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Liderança e respeito à carne bovina

O Brasil inicia neste mês uma verdadeira peregrinação pelos países que levantaram embargos à carne bovina brasileira depois do polêmico, mal entendido e mal interpretado caso da ‘vaca louca’, em dezembro do ano passado. A ofensiva dos técnicos e negociadores do Ministério da Agricultura (Mapa) é contra os 11 países que insistem em manter suspensas as importações, apesar das inúmeras explicações, comprovações e garantias do governo brasileiro e de autoridades sanitárias internacionais, como a Organização Internacional de Epizootias (OIE), de que a enfermidade não se manifestou no rebanho nacional.

A missão do Mapa talvez seja uma das mais amplas da história da pasta, a considerar o número de profissionais a campo e de maneira simultânea, em regiões tão distintas e tão distantes, focados em um mesmo tema: o respeito ao Brasil e o reconhecimento à condição sanitária do seu rebanho. Os técnicos vão ao Japão e China, à Arábia Saudita, Bahrein, Catar e Omã, além de Egito, Jordânia, Líbano, Kuwait e África do Sul. No discurso das comitivas, os números que reafirmam a liderança do Brasil no comércio mundial do setor. Mesmo com as restrições, as exportações de carne bovina em janeiro foram de US$ 409,2 milhões, uma variação de 36% sobre o mesmo período de 2012. Já os negócios no mercado internacional de bovinos vivos não apenas cresceram como dobraram no período, com variação de 104,2%, somando US$ 65,2 milhões, conforme dados apresentados pelo Mapa.

O que motivou os embargos foi um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em um animal morto há pouco mais de dois anos no Paraná. Os exames mostraram que o agente causador da doença realmente estava presente no animal. Mas também revelaram que a doença nunca se manifestou. A demora entre a morte do animal e o resultado final dos exames realmente causou desconfiança e certa insegurança. O episódio, porém, foi devidamente esclarecido. O caso foi tornado público justamente para reforçar que o gado brasileiro estava protegido e que neste tipo de ocorrência a transparência é condição na relação com o cidadão e a opinião pública.

Mesmo não havendo o que temer, sob o argumento da prevenção, algumas nações tomaram uma decisão quase que por impulso, em nome do cuidado com a saúde pública e segurança alimentar. Até aí, tudo bem. O que não para aceitar é que quase três meses depois as restrições ainda permanecem. Isso depois de todos os esclarecimentos possíveis e necessários, técnicos, políticos e sanitários. O que leva a crer que os embargos assumem caráter e conotação econômica. Pratica comum, mas altamente combatida, as barreiras sanitárias são usadas na proteção dos mercados internos em detrimento dos fundamentos que regem as boas práticas do comércio internacional.

Em um país com as dimensões do Brasil, a sanidade animal será sempre um desafio, seja pelos milhares de quilômetros de fronteiras ou então pelo efetivo e estrutura de fiscalização, que nunca será o bastante. Casos como essa polêmica da vaca louca ou então dos focos de febre aftosa comunicados também no Paraná, em 2005, de fato expõem a fragilidade do sistema. Mas uma fragilidade natural, típica de questões sanitárias. A segurança, por mais cuidadosa e estruturada que seja, nunca será 100%. Por isso a necessidade do sempre alerta, da vigilância perene, permanente e inteligente, que possa ir além do animal, monitore a cadeia produtiva e invista em prevenção, precaução, educação e qualificação, dentro e fora da porteira. E não estou dizendo que isto não está ocorrendo. Mas que deve ser reforçado.

Giovani Ferreira
Gazeta do Povo Online

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