho já dão sinais de arrefecimento, devidos a uma segunda safra inédita. Produtores pedem ao governo que aprofunde a política de estoque para impedir a desvalorização do grão ao longo do segundo semestre. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) diz que só intervirá se as cotações caírem abaixo do preço mínimo, de R$ 12,6, 10% menos em relação aos R$ 14 pagos no ano passado.

No mercado futuro, os contratos de milho apresentam queda de até 13% do valor da commodity. Milhocultores do Mato Grosso estão preocupados com os preços locais da saca, que estariam na faixa de R$ 13 em algumas regiões. "Se houver necessidade e os preços de mercado estiverem abaixo do preço mínimo, o governo apoiará os produtores", garantiu, em nota ao DCI, o Mapa.

O órgão estaria cogitando uma compra de três milhões de toneladas do grão, a R$ 12,60 a saca, de acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (AproSoja-MT), Carlos Fávaro. Ele considera os números insuficientes e propõe uma operação com contratos de opção, a R$ 15 a saca.

Fávaro afirmou que a Aprosoja tem alertado o governo, desde dezembro de 2011, sobre o volume que teria a atual safra de inverno, e as consequências que isso traria às cotações do grão. "Já tem lugares em que se fala de sacas a R$ 13, que é mais ou menos o custo de produção", disse o representante.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, ainda é cedo para a base produtiva alardear demandas de preço. "O governo tem sido muito pró-ativo", ele elogiou. "Temos que observar o mercado, ainda não é hora de discutir. O Mato Grosso já vendeu metade do seu milho", constatou.

Os 50% de vendas garantidas pelos milhocultores mato-grossenses equivalem a praticamente todo o volume produzido por eles na última "safrinha": 7,25 milhões de toneladas.

A segunda safra cresceu 70,7% em resultado (para 12,3 milhões de toneladas) e 39,9% em área plantada (de 1,8 para 2,5 milhões de hectares) no Mato Grosso, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já no Paraná, que é o maior estado produtor, a área se expandiu 16,5%, com expectativa de que a produção se incremente 54,9%, a 9,6 milhões de toneladas.

A evolução dos índices indica um avanço da produtividade, já que os volumes crescem acima da expansão territorial.

No Brasil, o crescimento deve ser de 53,1% na colheita, totalizando 32,8 milhões de toneladas, posto que o território nacional do milho de inverno tenha crescido 22%, a 7,1 milhões de hectares. Somando-se ao potencial resultado da primeira safra (34,8 milhões de toneladas), o grão pode ultrapassar, pela primeira vez, o resultado da soja.

Efeito sanfona

Exceto se houver novas geadas no sul ou outro tipo de problema climático, o que prejudicaria a oferta de milho, o segundo semestre tende a ser de baixos preços para o grão, influenciando, inclusive, a produção do ano que vem, na avaliação de Fávaro. "Falta uma política pública bem definida. Como não há, acontece o efeito sanfona", disse ele.

Ou seja, a desvalorização da cultura, na análise de Fávaro, poderá provocar um movimento típico da agricultura brasileira: a debandada dos agricultores na safra seguinte. "Se ocorre uma geada no sul, muda tudo. Mas o governo deve agir de modo preventivo", defendeu o presidente da AproSoja-MT.

Na visão de Paolinelli, da Abramilho, "a política de estocagem é o resultado de uma boa ação de preço mínimo". A cotação oficial era de praticamente R$ 14 no ano passado, no Mato Grosso, mas foi reduzida para R$ 12,60. O valor é considerado baixo por Fávaro, que aponta para o encarecimento dos custos de produção, com insumos e implementos valorizados. "O apoio governamental só ocorrerá se o preço de mercado do produto cair para abaixo do preço mínimo", enfatizou o Ministério da Agricultura.

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