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Parceria para a melhora do transporte de cana e madeira

Uma Parceria Público Privada (PPP) vai tirar das rodovias estaduais o tráfego de caminhões pesados que transportam cana-de-açúcar e madeira e melhorar as condições de trânsito para outros veículos. A iniciativa  foi da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Governo do Estado que criou o Programa Caminhos do Desenvolvimento.

As ações do setor sucroalcooleiro estão mais avançadas e as obras tem previsão de começar ainda esse ano. A malha rodoviária que envolve o setor é de 1,5 mil quilômetros. Nesse segmento serão investidos 168 milhões, sendo 104 milhões do governo do Estado e 64 milhões da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar).

Esses recursos serão aplicados também na construção de 151 pontes, 49 trincheiras e a aquisição de uma balsa e dois rebocadores no município de São Pedro do Ivaí. “Ao final dos quatro anos esse programa vai gerar uma economia para as usinas de 10% com o item Corte, Carregamento e Transporte (CCT) da cana, o que significará uma redução de gasto de 5,6 a 6,2 milhões de reais por ano. Esse valor incluiu o custo de manutenção das estradas e da frota”, afirma o presidente da Alcopar, Miguel Rubens Tranin.

As usinas já fazem uma série de reparos e manutenções nas estradas rurais por onde a cana-de-açúcar é transportada. Com o programa o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que está encarregado do planejamento e execução das obras espera retirar das rodovias estaduais parte dos 1,5 milhão de caminhões, a maioria bitrens, que transportam a matéria-prima.

“Esse programa alcança toda a área de abrangência das 27 usinas paranaenses facilitando o transporte e ao mesmo tempo promovendo um ganho de segurança aos usuários das vias pavimentadas com a redução do número de caminhões”, completa Tranin.

O presidente da Alcopar explica que esse modelo foi testado em um projeto piloto desde 2011 nos municípios de Terra Rica e Guairaçá, apresentando excelentes resultados. “Essa iniciativa também está servindo de modelo para outras cadeias produtivas paranaenses e até para outros Estados (Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais), que já demonstraram interesse em conhecer melhor o projeto e adequá-lo para suas regiões”, finalizou.

A prefeita comemora
Um dos municípios beneficiados é São Pedro do Ivaí, região norte do Estado a 420 km de Curitiba.  A prefeita, Maria Regina Della Rosa Magri, está comemorando o recebimento de uma segunda balsa e dois rebocadores. O equipamento faz a travessia de caminhões de cana e ônibus de trabalhadores entre São Pedro do Ivaí e Fênix.

“Além da balsa a recuperação das estradas rurais é muito importante. Atualmente conseguimos manter as estradas, com muito sacrifício porque somos um município pequeno e porque também temos a colaboração da usina. A segunda balsa vai trazer mais agilidade para o trajeto”, informa.
A balsa começou a funcionar em 1996, eram transportadas 55 mil toneladas em 2012 e o volume saltou para 178 mil toneladas. O trajeto no rio Ivaí dos caminhões ‘treminhão’ (cabine mais dois containers) é de 200 metros e leva em torno de sete minutos. Com a nova balsa a Usina Renuka Vale do Ivaí pretende dobrar a capacidade de transporte 45 para 90 caminhões dia.

“O trajeto é feito com um caminhão por vez. Com essa nova balsa iremos transportar a produção de cana de Fênix, São João do Ivaí e Barbosa Ferraz. Acredito que na safra 2014 essa ampliação estará em operação. A economia com o novo trajeto será de 15 quilômetros por caminhão”, informou o gerente agrícola da usina Cristiano Seidinger.

Responsabilidades divididas

Já foram liberados pelo governo do Estado R$ 42 milhões. Os primeiros investimentos serão aplicados na locação de quatro patrulhas do campo – conjunto de equipamentos destinados à recuperação de estradas rurais – e na construção das três primeiras trincheiras nos municípios: Paranacity, Rondon e Ivaté, cada uma custará R$ 2,5 milhões. A mão de obra para a recuperação das estradas será fornecida pelas usinas.

Os resultados das obras no segmento cana-de-açúcar também beneficiarão mais de 1,5 milhão de paranaenses, que residem nas regiões Norte e Noroeste do Estado, em 76 municípios. Outro município que também está sendo beneficiado é Cruzeiro do Sul, onde 9 dos 18 quilômetros que serão recuperados já estão prontos. Outros seis quilômetros receberão cascalhamento.
“Um dos efeitos que podemos chamar de colateral positivo é a segurança para trafegar que a população rural que usa essas estradas terá após a conclusão das obras. Depois da cana-de-açúcar a produção de ovos é o segundo setor que mais gera renda no município e também será muito beneficiado por essas obras”, destaca o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ademir Mulon.
O município concentra o maior número de granjas de galinhas poedeiras do Estado, treze, que produzem juntas diariamente 3,2 milhões de ovos e emprega de mil trabalhadores. Essa produção abastece os mercados de São Paulo e Minas Gerais.

