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COMMODITIES – Informe Diário

Acompanhe a análise econômica sobre a soja, milho, trigo e café

Por: Tânia Moreira, economista do Departamento Técnico e Econômico da FAEP.

SOJA TEM O MENOR PREÇO EM US$/BUSHEL DESDE FEVEREIRO, MAS ELEVADO PREÇO DEVIDO AO REAL:

O contrato de março na última sexta-feira (13) registrou queda (-1,85% diante do dia anterior e -2,6 em relação à média de fevereiro) fechando no valor de US$ 9,68/bushel. Apesar disso, o preço em reais registrou cotação máxima em relação aos dias anteriores, R$ 69,38/saca em relação ao contrato de março da CBOT. O preço de compra em Paranaguá fechou em R$ 71,00/saca.

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O contrato de maio da CBOT também registrou o menor valor desde 11 de fevereiro.

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A valorização do dólar que tira a competividade da soja americana e a significativa queda no preço do petróleo (-4,16%) na última sexta-feira exerceram influência sobre o preço da oleaginosa, reduzindo-o.

Além disso, o aumento das vendas considerando safras recordes na América do Sul, também contribui para preços menores. Segundo dados da Consultoria Safras e Mercados o percentual comercializado de soja da safra 2014/15 no Brasil até o dia 13 de março foi de 43% diante dos 57% comercializados na safra 2013/14 e 62% comercializados na safra 2012/13 na mesma época do ano. No Paraná o percentual comercializado foi de 27% contra a média de 42% das últimas duas safras. No Mato Grosso o percentual foi de 58% contra a média de 73%.

O atraso na colheita, quase já recuperado, e a expectativa de alguma melhora no preço em Chicago, apesar das variáveis fundamentais (estoques elevados, produções recordes, etc) indicarem o contrário, sustentando uma queda, são apontados pelos analistas como o principal fator para explicar um ritmo de comercialização mais lento.

Ainda segundo dados da Safras e Mercados o percentual colhido da safra brasileira de soja até a última sexta-feira era de 48% contra a média de 53% das duas últimas safras anteriores. Sendo 55% no Paraná contra a média de 62% e 79% no Mato Grosso, contra a média de 81%.

Do lado fundamental os dados são de produções recordes, com demanda elevada historicamente, mas estoques elevados também.

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Nesta segunda-feira (16) a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja para fevereiro ficou em 147 milhões de bushels, o que é cerca de 10% abaixo do número do ano passado em fevereiro.

MILHO MENOR COTAÇÃO NA CBOT DESDE FEVEREIRO:

Os contratos do milho também seguiram tendência de queda, perdendo o contrato de março na CBOT 2,15% em relação ao dia anterior e 2,63% em relação a fevereiro.

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O sentimento é de que os últimos dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com exportações americanas mais fracas na semana encerrada em 05 de março continuam pressionando os preços em Chicago.

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No Brasil, segundo dados da Consultoria Safras e Mercados, o percentual colhido de milho verão é de 35% contra os 50% colhidos na safra anterior na mesma época do ano.

No Paraná a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) informou que até 09 de março o percentual colhido de era de 45%, destacadamente nos núcleos regionais de Toledo (100%), Cascavel (100%), Francisco Beltrão (92%), Umuarama (90%), Campo Mourão (85%) que já tem praticamente o plantio do milho safrinha encerrado.

No Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) o percentual de plantio do milho safrinha é de 98,5% contra os 97,7% da safra anterior, no mesmo período.

Segundo informações da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) a produção de milho safrinha tem estimativa de produção de 48,4 milhões de toneladas com aumento de 0,2% em relação à safra anterior. No Paraná a produção deve totalizar 10,2 milhões de toneladas com aumento de 3% segundo dados da SEAB.

Do lado fundamental os números são de produção, consumo e estoques elevados.

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O mercado aguarda os dados da área a ser plantada na próxima safra dos Estados Unidos que serão divulgados a partir do final do mês.

No último relatório do USDA de março o estoque mundial foi reduzido

TRIGO EM QUEDA COM PERDA DE COMPETITIVIDADE DO PRODUTO AMERICANO:

Os contratos futuros do trigo na CBOT encerram a sexta-feira em queda, seguindo as cotações da soja e milho, com a queda de competividade do cereal americano.

