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Protesto nos portos afeta exportações agrícolas do Brasil

O porto de Santos, que responde por mais de um quarto das exportações e importações do Brasil, amanheceu com seus guindastes e esteiras carregadoras parados nesta sexta-feira, num dia de protesto de trabalhadores portuários contra as reformas propostas pelo governo para o setor.

A manifestação de seis horas, que foi encerrada às 13 horas, como previsto, atingiu outros importantes portos do país, interrompendo as exportações de soja, milho, açúcar e outras mercadorias nos principais terminais brasileiros.

O protesto prejudicou especialmente os embarques de soja, milho e açúcar nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), os dois principais centros de embarque de produtos agropecuários do país, num momento em que começa o escoamento de uma safra brasileira recorde de grãos.

A movimentação dos trabalhadores acendeu um sinal de alerta no mercado externo, num ano em que problemas logísticos brasileiros já têm atuado como fatores de alta para os preços futuros dos grãos negociados na bolsa de Chicago. Importadores mais cautelosos já têm trocado a origem de alguns carregamentos de soja do Brasil para os EUA.

A paralisação ocorreu contra a Medida Provisória 595, editada pelo governo no ano passado, que muda as regulamentações portuárias e incentiva investimentos privados no setor, com o objetivo de reduzir o custo do frete no país. Mas, na visão dos sindicalistas, a MP fragiliza as relações trabalhistas.

"Estamos tensos. O empresário é forte e o trabalhador é fraco nessas negociações", disse o estivar Geraldo Ventura, que atua como estivador desde 1974 em Santos. Depois de participar da paralisação pela manhã, ele buscava se encaixar na escala de trabalho do turno da tarde no porto do litoral paulista. Mas ele não era o único.

Em um salão quente e abafado, estivadores se aglomeravam em torno de painéis com informações dos navios no porto santista, em busca de uma vaga para trabalhar depois do protesto.

Muitos se diziam satisfeitos com o movimento, mas ainda manifestavam preocupação com os rumos da discussão da MP 595 no Congresso.  
"Tem um lineup (fila programada para embarques e desembarques) de mais de 90 navios em Paranaguá, mais de 50 em Santos, tudo isso já começa a atrapalhar sim", disse Mendes à Reuters.

Segundo ele, o setor já enfrentaria desafios adicionais para exportar uma safra recorde de grãos, considerando a logística e infraestrutura deficitárias do país. E não pode perder tempo.

"Com a quantidade adicional que temos que exportar este ano, não podemos prescindir de nenhuma brecha", afirmou o executivo da Anec.

JUSTIÇA PROIBIU PARALISAÇÃO

A paralisação ocorre apesar de um pedido de liminar do governo contra a greve ter sido deferido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). A Justiça determinou que os portuários se abstenham de paralisar os serviços, sob pena de multa diária de 200 mil reais.

"Não cancelamos a paralisação porque elas já estavam marcadas. Por sinal, o governo só aceitou negociar porque íamos paralisar", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical e um dos líderes do movimento.

Segundo Silva, 30 mil trabalhadores no país pararam as atividades nesta sexta-feira. A afirmação do deputado foi feita antes de uma reunião com representantes do governo para negociar eventuais mudanças na MP.

Na próxima terça-feira, os trabalhadores marcaram outra paralisação de seis horas.

Os sindicalistas argumentam que as mudanças propostas pelo governo, dentro da MP que visa aumentar a eficiência dos terminais brasileiros e realizar investimentos públicos e privados de 54,2 bilhões de reais no setor, vão fragilizar as relações de trabalho da categoria.
A manifestação também ocorre no porto de Vitória. Segundo o vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), José Adilson Pereira, apenas no porto capixaba pararam 1.700 trabalhadores do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), o que teria afetado o trabalho dos outros 10 mil trabalhadores do porto público e dos terminais privados.

O protesto ocorre justamente no início do escoamento de uma safra em que se espera que o Brasil colabore para reforçar os estoques globais da soja após uma quebra da colheita em 2012 nos Estados Unidos, tradicionalmente o líder na produção.

Estima-se que o Brasil deverá liderar a produção e a exportação global de soja na temporada 2012/13.

Representantes das empresas logísticas Santos Brasil e ALL não estavam imediatamente disponíveis para comentar sobre os efeitos da paralisação.

A Triunfo Participações afirmou que o protesto não está afetando operações no porto de Navegantes (SC), pois o terminal é privado e os trabalhadores são contratados pela companhia.

(Com reportagem adicional de Peter Murphy e Ana Flor em Brasília, Reese Ewing, Roberto Samora e Alberto Alerigi em São Paulo)

Fonte: Reuters – Gustavo Bonato – 22/02/2013

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