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Projeções do agronegócio 2011 a 2021

A economista da FAEP Gilda Bozza elaborou uma síntese das "Projeções do Agronegócio 2011 a 2021", divulgadas pelo Ministério da Agriculturado, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O documento original tem 58 páginas e pode ser visto na íntegra aqui. Abaixo, a síntese elaborada pela FAEP.

Síntese das projeções do agronegócio 2011 a 2021 do Ministério da Agricultura

Por Gilda M. Bozza – Economista da FAEP

O trabalho divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Assessoria de Gestão Estratégica (MAPA), objetiva mostrar possíveis rumos, bem como disponibilizar subsídios aos formuladores de políticas públicas no tocante às tendências dos principais produtos do agronegócio.  Com isso, pretendem dar uma visão prospectiva do agronegócio no contexto mundial, possibilitando ao Brasil a continuidade de crescimento econômico e uma maior participação no mercado internacional.

Considerando a importância dos preços agrícolas e suas repercussões, haja vista, o quadro de preços elevados no mercado internacional, a referido trabalho aborda o tema.  A análise aponta que os preços domésticos, nos anos 2010 e início de 2011 estão acima dos preços históricos.  De acordo com dados do CEPEA/USP, o preço médio do açúcar em 2010/2011 é 107% acima ao preço histórico; o preço do boi é 63% superior; para o café, o preço é superior em 54%; já para a soja, a elevação é de 28%.

Os dados disponíveis sinalizam preços crescentes para os próximos anos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), afirma que os preços internacionais das commodities agrícolas devem se manter acima do nível de 2006 durante a próxima década. Entre os fatores responsáveis estão a demanda mundial crescente para grãos, oleaginosas e pecuária; a questão econômica com a desvalorização do dólar americano; manutenção dos preços da energia em alta e o aumento da produção de biocombustíveis. Fatores importantes: mudanças climáticas, nível baixo dos estoques mundiais de milho, arroz, trigo e soja, pressão dos biocombustíveis, aumento da renda mundial e da população.

Conforme o trabalho, um cenário de preços em elevação conduz a um desequilíbrio entre a oferta e demanda, possível escassez de recursos (renda e crescimento populacional) e queda da produtividade devido às mudanças climáticas.  Resumo da ópera, os preços constantes dos estudos apontam crescimento crescente entre 2010 e 2050.

Conforme o estudo, os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro deverão ser o algodão, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar, papel e celulose.  São os produtos que detém maior potencial de crescimento da produção e das exportações nos próximos anos.

A produção brasileira de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deverá passar de 142,9 milhões de toneladas em 2010/2011 para 175,8 milhões de toneladas em 2020/2021, o que indica um aumento de 33 milhões de toneladas (23%).  Já a produção do complexo carnes (bovina, suína e aves) tem projeção de aumentar 6,5 milhões de toneladas, ou seja, um crescimento de 26,5% relativamente à produção de carnes no período 2010/2011.

O crescimento da produção deve continuar alavancado pela produtividade e segundo o estudo, deverá ocorrer forte crescimento da produtividade total dos fatores.  Os resultados apontam maior acréscimo da produção agropecuária que os acréscimos de área.

Já as projeções de área plantada indicam que a área total com lavouras deverá passar de 62 milhões (2011) para 68 milhões de hectares (9,5%).

Quanto ao comércio mundial de alimentos, o Brasil deverá manter expressiva posição e com tendência de elevação na soja, carne bovina e carne de frango.  A participação da soja brasileira em 2020/2021, nas exportações mundiais, deverá ser de 33%. Já a participação da carne bovina de 30% e de carne de frango em 49%.  A seguir é apresentada, uma síntese das principais culturas abordadas no citado trabalho.

Soja
Os estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás respondem por 82% da produção nacional. Existe uma expansão para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia que presentemente participam com 13% da produção brasileira.

