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Ciência impulsiona avicultura brasileira

O setor se consolidou a partir dos anos 70 ao combinar inovação tecnológica constante com empreendedorismo

Estudo feito pelo pesquisador Dirceu Talamini, da Embrapa Suínos e Aves, em parceria com o cientista Antônio Pinheiro, da Universidade Évora, Portugal, mostrou que entre 1982 e 2010 a pesquisa científica foi responsável por 20,8% do progresso técnico do setor. O sucesso da produção brasileira de frango de corte, que tem crescido mesmo num momento em que a economia nacional enfrenta uma crise, deve-se também ao apoio da pesquisa científica e tecnológica. O setor se consolidou a partir dos anos 70 ao combinar inovação tecnológica constante com empreendedorismo.

Para entender como a inovação científica sustentou a consolidação da avicultura de corte, basta observar a relação entre consumo de ração, tempo da ave dentro do aviário e o peso na hora do abate. Esses itens foram base para a análise feita pelos pesquisadores Talamini e Pinheiro na hora de definir a contribuição das instituições de ciência e tecnologia na evolução da avicultura. Nos anos 70, um frango consumia 2,2 kg de ração durante 54 dias para atingir 1,8 kg no abate. Em 2013, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em média, cada frango abatido no Brasil consumiu 1,8 kg de ração durante 43 dias para atingir 2,5 kg.

A evolução da conversão alimentar foi possível devido os avanços em diversas áreas. A Embrapa, por exemplo, liderou nos anos 90 estudos sobre granulometria, que permitiram moer o milho e a soja na medida certa para melhorar o aproveitamento de nutrientes no intestino das aves. As contribuições para a garantia da sanidade dos rebanhos também foram importantes. A Embrapa adaptou métodos de diagnóstico de doenças para o País e também auxiliou no desenvolvimento de planos de proteção aos rebanhos nacionais diante de novas ameaças, como foi o caso do primeiro ciclo em escala global da gripe aviária, em 2006.

Além disso, a empresa desenvolveu produtos que são importantes para nichos de mercado. A poedeira colonial 051, por exemplo, fechou o ano passado com 5% do mercado nacional de poedeiras de ovos vermelhos. A ave da Embrapa atende principalmente pequenos produtores de todo o País.

Manter a associação entre avicultura de corte e ciência não tem apenas um viés empresarial, como explica o pesquisador Jonas Irineu dos Santos Filho: “A avicultura é muito importante pelo lado social também. Fiz um estudo em que relaciono Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e produção de frangos. Os dados mostram que onde a cadeia do frango tem representatividade, o IDH é alto”. Os dados da ABPA ampliam essa percepção. Segundo a associação, o setor reúne mais de 3,5 milhões de trabalhadores. Só no campo, a avicultura representa o sustento de 130 mil famílias.

Na contramão da crise

Entre janeiro e agosto de 2015, as exportações de frango de corte subiram 5,5%, de acordo com dados da ABPA. Já o faturamento do setor cresceu 25% nos oito primeiros meses de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Apesar das perspectivas negativas para a economia brasileira, havia o prognóstico de que se abriria um momento de resultados expressivos para a avicultura de corte. Como o Brasil tornou-se o maior exportador mundial de carne de frango em 2011, passando os Estados Unidos, a desvalorização do real favoreceu a abertura de mercados para o produto brasileiro. Segundo a ABPA, que coordena as principais indústrias do setor, o cenário positivo certamente continuará no primeiro semestre de 2016.

O vice-presidente de Aves da ABPA, Ricardo Santin, lembra ainda que o bom desempenho das exportações impactou positivamente os preços de produtos no mercado interno, como peito desossado e cortes de coxa e sobre-coxa. Para o pesquisador da área de Economia da Embrapa Suínos e Aves, Jonas Irineu dos Santos Filho, a avicultura de corte brasileira também tem se beneficiado de problemas sanitários enfrentados pelos Estados Unidos em 2015, quando os Estados Unidos registraram em maio um surto de gripe aviária, que atingiu 12 Estados.

Da tecnologia à organização

A produção de frangos de corte é cercada de tecnologia. Os aviários utilizam vários equipamentos para manter o ambiente controlado. Ao mesmo tempo, empresas de genética, laboratórios em todo o mundo e fábricas de ração buscam oferecer às aves saúde e conforto, além de sustentabilidade na produção. Há ainda investimentos em automação. Atualmente, apenas duas pessoas são suficientes para administrar um aviário com 30 mil frangos.

A anotação diária de dados nos aviários e a sua interpretação é fundamental para que o produtor tenha sucesso na atividade. A Embrapa Suínos e Aves também apoia os produtores em termos de organização da atividade. Um exemplo bem sucedido nesta linha é o Projeto Frango Aurora. Iniciado em 2012, o projeto melhorou a vida de 1,8 mil famílias integradas à Cooperativa Central Aurora, espalhadas por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, investindo na padronização de documentos e procedimentos de controle dentro do aviário.

Normalmente, esses estabelecimentos não possuíam documentos para comprovar a qualidade da produção. Foi daí que surgiu a ideia de organizar as granjas com documentos e controles que atendessem às normas nacionais e internacionais de qualidade. “Sempre tivemos essa qualidade, mas agora temos tudo comprovado por meio de documentos, que ficam disponíveis no escritório da granja para atendimento de auditorias, tanto dos órgãos oficiais como dos importadores”, explicou Eliana Renuncio Bodanese, da Aurora.

O casal Jorge Lino e Marilei Sfredo reside em Rio Verde, comunidade rural no interior de Erechim (RS), e possui um aviário há três anos. Eles entregam a produção de frangos para a Cooperativa e afirmam que a necessidade de manusear documentos todos os dias não trouxe dificuldades. “Fica mais fácil de trabalhar e os resultados também ficam melhores”, explicam Jorge e Marilei.

Fonte: Embrapa Suínos e Aves –

 

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