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Embrapa comemora bons resultados de testes de campo com feromônios no controle de percevejos-praga da soja

Testes de campo realizados pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) em Rondonópolis (MT), no período de janeiro a março de 2012, mostraram que a utilização de armadilhas à base de feromônios sexuais em lavouras de soja é uma boa estratégia para monitorar e controlar as populações de percevejos que atacam essa cultura, especialmente o percevejo marrom. A iniciativa é resultado do projeto Rede Nacional de Ecologia Química (Repensa), liderado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que reúne outras unidades da Embrapa, instituições brasileiras e internacionais com o objetivo de estudar a comunicação química entre seres-vivos (insetos, plantas e animais pecuários) e utilizar esses conhecimentos em prol do controle biológico de pragas agrícolas.

A organização do Projeto em rede permite o compartilhamento de conhecimentos e equipamentos entre grupos com diferentes especialidades, maximizando o potencial de cada grupo e permitindo o alcance de resultados de forma mais dinâmica e precisa. Graças à essa união de saberes, foram realizados os testes de campo no Mato Grosso. Nesses ensaios, armadilhas à base de feromônios desenvolvidas pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em parceria com a ISCA Tecnologias foram testadas pela Fundação MT na Fazenda Guarita na localidade de Rondonópolis com bons resultados.

Segundo a pesquisadora da Fundação MT, Lúcia Vivan, os testes de campo foram conduzidos em duas áreas de 25 hectares cada, sendo uma com as armadilhas à base de feromônios (oito armadilhas com distância de 200 metros entre elas) e a outra com a metodologia de amostragem chamada de "pano de batida".

O monitoramento realizado com as armadilhas de feromônios detectou população de percevejo marrom mais precoce e em maior número do que as amostragens realizadas com "pano de batida". Isso é um bom resultado para o monitoramento e controle dessa praga, explica Vivan. "Quanto antes detectarmos as populações de percevejos, mais cedo podemos iniciar o controle".

Os resultados obtidos pelos testes de campo mostraram que o controle mais precoce propiciado pela utilização de feromônios impacta diretamente a produtividade nas lavouras de soja, já que o percevejo marrom é uma das piores pragas dessa cultura no Brasil. O inseto se alimenta diretamente nos grãos, causando sérios prejuízos no rendimento e na qualidade das sementes, como baixo vigor e menor teor de óleo.

Segundo a pesquisadora, a área com as armadilhas apresentou maior produtividade e menor quantidade de sementes danificadas. Ela explica que em 2013, outros testes serão feitos em novas áreas no estado do Mato Grosso.

Embrapa investe em pesquisas com feromônios desde a década de 90

O Laboratório de Semioquímicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, liderado pelo pesquisador Miguel Borges (foto acima), desenvolve estudos com os semioquímicos (feromônios e cairomônios) das diferentes espécies de percevejos da soja desde 1990 para controle e monitoramento de percevejos que atuam como pragas na cultura da soja no Brasil.

Os feromônios são os mais importantes elementos da comunicação entre os insetos. São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em cada espécie, que atuam como meios de comunicação. Na natureza, os feromônios são responsáveis pela atração de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, demarcação de território e outros tipos de comportamento. Os cientistas reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para monitorar o comportamento dos insetos-praga e interromper a sua reprodução.

A soja é uma das principais culturas agrícolas do Brasil, com uma produção de 68 milhões de toneladas, envolvendo 16 estados e uma área superior a 23 milhões de hectares. O percevejo da soja é uma das pragas mais nocivas a essa cultura de norte a sul do Brasil e também em outros países, como Argentina e Estados Unidos.

Hoje a tecnologia existente para monitoramento e identificação da presença de percevejos nas lavouras de soja é a técnica do pano de batida, que além de exigir mão-de-obra qualificada, demanda tempo dos técnicos envolvidos no monitoramento e, por isso, não é muito utilizada pelos produtores, especialmente em plantios extensivos.

As armadilhas desenvolvidas a partir de feromônios facilitam o monitoramento dos percevejos nas lavouras de soja, pois as capturas são especificas à praga-alvo, exigindo somente que o produtor conte o número de insetos. "O que se espera no futuro é que o produtor espalhe as armadilhas na área cultivada e faça inspeções semanais em busca de percevejos. Sempre que o número de insetos alcançar uma quantidade pré-determinada, a aplicação de inseticida será recomendada, de forma a aumentar a efetividade do controle e, o mais importante: diminuir o número de aplicações de pesticidas, o que protege o bolso do agricultor e o meio ambiente", afirma o pesquisador Miguel Borges, que também é coordenador da Rede.

Segundo ele, a Embrapa e a ISCA Tecnologias vão investir em novos testes de campo na próxima safra da soja, visando não apenas ao monitoramento, como também ao controle da população de percevejos com a utilização de feromônios nas diferentes regiões produtoras. "O processo consistirá em concentrar a população de percevejos em uma determinada área, denominada área ou cultura armadilha, na qual serão aplicadas medidas de controle", explica Borges.

Rede Repensa vai resultar em banco de semioquímicos à disposição da pesquisa agropecuária brasileira

O objetivo final da Rede Repensa, de acordo com o pesquisador, é organizar um banco de semioquímicos, proteínas e genes envolvidos na comunicação química de plantas, animais e insetos, para tornar mais eficiente o processo de desenvolvimento de tecnologias baseadas nessas moléculas. Por isso, as pesquisas estão sendo realizadas em nível básico — para compreender os mecanismos naturais de interação inseto-inseto, inseto-planta e inseto-mamífero — e em nível aplicado, como o teste de campo de Rondonópolis, entre outras ações em conjunto entre as instituições envolvidas.

Segundo o pesquisador, os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e os botânicos. No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro. "Com esse Projeto, esperamos contribuir para a sustentabilidade da agricultura no Brasil", finaliza Borges.

Participam da Rede as seguintes unidades da Embrapa – Pecuária Sul; Arroz e Feijão; Pecuária Sudeste; Amazônia Ocidental e Clima Temperado — as universidades: Estadual de Mato Grosso (Unemat); de Brasília (UnB); Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Federal de Lavras (UFLA); Federal de São Carlos (UFSCar); Federal de Goiás (UFG), além de instituições brasileiras – Fundação MT; Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) na Bahia; Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) – e internacionais: USDA/ARS-Chemicals, Affecting Insect Behavior Laboratory e Rothamsted Research-Chemical Biological Group.

FONTE
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Fernanda Diniz – Jornalista
 

DETI

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