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Fazendas nas universidades: pesquisa e prática a céu aberto

No país que ocupa as primeiras colocações em rankings de exportação agrícola do mundo, 233 cursos superiores de Agronomia estão em funcionamento e apenas 19 deles obtiveram conceito máximo na última avaliação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Quatro estão no interior do Paraná. A qualidade das graduações, avaliada com base na performance dos alunos em provas, é reflexo do conhecimento adquirido durante o curso – aprendizado que depende de professores capacitados e do contato com a prática.

Nesse aspecto, as fazendas experimentais são primordiais para a formação de quem quer trabalhar no campo. Em um mesmo espaço, elas reúnem áreas de plantio e de criação de animais e laboratórios destinados a diversos tipos de pesquisa em que trabalham e estudam alunos de vários cursos, como Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária e Engenharia de Alimentos.

Os coordenadores dos quatro cursos de Agronomia paranaenses que se destacam entre os melhores do país – câmpus Pato Branco da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e câmpus Umuarama e Maringá da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – concordam que o bom desempenho de seus alunos deve-se ao corpo docente qualificado e à vivência nas fazendas-escolas.

"A prática é importante para o futuro deles. Quando o aluno vai a campo, ele vai firmar mais o conhecimento teórico que teve na aula. Todo engenheiro agrônomo deve fazer a experimentação", afirma a coordenadora do curso da UTFPR, Marlene de Lurdes Ferronato.

Conhecimento compartilhado com produtores

Gostar de mexer com a terra, saber trabalhar em equipe e ter paciência e metodologia são características essenciais para quem cursa Agronomia, o que é facilmente percebido ao visitar a fazenda-escola Capão da Onça, da UEPG, nos Campos Gerais. Nos 300 hectares (3 km²) divididos em quadras, centenas de alunos, professores e pesquisadores desenvolvem estudos ligados à agricultura e à pecuária. A distância de oito quilômetros do câmpus não impede que as atividades estejam interligadas.

Em um espaço reservado para o cultivo de trigo e cevada, por exemplo, trabalham estudantes de graduação e pós-graduação. "Cada um de nós desenvolve alguma pesquisa específica. Meu trabalho é sobre as plantas daninhas no cultivo do trigo. O trabalho em equipe é fundamental", afirma Jennifer Caroll Valdívia, aluna do 4.º ano.

Assim como em outras fazendas-escolas, o conhecimento gerado nas pesquisas costuma ser compartilhado com a comunidade local. "Temos todos os tipos de solo e todas as dificuldades que os agricultores da região conhecem bem. Isso nos ajuda bastante", afirma o coordenador Cláudio Puríssimo, que ressalta a interação em campo com os cursos de Ciências Biológicas, Zootecnia e Engenharia de Alimentos como um dos pontos fortes da fazenda.

Referência

O curso de Agronomia da UEPG é o primeiro no Brasil a ensinar o plantio direto na palha, uma técnica iniciada no Paraná na década de 1970. O método reduz a erosão do solo e ajuda na preservação de nutrientes importantes. Na fazenda-escola, a técnica é usada em diversas pesquisas, que avaliam inclusive os efeitos do material orgânico espalhado pelo solo.

Em outra área – simples e não muito grande -, uma técnica de ponta praticada na criação de cordeiros para o corte é referência para o país. Os estudos começaram há 25 anos e têm o objetivo de criar animais que cheguem ao ponto ideal de abate com apenas 90 dias de vida.

"É o chamado Sistema Intensivo de Produção de Cordeiro, que faz com que um animal mais precoce possa chegar ao mercado com boa qualidade e com um custo mais baixo", afirma o gerente de operações da área animal da fazenda, Isaltino Cordeiro dos Santos. "O que não gastamos com grandes estruturas é investido no melhoramento genético das raças e no bem-estar dos animais", complementa.

Jornal de Londrina – Londrina/PR

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