As projeções sinalizam para 2020/2021, uma produção de 86,5 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 17,8 milhões de toneladas relativamente à safra 2010/2011.  Com isso, a taxa anual de crescimento para o período é de 2,3%, bastante próxima da taxa mundial (2,,30%).  A expansão da soja dar-se-á pela conjunção de expansão de área e produtividade. O estudo enfatiza que a área cultivada com soja e cana-de-açúcar pode aumentar 7,4 milhões de hectares.  A área de soja deverá passar para 30 milhões de hectares, ou seja, um crescimento de 5,3 milhões de hectares relativamente à área estimada em 2010/2011.

O consumo interno tem estimativa de 45,6 milhões de toneladas, significando 53% da oferta projetada, não esquecendo a importância da soja na produção de farelos proteicos para alimentação animal.

Já as exportações brasileiras de soja têm estimativa de 40,7 milhões de toneladas, representando um crescimento de 11,7 milhões de toneladas sobre o volume exportado em 2010/2011.

Milho
Os estados do Paraná e Mato Grosso respondem por 36% da produção brasileira. A produção projetada entre 2010/2011 e 2020/2021 é de 65,5 milhões de toneladas, com um aumento no período de 12,7 milhões de toneladas. Já o consumo projetado é de 56 milhões de toneladas, sinalizando a necessidade de ajustes no quadro de oferta e demanda, de forma a garantir o abastecimento do mercado interno e obter excedente para exportação, estimado em 14,3 milhões de toneladas para 2020/2021.

Conforme o estudo, no entorno de 86% da produção brasileira de milho deverá ser destinada ao mercado interno, para atendimento do consumo humano e fabricação de rações para animais, notadamente, suínos e aves.

A taxa anual de produção deverá crescer 2%, o consumo tem estimativa de 1,9% e a exportação projeção de 4,6% no período analisado. A área plantada deverá aumentar em 500 mil hectares.

Trigo
Os estados do Paraná e Rio Grande do Sul concentram 90% da produção brasileira do grão.  A previsão de produção para o período é de 6,2 milhões de toneladas e um consumo de 11,7 milhões de toneladas em igual período.  As necessidades internas no final do período serão de 6,7 milhões de toneladas.

Se acontecer o aguardado aumento da produção brasileira nos próximos anos, poderá ocorrer redução das importações de trigo. O Brasil, segundo a CONAB, detém condições para expandir a produção com produto de ótima qualidade. 

Feijão
Conforme o estudo, as projeções de produção e consumo sinalizam para a necessidade de importação de feijão nos próximos anos, entre 150 mil e 200 mil toneladas.  No período, a produção brasileira de feijão tem taxa de crescimento de 0,9%; o consumo de 1,1% e a importação de 2%.  A estimativa de produção para 2020/2021 é de 3,8 milhões de toneladas para um consumo de3,9 milhões de toneladas.  Com isso, a importação deverá ser de 210 mil toneladas.

Café
As projeções de produção de café sinalizam que no período 2019/2010, a produção deverá crescer a uma taxa média anual de 4%, mas ressaltam que estimativas do Departamento de Café do Mapa apontam que esse crescimento poderá atingir uma taxa de até 9% até 2013/2014. A produção estimada no final do período é de 70,6 milhões de sacas. Já o consumo tem estimativa de crescimento de 4,5ªª nos próximos 10 anos (29 milhões de sacas).  As exportações de café para 2019/2020 têm projeção de 41,2 milhões de sacas, ou seja, uma taxa anual de 2,5%.

Leite
O estudo aponta o leite como um dos produtos que detém altas possibilidades de crescimento.  As taxas de crescimento projetadas para o período são: produção 1,9%; consumo 1,9% e exportação 4,3%.  Com isso, no final do período, a produção brasileira de leite deverá alcançar 38,2 bilhões de litros, com perspectivas de atingir 42,8 bilhões de litros. Para as exportações de leite, o estudo aponta uma taxa de crescimento anual de 4,3%, podendo chegar no final do período entre 315 milhões de litros no limite inferior e 1,5 bilhão de litros no limite superior.