“Nossa atividade é diária e a falta de manutenção das estradas municipais traz grande prejuízo, pois os caminhões não conseguem sair das granjas com a produção e não conseguimos produzir a ração para as aves. Nas granjas produzimos desde a ração até a classificação acondicionamento dos ovos, atrasar a entrega é um problemão”, informa Arnaldo Cortes presidente da Associação Paranaense de Avicultura (Apavi).

De mãos dadas
Para a construção das pontes serão montadas pelo DER duas fábricas de vigas – uma em Maringá e outra em Umuarama. Todos os projetos de engenharia foram elaborados pela Alcopar com supervisão do DER. No caso das pontes com até 16,5 metros, classificadas como pequenas, a responsabilidade da construção das cabeceiras, concretagem e mão de obra fica a cargo Alcopar e o fornecimento das vigas com o DER.

Quatro pontes classificadas como grandes, que tem extensões que variam de 140 metros a 60 metros já foram licitadas. Duas pontes serão construídas entre os municípios de Colombo e Paranacity e Bandeirantes e Andirá. Outras duas pontes serão construídas na bacia do Paranapanema, uma na região de Cambará e outra em Mariluz.

“O prazo para conclusão das obras do setor sucroalcooleiro é de quatro anos. Mas a estimativa é que no primeiro ano sejam concluídas as primeiras 35 pontes. Para essas regiões deverão ser gerados cerca de 300 empregos diretos”, afirma o engenheiro civil e coordenador do projeto do DER, Mauro Maffessoni.

O processo de adequação nas estradas prevê: drenagem, para evitar erosão; recuperação da base; compactação para suportar o peso dos caminhões; sinalização de limites de velocidade e alargamento quando o relevo e a ocupação das áreas de entorno permitir. “Em média as estradas rurais tem uma largura de 12 metros sempre que for viável será feito alargamento para no mínimo 14 metros” explica Maffessoni.

Produção do setor

De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, o Paraná é o quarto produtor de cana-de-açúcar no Brasil. São cerca de 610 mil hectares de área plantada, com 27 indústrias em atividade sendo 21 usinas e seis destilarias. O Paraná é o 3º produtor nacional de açúcar responsável por 8% da produção nacional.

Em relação ao etanol o Paraná responde por 5,5% da produção brasileira ocupando o 4º lugar no ranking nacional. No Paraná, são produzidas três milhões de toneladas de açúcar e 1,3 bilhão de litros de etanol por ano. A colheita de cana no Estado é feita 65% manualmente e 35% mecanizada. De acordo com a Alcopar, o setor gera no Paraná 50 mil empregos diretos (12 mil no campo e 38 mil na indústria).

A cadeia da madeira

O setor florestal participa com 7% do Valor Bruto da produção paranaense. Em 2012 foram 49 milhões de metros cúbicos de madeira em uma área plantada de 1,4 milhão de hectares (pinus e eucalipto). Só a produção de Pinus no Estado representa 80% das florestas plantadas no Paraná, que detém 7,8% do PIB do Estado e emprega cerca de 650 mil empregos (diretos, indiretos e efeito renda). As informações são do Deral/Seab e da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre).

O setor madeireiro aderiu há um mês ao Programa Caminhos do Desenvolvimento através da Apre. Atualmente o segmento gasta com manutenção da frota e das estradas rurais cerca de 80 milhões ano. A informação é do diretor executivo da Apre, Carlos Mendes.

“Para nós esse programa é importante porque serão criadas rotas alternativas para escoamento da produção que acontece o ano inteiro. Além da manutenção precisamos de obras de sustentação das estradas e drenagem”, completa.

A coordenadora de planejamento para o segmento madeira da Secretaria de Infraestrutura, Josil Voidela Baptista, informa que o programa será feito em etapas. “Como o relevo da região sul do Paraná, onde estão concentradas as indústrias é muito acidentado a implantação do programa será feita em etapas”.
Na primeira etapa será feito um projeto piloto em oito municípios: Irati, Inácio Martins, Rio Azul, Mallet, União da Vitória, Palmas, Bituruna e General Carneiro.  Já foram levantadas informações de 11 empresas do setor agroflorestal nessas cidades. O levantamento de dados do setor foi feito através de uma pesquisa com 26 perguntas. A tabulação das informações será concluída até final de outubro. Em um levantamento preliminar uma das rotas alternativas indicadas por uma empresa trará uma economia de trajeto de 80 quilômetros entre a estrada que sai de Inácio Martins para Mallet.

Até o fim do ano será assinado o termo de cooperação que identificará as responsabilidades de cada setor, como orçamento, cronograma de obras e projetos que farão parte do programa.
Além das cadeias produtivas – sucroalcooleira e da madeira a avicultura e a indústria do cimento também já fizeram consultas técnicas ao DER para viabilidade de parcerias semelhantes.

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