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A salvação vem do morango

Cultivo do fruto permite que produtores de Tijucas do Sul e arredores paguem as dívidas herdadas após abatedouro de frango falir na região

Na altura do Km 15 da PR-281, que corta o município de Tijucas do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, o transeunte que observa a propriedade da família Piske Precoma apostaria que eles são um grande produtor de frango. Afinal, da beira da rodovia é possível avistar três imensos aviários, cada um com mais de 100 metros de comprimento e capacidade total para alojar 44 mil aves. Porém, basta um olhar mais apurado para perceber que a parte interna das estruturas está tomada por plantas – ou melhor, pés de morango.

A mudança de atividade na propriedade dos Piske Precoma ocorreu, digamos, de forma forçada. O desespero do casal Ari e Juliana, donos da área, começou em 2012, quando a empresa Diplomata fechou o abatedouro que mantinha no munícipio de Mandirituba, distante 50 quilômetros de Tijucas do Sul, destino das aves. Um ano antes, por exigência da própria empresa, o casal havia realizado um investimento significativo na modernização dos aviários.

“A Diplomata fez exigências para todos os produtores, que precisavam modernizar e adequar os criadouros de aves. Nós tiramos um empréstimo no banco para cumprir o que foi pedido. Quando a empresa faliu, nós ficamos com uma dívida de R$ 170 mil”, recorda Juliana.

Diante das estruturas ociosas e a pressão do banco pelo pagamento do empréstimo, os Piske Precoma, assim como muitos produtores que alojavam frango na região, decidiram apostar no cultivo de morango como alternativa de renda. A escolha pela cultura teve como base o investimento inicial relativamente baixo e a possibilidade de utilizar dois dos três galpões, até então ociosos, como estufa.

“Nós sempre trabalhamos com agricultura. O morango foi a forma de continuar sobrevivendo da terra, começar a pagar as dívidas herdadas do frango e também tirar o sustento para o dia a dia”, conta, agora, a sorridente Juliana, que também produz cogumelos em três estufas instaladas dentro do terceiro galpão.

Atualmente, a propriedade conta com 17 mil pés de morango espalhados pelas duas estufas – mais oito mil que são produzidos no campo. Destas imensas lavouras saem 600 caixas/mês do fruto — cada uma com 1,2 quilo. A produção é embalada no próprio local, antes de seguir para Joinville, em Santa Catarina. “Agora estamos pagando as contas com o morango”, enfatiza Ari.

Retrato macro

A família Piske Precoma é uma dentro de um universo enorme que migrou para o cultivo do morango diante da crise no frango. De acordo com o secretário de agricultura de Tijucas do Sul, Antônio Arinaldo Rocha, a produção do fruto avança de forma rápida no munícipio. “A maior parte que aderiu [ao morango] era produtor de frango. Chegamos a fazer diversas reuniões com dirigentes da Diplomata, mas as promessas nunca foram cumpridas. O jeito foi apostar no morango como solução para esse pessoal”, destaca.

No ano passado, Tijucas do Sul contava com 240 mil pés de morango. Nesta temporada, outros 170 mil pés serão plantados, prova de que a curva da cultura é crescente, com projeções ainda mais positivas para os próximos anos.

Novo negócio

A expansão do morango em Tijucas do Sul e municípios próximos tem permitido com que novos projetos de negócio comecem a surgir. A Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Cogumelos e Demais Produtos de Tijucas do Sul e Região (Cooopertijucas), criada em 2012, já estuda iniciar a recepção da produção de morango dos associados da região, que inclui os municípios de Tijucas do Sul, Mandirituba, Quitandinha, Agudos do Sul, São José dos Pinhais e Campo do Tenente.

Atualmente, a cooperativa trabalha especificamente com a recepção, transformação e venda de cogumelos Paris, popularmente conhecidos como champignon, outra atividade que colabora diretamente na renda dos ex-avicultores.

“Como o próprio nome já diz, a cooperativa não é só cogumelo. Queremos ingressar no morango para ajudar os produtores. Se a gente conseguir comprador e tirar o atravessador, como é feito no cogumelo, quem ganha é o produtor que irá receber mais pelo fruto”, ressalta o presidente da cooperativa, Eliobas de Jesus Leandro.

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