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Milho no limite

Na semana passada, a saca de 60 quilos fechou com cotação mínima de R$ 19,65 no Paraná, apenas R$ 2 acima do preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

Com o mercado muito próximo do preço mínimo, é forte a possibilidade de o governo federal retomar nas próximas semanas os leilões de aquisição e prêmio pago ao produtor de milho. Na semana passada, a saca de 60 quilos fechou com cotação mínima de R$ 19,65 no Paraná, apenas R$ 2 acima do preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com uma safra total com potencial para 75,5 milhões de toneladas e exportações estimadas em pouco mais de 20 milhões de toneladas, segundo a Expedição Safra Gazeta do Povo, a intervenção será condição à comercialização do cereal. Em especial ao Mato Grosso, o maior produtor de milho de 2.ª safra, onde na sexta-feira na praça de Sorriso o grão fechou o dia com mínima de R$ 11/saca. Ou seja, muito abaixo do mínimo. E, se está ruim para o Paraná, imagine então para os produtores do estado do Centro-Oeste, onde o consumo interno é mais limitado, a necessidade de escoar é muito maior e o preço mínimo é ainda menor, de R$ 13,56.

A safra brasileira neste ano é menor que a de 2013 em mais de 5 milhões de toneladas. Naquele ano, o país embarcou 26 milhões de toneladas, sustentou preço e aliviou sobremaneira a relação de oferta e demanda. A diferença neste ano tem a ver com o câmbio, mais desfavorável, e a recuperação dos Estados Unidos, onde a safra que acabou de ser plantada tem potencial para 350 milhões de toneladas. No ano passado, para se ter uma ideia, os norte-americanos chegaram a comprar milho do Brasil. Agora, porém, além de não precisarem adquirir o cereal no mercado internacional, eles retomam as exportações, limitando os embarques que partem da América do Sul. A situação nos Estados Unidos ainda não está resolvida, mas tudo indica que será uma boasafra, cenário que provoca um movimento de antecipação no mercado e consequente pressão sobre os preços do produto aqui no Brasil.

E como tanto o ministro Neri Geller, produtor no Mato Grosso, como o secretário de Política Agrícola, Seneri Paludo, ex-diretor da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato) conhecem bem essa realidade, a liberação dos leilões é questão de dias. Enquanto o produtor Geller já foi um beneficiário dos leilões, o então dirigente classista esteve do lado daqueles que reivindicavam o apoio. Tecnicamente, o Ministério da Agricultura (Mapa) não deve ter maiores dificuldades para aprovar a subvenção e convencer o Ministério da Fazenda. A preocupação é que a decisão seja embasada técnica, e não politicamente, na distribuição dos recursos, proporcionalmente à produção, respeitando origem e destinação de forma a não prejudicar mercados onde a relação de produção e consumo é mais ajustada.

Em tese não há porque pagar prêmio para mandar milho do Mato Grosso para o Paraná, por exemplo, que é o maior produtor e também o maior consumidor nacional de milho (avicultura), a considerar 1.ª e 2.ª safras. Juntos, os dois estados são responsáveis por 44% da produção nacional do cereal.

Soja X Minério

Com 13,9% em volume e 17,1% em faturamento, a soja foi o principal produto exportado pelo Brasil no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. As vendas externas superam inclusive o minério de ferro, historicamente líder absoluto da pauta. Levantamento elaborado pela Confederação daAgricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que os principais destinos foram a China com US$ 9,7 bilhões, Países Baixos com US$ 1,3 bilhão e Tailândia com US$ 501 milhões dos US$ 15,58 bilhões de resultado do grão. Estudo também da CNA estima que o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária em 2014 tem potencial para atingir R$ 465,6 bilhões. A se confirmar, será uma alta de 8,3% sobre 2013. A participação da agricultura, puxada pela soja, será de R$ 298,4 bilhões, com receita aferida pela soja acima de R$ 96 bilhões.

Mato Grosso X Pará

Santarém, no Pará, é tão dependente do Mato Grosso quanto o Mato Grosso é dependente do estado no extremo Norte do país. Uma ligação que vai além da BR-163 ou então da logística hidroviária pelos rios Madeira, Amazonas e Tapajós. Apesar de estar a mais de 1.500 quilômetros de distância de Cuiabá, capital mato-grossense, a produção do Pará é fortemente balizada pelo preço do estado vizinho. Nesse caso, o diferencial logístico, que deveria se traduzir em competitividade, pouco importa. A cotação de Santarém é o preço de Mato Grosso mais o frete. A constatação é da Expedição Safra Gazeta do Povo que, em viagem pelos estados do Pará, Manaus e Roraima, faz um mapeamento da logística multimodal que está sendo estruturada na região. A realidade em Santarém, que avança em produção e tecnologia, é fruto da completa falta de concorrência no comércio e escoamento da produção, que está nas mãos de uma única empresa, multinacional. De qualquer, ruim com ela, pior sem ela.

Fonte: Gazeta do Povo – 30/06/2014

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