Os últimos dados do USDA de produção mundial menor e estoques mundiais menores no relatório de março não foram suficientes para conter a queda dessa sexta-feira.

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No Paraná o percentual comercializado de trigo da última safra é de 75% segundo dados da SEAB o que é 18% inferior em relação ao percentual comercializado na safra passada, considerando o mesmo período.

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As importações do cereal até fevereiro foram de 3,048 milhões de toneladas considerando as importações do ano comercial (ago-jul), o que é 27% inferior ao importado no mesmo período do ano anterior. Estas importações foram 41% provenientes dos Estados Unidos e 33% da Argentina, ampliando-se as importações da Argentina à medida que o dólar se valorizava.

A Conab em seu último levantamento de grãos do mês de março reduziu os estoques finais brasileiros de trigo da safra 2014 para 392,2 mil toneladas, o que 58% inferior ao estoque final de 2013, ressaltando que esta quantidade para o estoque equivale a 41,2% do que é utilizado pela indústria em um mês. O consumo brasileiro também foi revisado, sendo reduzido de 12,209 para 11,809 milhões de toneladas.

A Consultoria Safras e Mercados estima um estoque final de 1,470 milhão de toneladas o que seria 20% inferior ao ano comercial anterior.

A necessidade de importações até o final do ano comercial de 2014 é de 6,650 milhões de toneladas o que é apenas 0,11% superior ao total importado em 2013, segundo a Conab. O que é afetado pela valorização do dólar, encarecendo o produto importado e favorecendo o produto nacional, valorizando-o e aumentando o interesse dos moinhos.

Por outro lado a disponibilidade no MERCOSUL é maior. O USDA manteve uma produção maior na Argentina em seu último relatório. A previsão é 12,5 milhões de toneladas contra a média de 9,9 milhões de toneladas das duas safras anteriores. Com isso a exportação prevista é de 6,5 milhões de toneladas (contra os 6,15 milhões de toneladas do relatório de fevereiro do USDA) contra a média dos 2,8 milhões de toneladas exportados nos dois anos anteriores.

O preço médio do trigo recebido pelos produtores segundo a SEAB é de R$ 31,75/saca o que está abaixo do preço mínimo de garantia da PGPM de R$ 33,45/saca e abaixo da média do custo variável calculado pela Conab para a última safra, R$ 37,29/saca e R$ 41,60/saca para o custo operacional.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP indicam que os preços médios atuais não cobrem o custo operacional de produção, de forma que essa relação será fundamental para decisão de plantio da próxima safra.

O levantamento de preços pagos pelos produtores da SEAB informou preços maiores de insumos comparando o mês de fevereiro de 2015 ao mesmo mês de 2014. Os preços dos adubos ficaram pelo menos 5% mais caros, inseticidas +7,9%, herbicidas e fungicidas +5,0%, óleo diesel +10,9%, mão-de-obra permanente +11,2%.

A SEAB, em suas estimativas iniciais, projeta uma área apenas 2% menor para o trigo na safra 2015, o que retornaria uma produção cerca de 8% maior, dado incrementos na produtividade.

CAFÉ MANTÉM BAIXAS, MAS FUNDAMENTOS BRASILEIROS PODEM ABRIR ESPAÇO PARA ALTAS:

Os preços do café na Bolsa de Nova Yorque mantiveram quedas para o café arábica, considerando a forte valorização do dólar.

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Apesar disso o levantamento da Fundação Procafé encomendado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) divulgado na última quinta-feira (12) forneceu dados de uma safra nacional abaixo do esperado. Enquanto a Conab estimou em seu último levantamento (jan/15) uma produção de 46,6 milhões de sacas, a Fundação Procafé revisou o número para 40,3 a 43,25 milhões de sacas. Sendo que a produção de arábica seria em um intervalo de 30 a 32 milhões de sacas e conilon de 10,3 a 11 milhões de sacas. O número é 6,25% inferior (no limite inferior) ao número da Conab para o arábica e 14% inferior para o conilon. Com estes dados os estoques brasileiros de café seriam reduzidos dando nova sustentação aos preços do café.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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