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Safra de cana tem melhor cenário em uma década

Pela primeira vez açúcar e etanol estarão, ao mesmo tempo, em ciclo de alta de preços no Brasil

A safra 2016/17 de cana-de-açúcar no Centro-Sul começa oficialmente na próxima sexta-feira, dia 1º de abril, com um “fenômeno” há tempos não visto no mercado sucroalcooleiro. Pela primeira vez em mais de uma década, açúcar e etanol estarão, ao mesmo tempo, em ciclo de alta de preços no Brasil. “Nos últimos anos, houve alternância: enquanto o açúcar estava em alta, o etanol estava na baixa, e vice-versa”, afirmou Willian Hernandes, da consultoria FG Agro.

Para a próxima temporada, projeções apontam que ambos estarão na “crista da onda”. Nas contas da FG Agro, o preço médio do etanol (hidratado) deve se situar na temporada 2016/17 no patamar de R$ 1,52 por litro – os cálculos consideram o valor dos contratos futuros do hidratado da BM&F/Bovespa no intervalo de abril a dezembro, e embutem uma projeção própria da consultoria para o período de janeiro a março de 2017. Se a estimativa for confirmada, será um preço 16% acima da média de R$ 1,33 por litro do ciclo 2015/16.

O açúcar, por sua vez, “promete” pagar acima disso na temporada vindoura. A projeção da consultoria é de que os preços médios da commodity (em reais) na safra 2016/17 serão 20% acima dos estimados para os preços médio do hidratado no mesmo intervalo. “Em 2015/16, as cotações do açúcar ficaram, em média, 4,5% abaixo dos preços médios do etanol. Agora vão superar o biocombustível que, por sua vez, também vai se superar”, estimou Hernandes.

A confluência de ciclos positivos para os dois produtos em uma única safra não ocorria desde a safra 2005/06, conforme dados levantados pela FG Agro. Foi justamente nessa época, que emergiu o “boom” de investimentos em etanol no país, que atraiu milhões de dólares de empresas nacionais e principalmente estrangeiras para construção de novas usinas de cana-de-açúcar no país.

Do lado do açúcar, o que tende a sustentar os preços na próxima temporada é o primeiro déficit global da commodity em cinco anos, mesmo diante de projeções de uma oferta maior no Brasil. Do lado do etanol, a aposta é de uma oferta estável no Brasil na temporada 2016/17 – ou até menor frente ao ano passado – para uma demanda de estável a levemente maior, segundo Hernandes.
Conforme as últimas previsões da consultoria, se as usinas do Centro-Sul destinarem 44,4% do caldo da cana para fabricar açúcar em 2016/17 (ante 40,9% em 2015/16), a produção da commodity pode chegar a 35,6 milhões de toneladas, o que seria um recorde – o anterior, de 34,4 milhões de toneladas, foi no ciclo 2013/14.

Para a produção de etanol, a consultoria estima um volume total de 27,6 bilhões de litros em 2016/17 no Centro-Sul – sendo 16,9 bilhões de litros de hidratado, uma retração de 0,5% frente ao estimado para 2015/16.

Fonte: Valor Econômico

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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