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Fórum Nacional de Agronegócios

Primeira de quatro palestras dirigidas a produtores rurais foi promovida na noite de terça-feira, com 300 participantes, em Maringá. Alexandre Mendonça de Barros, da empresa de consultoria MB Associados, de São Paulo, analisou a economia do país e as perspectivas para o mercado de commodities agrícolas

O cenário macroeconômico do Brasil tem se deteriorado e até mesmo o agronegócio, setor que vem sustentando a economia do país nos últimos anos, viverá a partir de agora um período de incertezas. Esta foi, em síntese, a mensagem deixada pelo economista Alexandre Mendonça de Barros, da empresa de consultoria MB Associados, de São Paulo, aos cerca de 300 produtores rurais que participaram na noite de terça-feira (16), em Maringá, do Fórum Nacional de Agronegócios promovido pela Rádio CBN. Realizado no Restaurante Central do Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro, o evento é fruto de parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

INDICADORES – Falando sobre “Cenários e Tendências do Mercado de Commodities Agrícolas”, Barros lembrou inicialmente que os indicadores são de piora na economia brasileira em 2015, ante a perspectiva de que o Produto Interno Bruto (PIB) termine o ano registrando crescimento negativo de 1,5% (contra 2,7% em 2014), uma inflação de 8,7% (o índice fechou em 6,4% no ano passado), um déficit de US$ 73 bilhões na conta-corrente do país (ante US$ 91 bi no ano anterior) e uma dívida pública equivalente a 60% do PIB (praticamente a mesma de 2014).

REAJUSTES – “A inflação não cede devido ao represamento dos preços controlados dos combustíveis e da tarifa da energia nos últimos anos”, explicou o economista. Ele informou que o governo deve promover novo reajuste da energia nos próximos dias – agora de 14,62% – enquanto os combustíveis derivados de petróleo podem subir em torno de 10%. “A Petrobras voltou a sangrar por causa da inflação alta”, acrescentou, informando ainda que a taxa de desemprego tende a chegar a 10% até o final do ano.

CÂMBIO – Segundo Barros, os economistas estimam que por causa do forte ajuste fiscal e das constantes altas da Selic – atualmente em 13,75% – a inflação poderá cair para 6% ou até 5,5% entre o final de 2016 e início de 2017. No entanto, há um detalhe ainda a considerar nessa perspectiva, alertou: o câmbio. Se a inflação brasileira cair, o Banco Central tende naturalmente a reduzir a taxa de juros. Mas isto só acontecerá se os Estados Unidos, nesse ínterim, não subirem seus juros. Caso contrário, o dólar vai se valorizar frente ao real, alimentando novamente o espiral inflacionário.

PERDA – “Praticamente todas as principais moedas se desvalorizaram frente ao real nos últimos anos, mas o real foi a que mais perdeu valor devido a grave situação econômica do país”, acrescentou.

QUEDA – Em relação ao mercado de commodities agrícolas, o economista explicou que os preços apresentaram queda real nos últimos cem anos, exceto em períodos pontuais – caso das duas Guerras Mundiais e, mais recentemente, entre 2008/2009, com a crise financeira internacional. “Portanto, os últimos seis anos de preços altos configuraram uma situação atípica”, declarou. Os estoques globais de alimentos estavam baixos e com a recomposição dessas reservas em 2013 e 2014, as cotações cederam. No caso da soja, o declínio de preços nos últimos doze meses foi da ordem de 35% na bolsa de Chicago, mas os produtores brasileiros acabaram não sentindo o impacto dessa queda em razão da escalada do dólar frente a moeda brasileira, praticamente na mesma proporção. No mesmo período, as perdas dos preços do milho e do trigo ficaram ao redor de 25%.

SAFRAS – Barros apontou que nos últimos seis anos a demanda mundial por alimentos cresceu e a oferta não acompanhou. Mesmo assim, a colheita de boas safras nos hemisférios norte e sul fazem com que os estoques, atualmente, sejam confortáveis. Na temporada 2015/16, a projeção é de uma safra global de soja ao redor de 312 milhões de toneladas, para um consumo de 309 milhões. Para complicar, os prognósticos são otimistas quanto a previsões de novas colheitas recordes de grãos tanto nos Estados Unidos, este ano, quanto na América do Sul, no ciclo 2015/16. A menos, é claro, que ocorram adversidades climáticas – e, com relação a isso, a incidência mais intensa nesta temporada do fenômeno “El Niño”, que aquece as águas do Pacífico Sul e gera intensa umidade, poderá ser decisiva. De acordo com o economista, as previsões são de muita chuva tanto no Meio-Oeste dos EUA quanto no Brasil e na Argentina,  os três principais produtores mundiais de soja, pela ordem. Ainda como efeito do “El Niño”, a Ásia, importante produtora de trigo, poderá ser castigada com estiagens.

SUPEROFERTA – Barros explicou que as cartas meteorológicas indicam a possibilidade de chuvas volumosas tanto na época de desenvolvimento das lavouras americanas, quanto na fase de colheita. O mesmo vale para as regiões produtoras da América do Sul. “Só uma quebra de produtividade das lavouras, em razão do excesso de chuvas, poderá alterar o cenário de superoferta que se desenha”.  Se isto não acontecer, “vai vir muita soja e milho”, finalizou.

O Fórum Nacional de Agronegócios CBN tem sua segunda palestra nesta quarta-feira, às 20h, no recinto Horácio Sabino Coimbra do Parque Internacional de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina. Nos dias 24 e 25, o evento acontece em Cascavel e Ponta Grossa.

Fonte: CBN – 17/06/2015

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