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Manejo integrado de pragas traz lucro ao produtor

Em áreas de estudo, primeira aplicação de inseticida ocorreu após 50 dias, o dobro do tempo usual

Os resultados que o manejo integrado de pragas (MIP) aplicado em 46 propriedades produtoras de soja do Norte, Oeste/Sudoeste do Paraná, na safra 2013/14, estão disponíveis agora para que agrônomos e extensionistas de todo Brasil consultem. O documento “Resultados do Manejo Integrado de Pragas na Safra 2013/14 no Paraná”, editado pela Embrapa e Emater, foi lançado na semana passada, no encerramento de um treinamento de MIP para cerca de 100 agrônomos na Embrapa Londrina.

O estudo avalia o impacto da utilização no MIP em Unidades de Referência (URs), conduzidas pela Emater-PR. E um dos dados surpreendentes que traz é a comprovação do prolongamento no tempo decorrido até a necessidade da primeira aplicação de inseticidas. “Nas áreas em que se praticou o MIP, os produtores fizeram a primeira aplicação de inseticida com mais 50 dias, enquanto que a média onde não se pratica o MIP é de 25 dias”, diz o pesquisador Osmar Conte, da área de transferência de tecnologias da Embrapa, um dos autores do estudo.

Esse fato, segundo o agrônomo do Emater e mestre em Entomologia Fernando Teixeira de Oliveira, que também participou do estudo, é muito interessante para o ecossistema como um todo. “Com primeira aplicação tardia, após a fase de florescimento da soja, já não causa prejuízos à polinização e às abelhas”, aponta.

Segundo Conte, a prática também levou a uma maior economia nos custos da produção. “Em áreas tradicionais, sem MIP, as aplicações podem chegar a cinco, em média. Com MIP, foram necessárias 2,5 aplicações”, aponta. De acordo com ele, essa economia equivale a 2,5 sacas de soja por hectare. “Não é que o produtor produziu mais, mas deixou de gastar. Menos custos é igual mais lucro”, aponta. Além disso, segundo o pesquisador, há o ganho ambiental, com menos veneno no meio ambiente, o que o torna mais saudável para o produtor e mais equilibrado. “É o onde entra o controle biológico natural, que é muito melhor para todos”, diz.

Para os pesquisadores, a oportunidade de publicar dados científicos que possam ajudar produtores de outros estados é muito interessante. “Com o estudo, mostramos que é possível implantar boas práticas com grande vantagem para a produção”, explica Oliveira.

O manejo integrado de pragas, segundo o pesquisador da Emater, foi introduzido no Brasil em 1975, quando verificou-se que, para resolver problemas das pragas da soja, os produtores faziam de seis a sete aplicações de agrotóxicos. “Passou-se o tempo, a prática caiu em desuso, voltou-se ao mesmo cenário de 75, com o uso absurdo de inseticidas. A publicação é para ajudar a disseminar a prática, tentar refazer uma forma de cultivo mais sustentável”, aponta.

O coordenador do projeto grãos do Emater-PR, Nelson Harger, explica que o treinamento realizado com os agrônomos vai ampliar as ações do MIP no Estado, dentro do programa Plante Seu Futuro, de boas práticas de manejo rural, lançado no ano passado. “As informações qualificadas vão fazer com que eles auxiliem os produtores nas tomadas de decisão referentes ao manejo de pragas no sistema da produção em que a soja participa”, explica.

O estudo sobre o MIP pode ser adquirido diretamente na Embrapa, pelo telefone (43) 3371-6119 ou pelo email cnpso.vendas@embrapa.br

Fonte: Jornal de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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