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“Freio puxado” trava emprego formal

Empresas seguem contratando mais que demitindo, mas o saldo das admissões recuou 25,9% em relação ao primeiro semestre de 2011

Indústria brasileira sente a pressão do esfriamento da economia internacional e puxa o índice que mede a expansão dos postos de trabalho para baixoIndústria brasileira sente a pressão do esfriamento da economia internacional e puxa o índice que mede a expansão dos postos de trabalho para baixo

A criação de empregos formais no Brasil recuou 25,9% no primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo de admissões e desligamentos de janeiro a junho deste ano chegou a 1,05 milhão de vagas. No ano passado, foram criadas quase 400 mil vagas de trabalho a mais de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O desempenho deste ano é o pior registrado desde 2009.

A avaliação de especialistas é de que a queda no número de novas vagas reflete o fraco desempenho da economia interna e externa. "O saldo de empregos formais está em desaceleração desde o começo do ano por causa da queda da atividade econômica de forma geral", explica Cristiane Quartaroli, economista do Banco Votorantim.

Governo faz análise otimista e nega retração

O Ministério do Trabalho fez uma análise otimista dos números divulgados ontem, alegando que os registros mostram expansão menor, mas efetiva, nos oito setores da economia. Para isso, destacou números absolutos, como o total das contratações de junho, que chegou a 1.732.327. Esse seria o segundo maior número para esse mês. Os desligamentos, no entanto, chegaram a 1.611.887, a maior marca para o período.

Segundo o governo federal, nos últimos 12 meses, houve um crescimento de 4,08% no nível de emprego, com o acréscimo de 1.527.299 postos de trabalho. Num período maior, de janeiro do ano passado até junho deste ano, o crescimento teria atingido 8,54%. Esse índice representa a abertura de 3.064.257 vagas.

Setores

Para o Ministério do Trabalho, o setor de serviços não se deixou abater pela crise e gerou 469.699 novos postos de trabalho, com expansão de 3%. O setor de ensino teria aberto 86.517 novas vagas (+6,35%) e o de serviços médicos e odontológicos, 60.339 (+3,80%). A construção civil seguiu em alta com 205.907 novos postos de trabalho (+7,13%) – segunda maior taxa de crescimento entre os setores, para o período.

A maior taxa de crescimento do total de empregos formais foi registrada na agricultura. O setor criou 135.440 empregos, garantindo expansão de 8,69%. O comércio, por outro lado, abriu apenas 56.122 vagas ( +0,66%), enquanto a indústria formalizou outras 134.094 (+1,64%) em âmbito nacional.

Ela aponta a indústria como a maior responsável pela retração no saldo líquido do emprego, que ficou abaixo das estimativas do começo do ano. De acordo com o Caged, no Brasil, o total de empregos criados neste setor foi 48,7% menores nesse ano do que em 2011.

Comércio e agropecuária também tiveram fraco desempenho, gerando cerca de metade das vagas que foram criadas no ano passado. Nesses três setores, a diferença de vagas geradas na comparação com 2011 foi de 320 mil.

O fraco desempenho da indústria tem sido alvo de uma série de medidas do governo federal, que cortou impostos, desonerou a folha de pagamento e reduziu os juros. Até o momento, as medidas não foram suficientes para fazer a indústria deslanchar. De janeiro a maio, a produção industrial caiu 3,4% ante o mesmo período de 2011.

O economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, explica que o desaquecimento da economia chegou com certo atraso ao mercado de trabalho. "A produção e a confiança do empresário foram atingidas mais rapidamente pela crise do que o emprego, mas naturalmente ele seria afetado mais cedo ou mais tarde", afirma.

Para ele, os dados do emprego formal devem continuar ruins no próximo trimestre. "Já a médio e longo prazos devemos observar os efeitos das políticas monetárias, com uma recuperação da economia no fim do ano e início de 2013", avaliou.

Na avaliação de Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria Integrada, o resultado do Caged está alinhado com a atividade econômica do país. "Não tem nada de grave. O Produto Interno Bruto (PIB) está parado há algum tempo, a indústria não cresce. Você segura um pouco as contratações", afirmou.

Salário maior

Por outro lado, o salário médio de admissão no primeiro semestre do ano supera em R$ 56 o valor pago no mesmo período de 2011. Considerada a inflação, o ganho real ao trabalhador corresponde a 5,9%.

Nos primeiros seis meses deste ano, os trabalhadores têm sido contratados por um salário médio de R$ 1.002. No ano passado, o valor era de R$ 946.

No Paraná, queda na geração de vagas é menor

A geração de empregos caiu 25,9% em âmbito nacional e apenas 9,8% no Paraná na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2011. O saldo estadual de novas vagas passou de 98 mil para 89 mil.

Essa diferença deve-se a uma melhor performance nos setores em situação mais crítica. Em âmbito nacional, indústria, comércio e agropecuária geraram neste ano metade das vagas criadas em 2011. No Paraná, a indústria estadual contratou 21% menos, o comércio -6% e a agropecuária manteve o ritmo de admissões.

O mercado de trabalho no setor de serviços, que mais emprega no Brasil, também foi mais animador no Paraná. Criou-se 100 mil vagas a menos em âmbito nacional (-16% em relação à primeira metade de 2011). No estado, esse índice foi de 1,7%.

O economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, explica que o desempenho paranaense na geração de empregos acima da média nacional é histórico. "É comum ter um resultado um pouco melhor. No entanto, o câmbio e o otimismo do empresariado favoreceram a queda menos intensa."

De acordo com o Dieese, os principais subsetores que seguraram o desempenho local foram o dos hotéis e restaurantes, o do comércio varejista e o da indústria de alimentos e bebidas. Com os quase 90 mil novos empregos, o número estimado de trabalhadores com carteira assinada no Paraná chegou a 2,6 milhões.

Gazeta do Povo Online – Curitiba/PR – ECONOMIA

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