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Acesso à internet, ciência e rastreamento: o que pensam produtores e pesquisadores sobre o futuro do agronegócio

Setor busca mais tecnologia para ser competitivo no mercado mundial e vê na inovação tecnológica como um caminho produtivo e sustentável

O Globo Rural deste domingo (5) comemorou 40 anos e mostrou quais deverão ser as tecnologias do futuro do agronegócio brasileiro.

Para pesquisadores, a inovação é item fundamental para dois focos da agropecuária dos próximos anos: sustentabilidade e produtividade.

“Para melhorar a produtividade e tornar (a atividade) mais sustentável, tem que ter tecnologia. Se nós não aumentarmos a produtividade, qualidade e reduzirmos desperdícios, nós não vamos conseguir ter sustentabilidade para o planeta”, explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) José Manoel Marconcini.

Ele lembra que existe ainda a necessidade de mais investimento em infraestrutura, especialmente de telecomunicações.

Internet e permanência dos jovens no campo

Para o diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), José Câmara Brito, o acesso à internet na área rural não só garante produtividade e sustentabilidade, como também pode evitar a saída de jovens do campo, que atualmente é um grande problema da atividade.

“Tem um processo da juventude abandonar o campo e ir para cidade porque ele não tem no campo a mesma qualidade de vida que ele tem na cidade”, afirma. “Para ele (jovem), acesso à internet faz parte do que ele define como qualidade de vida. Então, levar conectividade ao campo é uma forma de fixar o jovem no campo”, explica Brito.

Saber qual vaca produziu o leite que tomamos

O diretor da cooperativa Castrolanda, Thomas Domhoff, é produtor de leite e conta que a tecnologia é uma forma dos produtores brasileiros conseguirem ser competitivos no mercado mundial.

O passo seguinte que ele imagina para a agropecuária, especialmente para a produção de leite, é a rastreabilidade, ou seja, o consumidor descobrir a origem do produto de maneira acessível.

“A gente está pensando muito em rastreabilidade, não pensando apenas em certificação, mas também nos consumidores. Quem não gostaria de ter um QR Code (código visual que é lido por smartphones) em que você consegue ver a vaca e até o produtor abraçando a vaca?”, projeta Domhoff.

O ‘boi macio’

Para garantir um avanço ainda maior na pecuária de corte, a genética e o monitoramento de dados têm papel fundamental no futuro da atividade.

No centro de desempenho animal da Embrapa Cerrados, todos os dados do gado são avaliados pelos pesquisadores. Na parte genética, os estudos buscam características de interesse dos criadores, como a maciez, que já foi identificada entre as informações contidas na genética do animal.

“Foi feita a análise de DNA de todos os animais de carne dura, de carne macia, para buscar diferenças genéticas que estivessem associadas aos de carne dura e aos de carne macia. E verificamos essas diferenças. Então a gente passou a conhecer o perfil genético desses animais”, explica o pesquisador da Embrapa Cláudio Magnabosco.

Cada raça de gado tem seus próprios marcadores de maciez no DNA. Com a eficiência alimentar e maciez confirmada pela genética, a pecuária brasileira pode ganhar mais mercado.

O papel da pesquisa

Se hoje o agronegócio brasileiro é inovador, que busca tecnologia e é um dos principais setores da economia, muito se deve à pesquisa.

O ex-presidente da Embrapa Eliseu Alves conta que, no início da empresa de pesquisa, na década de 1970, não existia uma grande preocupação com a tecnologia.

“Teve uma fase em que o povo não acreditava em tecnologia. Quando eu falo povo, falo também dos políticos. Então, a primeira fase foi convencer a sociedade brasileira de que era um grande negócio investir em tecnologia”, afirma Alves.

Segundo ele, programas como o Globo Rural ajudaram a mostrar para os agricultores a importância da tecnologia na atividade.

“O Globo Rural foi muito competente em mostrar que nós temos que ser muito bom para alimentar o povo brasileiro e melhor ainda para competir no mercado internacional”, continua.

Eliseu Alves é um entusiasta da tecnologia e faz uma alerta para os produtores rurais. “Nada para de evoluir, quem para de evoluir está morto”, completa.

Para assistir aos vídeos da reportagem, clique aqui.

Fonte: Globo Rural

Bruna Fioroni

Jornalista com formação em UX Writing e UX Design. Tem experiência em produção de reportagens e roteiros, criação de conteúdo multimídia, desenvolvimento de estratégias de comunicação e planejamento de campanhas de marketing, com foco na experiência do usuário. Atualmente faz parte da equipe de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR.

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