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Mesmo com chuvas, colheita do milho segue adiantada

Paraná já colheu 25% da área plantada com o grão, contra 21% no comparativo com o mesmo período do ano passado; Deral já aponta indicativo de queda de qualidade

Apesar de parada há duas semanas por causas das chuvas, a colheita do milho segunda safra segue adiantada no Paraná. Até o momento, 25% da área plantada com o grão no Estado foi colhida, contra 21% no comparativo com o mesmo período do ano passado. O avanço da colheita se deve à antecipação do recolhimento de grãos na região Oeste do Estado, iniciada na segunda quinzena de maio.

Mesmo com toda a interferência do clima, o Estado ainda mantém a estimativa de produção em 10,78 milhões de toneladas de milho na segunda safra, volume levemente maior que o da safra passada, quando foram colhidas 10,36 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A área semeada neste período foi de 1,91 milhão de hectares, também levemente maior que a do ciclo 2013/14, quando foram destinados para o grão 1,89 milhão de hectares.

Mas a grande preocupação agora é com a qualidade dos grãos, que só será revelada quando as colheitadeiras voltarem a operar. Edmar Gervásio, técnico do Deral, afirma que são necessários três dias de sol forte para que as máquinas voltem a entrar em campo. “Dificilmente teremos perdas de produção, mas já há um indicativo de queda na qualidade”, observa o técnico.

Gervásio salienta que grãos de menor qualidade são descontados na hora da venda. Em relação aos preços de mercado, o especialista observa que o clima não interfere no valor da commodity, que é balizado na lei da oferta e da demanda. Por enquanto, segundo o último relatório do Deral, 93% das áreas de milho estão em boas condições, 6% estão com indicativo de perda na colheira devido a tombamentos e 1% foi considerado ruim, ou seja, perda total de produção.

Consequências do clima

A situação na propriedade de Otávio Dalogo, produtor na região de Maringá (Norte), está crítica. A sua área já pode ser enquadrada nos 6% do Estado que estão com indicativo de perdas. As recentes chuvas, acompanhadas com ventos fortes e até mesmo com a ocorrência de granizos nos últimos dias, acamaram boa parte dos 360 hectares plantados com o grão. Com isso, lamenta Dalogo, não há como a colheitadeira recolher as espigas, já que estão abaixo da barra de corte da máquina. “Além disso, a qualidade está muito ruim e muitas espigas estão apodrecendo no chão”, destaca o produtor.

Neste ano, o produtor estima colher em torno de 16 sacas por hectare nos talhões afetados pelas chuvas fortes. Nas áreas não afetadas, a estimativa sobe para 75 sacas por hectare. Na safra passada, a média de produção na área do produtor foi de 145 sacas por hectare. Devido às intempéries, o agricultor afirma que será obrigado a acionar o seguro porque a situação está muito difícil. Dalogo completa que só saberá calcular os prejuízos no final da colheita. O retorno financeiro neste ano, estima ele, deverá ser menor, reflexo da baixa qualidade da sua produção.

Robson Mafioletti, coordenador técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), recorda que a colheita estava indo muito bem até umas duas semanas atrás. Mas, com as chuvas, tudo parou. Para o especialista, ainda é cedo para falar em perdas. Mafioletti completa que os prejuízos só poderão ser contabilizados quando as máquinas voltarem a campo, o que pode ocorrer ainda nesta semana.

Fonte: Folha de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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