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Milho: Mercado recua pelo 3º dia consecutivo frente ao avanço da colheita nos EUA

No início da sessão desta quarta-feira (5), os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago operam em queda. O mercado recua pelo terceiro dia consecutivo e, por volta das 8h50 (horário de Brasília), as principais posições da commodity registravam perdas entre 5,25 e 5,50 pontos. O vencimento dezembro/14 era cotado a US$ 3,59 por bushel.

De acordo com informações reportadas pela agência internacional de notícias Bloomberg, o mercado estende as baixas frente à especulação de que com o clima seco, previsto para os EUA, os agricultores norte-americanos conseguirão avançar com a colheita. Para essa safra, a perspectiva é que sejam colhidas 367,69 milhões de toneladas, conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Em uma semana, os produtores conseguiram evoluir em 19% na área colhida, chegando a 65%, segundo o boletim de acompanhamento de safras, divulgado pelo USDA na última segunda-feira. “As previsões meteorológicas continuam a sugerir condições largamente favoráveis para a colheita”, disse a consultoria Commonwealth Bank, em entrevista à Bloomberg.

E, por enquanto, os modelos não indicam outro importante evento de precipitação no Meio-Oeste dos EUA até meados de novembro, ainda conforme dados da agência. Somente esse ano, os preços da commodity recuaram 14% sobre as perspectivas para uma colheita recorde.

Por outro lado, as informações vindas do cenário econômico, especialmente a redução na projeção de crescimento para a zona do euro. Para a Comissão Europeia, o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro deverá crescer 1,1% em 2015, menor do que a projeção de 1,7%. “E menor crescimento econômico representa menor demanda por commodities”, disse o economista Roberto Troster, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Milho: Na BM&F, preços voltam a subir e março/15 fecha sessão cotado a R$ 29,08 a saca

Na BM&F Bovespa, os futuros do milho finalizaram o pregão desta terça-feira do lado positivo da tabela. As principais posições do milho fecharam o dia com valorizações entre 0,28% e 0,94%. O vencimento março/15 era negociado a R$ 29,08 a saca, após ter atingido o patamar de R$ 29,20 ao longo dos negócios.

Assim como no mercado internacional, o mercado também se recupera, de maneira bastante consistente, de um grande processo de queda, segundo diz Domiciano. “Entretanto, essa queda merece atenção do produtor, já que pode virar uma avalanche de perda. O contrato novembro, se perder o patamar dos R$ 25,50 a R$ 26,00, pode recuar às mínimas de R$ 23,00 a R$ 22,50”, afirma o analista.

O vencimento janeiro/15 também, se perder o nível dos R$ 28,00, pode recuar, porém, caso o contrato se mantenha, tenderá a buscar as máximas próximo de R$ 31,50. As cotações têm sido alavancadas pelas valorizações no mercado internacional e os ganhos no câmbio. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,50, com alta de 0,20%, de acordo com informações da agência Reuters.

Paralelo a esse cenário, a situação registrada no Brasil também contribui para dar firmeza ao mercado. Nesse momento, a preocupação é com a implantação da safra de verão, que em muitas localidades os produtores enfrentam dificuldades devido às chuvas irregulares. Sem contar que, na primeira safra, a área destinada ao cereal recuou em muitas regiões, dando espaço para a soja.

No Paraná, a semeadura do grão alcançou 93% da área esperada para essa temporada, que deverá ser 15% menor em comparação com a safra anterior. No mesmo período do ano passado, o plantio do milho já estava completo em 96% da área. As informações fazem parte do novo boletim do Deral (Departamento de Economia Rural).

Já no Rio Grande do Sul, o cultivo do cereal atingiu 70% da área, conforme dados reportados pela Emater na última quinta-feira (30). “Além disso, temos um atraso de mais de 30 dias para a soja na safra de verão, o que deverá comprometer a janela ideal de plantio do milho safrinha”, relata Galvão.

