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O panorama da aveia branca no Paraná

A cultura não aparece entre as principais semeadas no Estado, mas tem função para a agricultura regional, como proteção do solo e rotação de inverno. Ouça a entrevista com o engenheiro-agrônomo Fernando Aggio, do DTE da FAEP

A aveia branca não figura entre as principais atividades agrícolas do Paraná (nem no Brasil, nem na maior parte do mundo), além de ter uma representatividade bastante discreta no Valor Bruto de Produção (VBP) do Estado. Sua importância para a agricultura paranaense, entretanto, é enorme. A cultura é fundamental para a rotação de culturas de inverno e para a formação de palhada para o Plantio Direto na Palha (PDP), visando a semeadura da safra de verão.

A explicação técnica é simples. “A planta possui um sistema radicular profundo e denso, que ajuda na descompactação e estruturação do solo. A parte aérea possui um crescimento rápido e excelente cobertura do solo, sendo muito importante para o manejo de plantas daninhas para as culturas subsequentes”, destaca o engenheiro-agrônomo Fernando Aggio, do Departamento Técnico-Econômico (DTE) da FAEP. “É de fácil manejo e adequada para posterior plantio de soja, milho e feijão”, complementa.

O produtor Cesar Augusto Minami se enquadra perfeitamente nesse uso da cultura. Há 10 anos, ele dedica parte da área de inverno na propriedade em Faxinal, na região Central do Estado, para a aveia branca. “A preocupação é com a rotação. Posteriormente, se tiver comprador, vem a comercialização”, diz.

Nesta temporada, Minami cobriu 96 hectares com a cultura, área bem menor que a do ano passado (316 hectares). A explicação está na dificuldade de vender o produto, que é recebido por apenas uma empresa na região. “Precisa plantar com contrato de entrega acertado. E não tem muita opção: além de ficar refém do preço, a logística de entrega é demorada”, lamenta. “Para complicar ainda mais, em meio à crise o pessoal corta esse tipo de alimento. Caindo o consumo, não tem comercialização”, complementa.

O presidente do Sindicato Rural de Faxinal, Alfredo Alves Miguel Junior, faz coro ao discurso do produtor. “O pessoal da região planta mais do que a empresa tem capacidade de comprar. Além disso, muitas vezes, o preço pago nem cobre o custo de produção”, ressalta. “Desta forma, a maioria dos produtores deixa crescer de qualquer jeito, sem cuidado, só para fazer cobertura”, acrescenta.

Apesar do cenário adverso, as lavouras de Minami estão em franco desenvolvimento, com uma expectativa de colher 3,3 toneladas por hectare – a média prevista para o Estado é de 2,2 toneladas/hectare, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O ciclo varia entre 120 a 135 dias e a colheita ocorre entre os meses de agosto e dezembro. “A lavoura está excelente, melhor que no ano passado, que também foi bom”, comemora o produtor. Em 2015, a colheita rendeu 3,2 toneladas/hectare.

De acordo com o estudo “Panorama de mercado das principais atividades da agropecuária paranaense”, desenvolvido por técnicos do Sistema FAEP/SENAR-PR, Faxinal é o maior produtor de aveia branca no Paraná, com 9,2% do total estadual. Na sequência, aparecem Luiziana, quase empatado na liderança, com 9,1%; Marilândia do Sul, 7,7%; Tibagi, com 6,9%; Ponta Grossa, 4%; e Palmeira, com 3,8% da produção paranaense. A explicação para a concentração nestes municípios está no fato de que a cultura alcança um melhor desenvolvimento vegetativo e produção de grãos em regiões com inverno bem definido.

A área de plantio no Estado na safra 2016, calculada em 49,4 mil hectares, está mais de 20% abaixo da média dos últimos cinco anos – 59,1 mil hectares. “A área está diminuindo por causa da concorrência com o trigo. Pessoal tem investido mais nele, porque paga mais e tem mercado”, explica Miguel Júnior, do Sindicato Rural de Faxinal. Em 2015, o VBP da aveia branca no Paraná foi de R$ 28,1 milhões, 20,4% menor que na safra 2014. A participação da aveia é de 0,04% no VBP total do Estado.

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