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Divórcio do feijão com o arroz

Problemas climáticos prejudicam produção da leguminosa e fazem preços das variedades de cor e preto dispararem no mercado, o que tende a reduzir o consumo do brasileiro

O casal mais tradicional do prato do brasileiro deve se divorciar nos próximos meses. Os problemas climáticos recentes enfrentados pelos produtores de feijão e a redução da área plantada fizeram com que os preços disparassem, o que deve levar a uma redução no consumo. O custo médio da saca de 60kg da variedade de cor, que deveria girar em torno de R$ 140, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), fechou ontem no Paraná em R$ 368,32. Ainda, o valor da saca do feijão preto, que deveria estar próximo de R$ 120, estava em R$ 177,25, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).

O Paraná é o maior produtor de feijão do País e sofreu com o excesso de chuvas no início da segunda safra, com a seca em abril, além de frio e da umidade nas últimas semanas. Com 98% da colheita já concluída, a produção ficou em 318 mil toneladas, de 400 mil previstas inicialmente, uma queda de 20,5%, informa a Seab. “A quebra começou já no segundo semestre do ano passado, então a redução é maior”, conta o engenheiro agrônomo da secretaria Carlos Alberto Salvador.

Na média das três safras no Estado, a redução na produção é de 18%, diz Salvador. Ele considera que o cenário de preço alto e pouca oferta do produtor deva continuar. “Pode ser que tenhamos aumento das importações, mas a maioria do produto que entra é feijão preto, então deve ocorrer queda no consumo.”

No País
Com a menor área plantada e quebras anteriores, o estoque de feijão no País estava baixo, o que contribuiu para a disparada dos preços. O Brasil entrou na safra 2014/2015 com 303,8 mil toneladas em sobras, quantidade que caiu para 108,9 mil para os 12 meses seguintes, segundo a Conab.

Outro problema é que a melhor rentabilidade da soja fez com que a área plantada de feijão diminuísse. Professor de economia rural do Centro Universitário FAE e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugenio Stefanelo afirma que a primeira safra nacional diminuiu de 1,053 milhão de hectares em 2014/2015 para 970 mil em 2015/2016, ou menos 7,9%. A variação negativa foi semelhante à da produção, de menos 8,9%, ao passar de 1,131 milhão de toneladas para 1,030 milhão.

No entanto, a diferença na segunda safra é maior. A redução na área plantada foi de 0,7%, ao passar de 1,318 milhão de hectares para 1,308 milhão, enquanto a produção caiu 9,6%, de 1,131 milhão de toneladas para 1,022 milhão. “A segunda safra sofreu mais com o clima, com seca no Brasil Central e excesso de chuvas no Sul”, conta Stefanelo.

Ele afirma que o maior problema é a falta de feijão de cor de qualidade no mercado. “Para baixar de preço no supermercado, só na próxima safra de verão e se houver aumento da área plantada. E o feijão que é plantado agora só será colhido em dezembro”, diz o economista.

Para ele, entretanto, existe intenção de produtores paranaenses em aumentar a área plantada para aproveitar a alta dos preços. Nos supermercados, ele estima em até R$ 10 o preço do quilograma do feijão de cor, ou carioca.

Outro molho
A previsão de importação para a safra atual é de 150 mil toneladas, ante 156,7 mil na anterior. Portanto, a tendência é que o brasileiro acabe mesmo por comprar menos feijão diante da alta de preços. O consumo anual do País foi de 3,350 milhões de toneladas na safra 2014/2015, de acordo com a Conab. Com a alta de preços, o montante deve ficar em 2,950 milhões na atual, ou 11,9% a menos. “Podemos dizer que o feijão se divorciou do arroz por enquanto, porque ficou caro e o pessoal está apelando para um frango em molho para molhar o arroz, que é mais barato”, brinca Stefanelo.

Fonte: Folha de Londrina – 14/06/2016

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