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Alta da soja é destaque em Chicago em setembro

Impulsionada pelas valorizações observadas sobretudo na primeira quinzena de setembro, a alta da cotação média da soja foi o grande destaque entre as oscilações registradas pelas principais commodities agrícolas comercializadas pelo Brasil no exterior e negociadas nas bolsas de Chicago ou Nova York no mês.

De acordo com cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega – normalmente os de maior liquidez -, a soja liderou os ganhos de setembro em relação às médias de agosto com variação de 5,02%, sustentada pelo problemas climáticos que afetaram o desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos nesta safra 2013/14, cuja colheita já superou 10% da área plantada.

Em Chicago, o trigo também subiu na comparação, 0,81%, mas o milho não “resistiu” à recomposição da oferta americana após a dura quebra verificada no ciclo 2012/13 e recuou 0,69%. Os resultados não surpreendem nem no caso da soja, já que o patamar praticado no fim de agosto em Chicago já sugeria que haveria essa influência “altista” sobre a média de setembro.

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A tendência para os grãos em geral continua a ser de queda no que depender dos fundamentos de oferta e demanda, já que as produções no Hemisfério Norte estão praticamente definidas e as perspectivas para o Hemisfério Sul são de boas colheitas em 2013/14, exceto no caso do trigo. No Brasil, por exemplo, a colheita de soja tende a bater um novo recorde, o que deverá dar ao país a liderança da produção global da oleaginosa.

Conforme as primeiras estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) para a safra 2013/14, divulgadas ontem, a produção nacional de soja deverá render 86 milhões de toneladas na temporada. O plantio teve início em meados de setembro e, se confirmada a projeção, o incremento em relação a 2012/13 será de 5,4%.

Boa parte do crescimento previsto será destinado às exportações. A Abiove projeta os embarques do grão em 44 milhões de toneladas no período entre fevereiro de 2014 e janeiro de 2015, 6% acima do volume que deverá ser exportado entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Já o volume da matéria-prima que será processada no país foi estimado em 36,5 milhões de toneladas no novo ano-móvel, ante 35,9 milhões no período de 12 meses até janeiro próximo.

Apesar do incremento previsto para a produção, a Abiove prevê que a tendência de queda das cotações internacionais do grão e de seus derivados poderá reduzir a receita das exportações brasileiras do chamado “complexo soja” (inclui grão, farelo e óleo). No total, essas vendas externas deverão render US$ 27,39 bilhões em 2014, 6,7% menos que o valor projetado para este ano – e primeira baixa desde 2010 (ver tabela acima)

Uma vez definidos os volumes de produção de grãos nos EUA e em outros países do Hemisfério Norte, como Rússia, os fundos de investimentos que especulam com commodities agrícolas nas bolsas americanas começam a dar sinais de que estão em busca de novas oportunidades.

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Diante da colheita recorde de milho nos EUA, superior a 350 milhões de toneladas, os fundos abriram mais de 60,8 mil contratos de venda em milho nas quatro semanas encerradas no dia 24 de setembro na esperança de recomprá-los por um valor mais baixo no futuro, segundo o último relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC). No intervalo os fundos reduziram sua posição líquida de compra em soja para 135.252 lotes, menor volume desde 20 de agosto.

Mas, se estão mais baixistas em relação aos grãos, esses fundos elevaram as apostas na alta do açúcar, cuja cotação média em Nova York encerrou setembro com variação positiva de 2,17% em relação à média de agosto. Conforme o relatório da CFTC, os fundos encerraram a semana do dia 24 com posição líquida de compra de 62.368 contratos do adoçante no mercado nova-iorquino.

Trata-se da maior aposta na valorização do produto desde a semana encerrada em 9 de outubro de 2012. O número indica, ainda, uma reversão em relação à tendência observada desde meados de janeiro último, quando os fundos ficaram predominantemente vendidos em açúcar.

A aposta na queda dos preços era justificada pela perspectiva de mais um gigantesco excedente na produção mundial de açúcar durante a safra 2012/13, encerrada ontem. Agora, os gestores dos fundos estariam colocando as fichas em um cenário de maior aperto na oferta do produto, influenciado pela recente queda do teor do adoçante na cana colhida no Centro-Sul do Brasil.

Conforme a Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), o mercado ainda deverá registrar um superávit de 4,5 milhões de toneladas na temporada mundial 2013/14 (que começa “oficialmente” hoje), mas esse saldo já será bem menor que o de 2012/13 (10 milhões).

“Embora isso não seja razão suficiente para se ficar altista, é o bastante para o mercado questionar se essa tendência [de superávits elevados] vai se manter com os preços abaixo de 20 centavos [por libra-peso]”, diz Shawn Hackett, presidente da Hackett Advisors, com sede na Flórida.

Segundo ele, a mudança no fluxo de dinheiro para o mercado de açúcar “é muito significativa” e sugere uma tendência de alta dos preços “ao longo de 2014”. “Aparentemente, os especuladores estão apostando que o atual balanço [de oferta e demanda] está muito exposto ao clima e poderia facilmente se transformar em déficit em 2014/15”.

Entre as demais principais commodities agrícolas negociadas na bolsa de Nova York, o destaque foi a alta de 5,48% do cacau, impulsionada por problemas climáticos – que arrefeceram na última semana – em regiões produtoras do oeste da África por previsões de déficit global em 2013/14 e em 2014/15.

Em contrapartida, houve quedas na comparação entre as cotações médias mensais do algodão (3,27%), suco de laranja (3,11%) e café (2,19%). No caso do algodão, foi a interrupção de uma tendência de valorização após fortes quedas no ano passado, mas ainda assim o preço médio de setembro foi 13,68% superior ao do mesmo mês de 2012, conforme o Valor Data. Suco de laranja e café continuam a refletir balanços globais de oferta e demanda mais confortáveis.

Valor Econômico

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