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Liberação de crédito rural sofre queda e frustra expectativas

Redução de 10,8% na busca por crédito para agricultura empresarial surpreendeu financeiras. Estiagem e redução nos investimentos são apontadas como causa para recuo

O ano safra 2014/2015 registrou um crescimento médio de procura por financiamento agrícola de 1,7% na região de Londrina. O porcentual está abaixo da meta estimada pelo Banco do Brasil, o maior liberador de crédito rural no País. Segundo dados da superintendência regional da instituição, os produtores de 36 cidades da regional de Londrina somaram juntos R$ 523,2 milhões em financiamentos agrícolas nesta safra contra R$ 514,3 milhões na safra passada.

A grande surpresa foi a agricultura empresarial, que teve uma queda de 10,8% na liberação de crédito, passando de R$ 296,5 milhões em 2013/14 para R$ 264,6 milhões nesta safra. Segundo o superintendente regional do Banco do Brasil, Márcio Antônio de Almeida Mello, o resultado dos primeiros seis meses do ano-safra ficou próximo da meta de desembolso da instituição para o crédito rural, embora ele não tenha dito qual era a expectativa. “Mas houve alguns fatores que atrapalharam a captação. Um deles foi a estiagem do início de 2014 que, embora localizada, prejudicou a capitalização de uma boa parte dos produtores da região.”
A seca do início da safra atual também atrapalhou, diz Mello, porque muitos ficaram esperando a chuva para se arriscar a plantar, o que atrasou e, em muitos casos, cancelou o plantio do milho safrinha. “Muitos optaram por não fazer a safrinha e isso significa menos dinheiro liberado.” Já no caso da agricultura empresarial, Mello acredita que houve menor busca de dinheiro para investimentos. “Nas duas últimas safras houve uma grande venda de máquinas agrícolas. Agora parece que estão segurando um pouco.”

Para a agricultura familiar e o produtor médio, no entanto, a liberação de crédito aumentou, apontam dados do Banco do Brasil. A primeira saltou 18,7%, passando de R$ 81,7 milhões na safra 2013/2014 para R$ 97 milhões nesta safra. Crescimento semelhante ocorreu no volume de crédito liberado para o produtor médio, que saltou de R$ 136,1 milhões na safra anterior para R$ 161,7 milhões em 2014/2015 – alta de 18,8%.

Para o diretor do Sindicato Rural de Londrina e produtor rural Mylton Casaroli Júnior, menos dinheiro liberado não significa menos produção. “Hoje, o produtor tem outras opções para fugir do crédito dos bancos, como buscar financiamento à base de trocas, com cooperativas ou até com empresas de insumos.” Alguns até, segundo ele, podem ter fugido do financiamento por estar capitalizados, “embora sejam mais raros”.

Cooperativas de crédito podem ter sido um dos destinos dos produtores. Só a regional do Sicredi em Londrina, que compreende Norte e Noroeste do Estado, teve um crescimento de 18% na captação de crédito agrícola em 2014. Só para a safra 2014/2015 foram liberados cerca de R$ 525 milhões, sendo 40% desse valor só para a região de Londrina. “Nós somos hoje o terceiro maior repassador de crédito do Brasil e só estamos em 11 estados. E nosso associado é basicamente o pequeno e médio produtor”, diz o diretor executivo da regional do Sicredi Rogério Machado.

Os valores levantados até agora pela instituição, ressalta Machado, não incluem os créditos liberados para a produção de milho, cuja procura deve ser fortalecida em fevereiro. “Isso deve injetar mais uns R$ 120 milhões de crédito rural”, aponta.

Fonte: Jornal de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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