Açúcar
Para o período abordado, as projeções apontam uma taxa média de crescimento de 2,2%ªª.  Com isso, a produção brasileira de açúcar deverá somar 42,3 milhões de toneladas, podendo atingir o limite superior de 52,2 milhões de toneladas. O que significa um crescimento de 8,3 milhões de toneladas sobre 2020/2011.

Já as taxas estimadas para exportação e consumo interno são, respectivamente, de 3,8%ªª e de 1,8ªª.   As exportações têm projeção de 41,4 milhões de toneladas e o consumo de 14,5 milhões de toneladas.

Carnes
Os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais respondem por 55,4% dos abates no Brasil (22 milhões de cabeças em 2010).
Segundo o estudo, o setor de carnes mostra potencial de crescimento nos próximos anos.  A carne de frango detém a maior taxa de crescimento de 2,6% a.a. Para a carne bovina, a taxa projetada é de 2,2% a.a. Já a carne suína deverá crescer a uma taxa de 1,9% a.a.
A projeção de produção de carne de frango é de 15,7 milhões de toneladas; para a carne bovina a produção deverá somar 11,3 milhões de toneladas e para a carne suína uma produção de 4,1 milhões de toneladas.

Com relação ao consumo, as estimativas apontam, no período, a preferência dos consumidores brasileiros pela carne de frango (10,6 milhões de toneladas). Para a carne bovina a projeção é de 9,4 milhões de toneladas e para a carne suína um consumo de 3,3 milhões de toneladas.

As exportações de carnes tem projeção de crescimento no período analisado. Para as exportações de carne de frango a taxa de crescimento projetada é 2,9% a.a.. Para as carnes suínas a projeção é de 2,8% e para as exportações de carnes bovinas a taxa estimada é de 2,6% a.a. Com isso, no final do período (2020/2021), as exportações de carnes de frango deverão somar 5,2 milhões de toneladas; as de carnes bovina em 2,3 milhões de toneladas e as exportações de carnes suínas em 761 mil toneladas.

Resultados das Projeções Regionais
O MAPA procedeu projeções regionais para produção e área plantada com o propósito de sinalizar tendências dos produtos a seguir relacionados: Milho – Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais; Soja – Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul; Trigo – Paraná e Rio Grande do Sul; Cana-de-açúcar – São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás.

Projeções Regionais – 2010-2011 a 2020/2021

Cana-de-açúcar

Produção  (mil toneladas)

Área plantada (mil hectares)

Estado

2010/2011

2020/2021

2010/2011

2020/2021

GO

  52.086

  74.010

   624

  885

MG

  64.307

  82.667

  783

  975

MT

  16.551

  21.579

  236

  299

PR

  55.628

  71.935

  659

  839

SP

441.881

574.429

5.172

6.682

Milho

Produção  (mil toneladas)

Área plantada (mil hectares)

Estado

2010/2011

2020/2021

2010/2011

2020/2021

MG

6.339

7.388

1.163

985

MT

9.012

11.613

1.978

2.511

PR

12.705

14.098

2.180

2.130

Soja

Produção  (mil toneladas)

Área plantada (mil hectares)

Estado

2010/2011

2020/2021

2010/2011

2020/2021

MT

20.218

25.753

6.641

8.405

PR

14.324

17.008

4.675

5.390

RS

 8,199

 9.098

3.936

4.073

Trigo

Produção  (mil toneladas)

Área plantada (mil hectares)

Estado

2010/2011

2020/2021

2010/2011

2020/2021

PR

3.246

3.816

1.259

1.191

RS

1.978

2.386

  846

  598

Grãos

Produção  (mil toneladas)

Área plantada (mil hectares)

Estado

2010/2011

2020/2021

2010/2011

2020/2021

MATOPIBA*

13.341

16.660

6.438

7.501

(*) Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia

Fonte: AGE/MAPA e SGE/Embrapa

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