De acordo com informações da Somar Meteorologia, uma nova frente fria, no período de 9 a 13 de novembro, irá ocasionar chuvas em grande parte do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Os volumes acumulados de precipitações poderão ficar entre 30 mm até 70 mm.

Mercado interno

O preço praticado no Porto de Paranaguá, permaneceu estável em R$ 26,50, segundo levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas. Em Não-me-toque (RS), a terça-feira foi de valorização de 2,33%, com a saca do milho negociada a R$ 22,00, já em Ubiratã (PR), o ganho foi de 1,62%, com a saca do cereal cotada a R$ 18,80.

Em Cascavel (PR), o valor também subiu para R$ 19,00, com valorização de 2,70%. Em contrapartida, em São Gabriel do Oeste (MS), os preços recuaram para R$ 18,50, com queda de 3,65. Nas demais praças, as cotações tiveram um dia de estabilidade.

A retenção das vendas por parte dos produtores dá tom positivo ao mercado de milho no Brasil, assim como os ganhos nas cotações futuras e a valorização do dólar. Em muitas localidades, mesmo com a recente melhora nos preços, os agricultores ainda esperam por melhores oportunidades, apostando em ganhos mais expressivos.

Bolsa de Chicago

Nesta terça-feira (4), os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram o pregão em campo negativo. Ao do dia, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e fecharam a sessão em queda pelo segundo dia consecutivo, com desvalorizações entre 8,00 e 9,00 pontos. O vencimento dezembro/14 era cotado a US$ 3,64 por bushel.

Para o analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, o mercado é pressionado pela colheita norte-americana que está chegando ao final, com boas estimativas. Inclusive, já há especulações no mercado de que na próxima semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), ao divulgar o novo boletim de oferta e demanda, revise para cima as projeções para a produção e produtividade do cereal.

No último relatório, o departamento estimou a safra do grão em 367,69 milhões de toneladas. “Então, temos os fundamentos que são negativos para o mercado. A demanda, tanto no mercado interno dos EUA, quanto no externo permanecem firmes, porém são insuficientes”, explica o analista.

Em relação à colheita, os produtores norte-americanos conseguiram avançar em 19% os trabalhos nos campos. Com isso, a colheita subiu de 46% para 65% de uma semana para outra, conforme dados do USDA. De acordo com informações do site internacional Agrimoney, a evolução da área colhida, em uma semana, é maior dos últimos 20 anos.

A área é equivalente a 16 milhões de hectares, que se aproximam de uma área 1,5 vezes maior do que a Suíça, segundo o site. Ainda conforme números do departamento norte-americano, nesta safra os agricultores cultivaram 36,79 milhões de hectares com o cereal.

Entretanto, mesmo com a evolução da colheita, os produtores norte-americanos permanecem 8% atrás da média para essa época do ano, situação decorrente do excesso de chuvas registrado recentemente. “Mas as chuvas limitadas em todo o Cinturão do milho deverá permitir progressos relativamente rápidos durante essa semana”, disse o analista do Morgan Stanley, Bennett Meier, em entrevista à agência internacional de notícias Bloomberg.

Apesar desse cenário, os preços têm potencial para romper o patamar de resistência dos US$ 4,00 por bushel, conforme explica o analista de mercado da Smartquant Fundos Investimentos, Antônio Domiciano. “Tivemos um processo de queda em meados de abril e as cotações recuaram de US$ 5,20 para US$ 3,20 por bushel. Mas, recentemente, os preços subiram para US$ 3,80 e se conseguir romper esse nível poderá atingir US$ 4,00 e depois os US$ 4,20 por bushel”, ratifica.

O analista ainda destaca que, nesse momento, o mercado inicia um processo de reação. No entanto, caso os preços não rompam os patamares de resistência, podem começar uma nova sequência de queda e se perder os US$ 3,50 poderá recuar até os US$ 3,20, conforme explica o analista de mercado.

Fonte: Notícias Agrícolas

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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