Por: Tânia Moreira | Economista do Departamento Téc. e Econômico – FAEP
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta terça-feira (30) dois importantes relatórios que deverão dar direção aos preços da soja, milho e trigo. Um deles revisa os números para a área americana da safra 2015/16, que já haviam sido preliminarmente apontados, e outro, os números para os estoques trimestrais americanos.
Atualmente, as lavouras de milho, soja e trigo de inverno da safra 2015/16 já estão com o plantio concluído nos Estados Unidos, tendo as condições das lavouras classificadas de boas a excelentes, rebaixadas nas últimas semanas em função do excesso de chuvas que vem afetando as regiões produtivas desde o início de maio.
Abaixo são apresentados os dados revisados para cada cultura, segundo o USDA.
Os números para a soja: área e estoque maiores
Para a área de soja o número subiu, sendo apontada uma área de plantio de 85,1 milhões de acres (ou 34,43 milhões de hectares). A estimativa anterior era de 84,6 milhões de acres (34,23 milhões de acres). Na safra 2014/15 a área de plantio foi de 83,7 milhões de acres, logo, com o número atual a safra 2015/16, os Estados Unidos terá a maior área de plantio de sua série histórica.
Os maiores incrementos de área foram destacados em Kentucky, Minnesota, Ohio, Pennsylvania e Wisconsin.
Para os estoques trimestrais americanos o número foi revisado para 625,404 mil bushels em relação aos 405,183 mil bushels de junho de 2014, resultando em um aumento de 54,3%.
Tanto para a área, como para os estoques, os números vieram inferiores às expectativas de mercado, que apontavam um número entre 85,2 a 85,33 de milhões de acres para a soja, e um número de até 679 mil bushels para os estoques. Com isso, após a divulgação dos relatórios do USDA o futuro de agosto da soja na CBOT registrou ganho de até 5%, apresentando valor máximo de US$ 10,51 por bushel.
Apesar do USDA ter indicado uma área recorde para a soja, o site americano Ag Web informou que os analistas advertem que estes dados indicam intenções de plantio dos produtores americanos levantadas no início do mês, antes das tempestades que impediram a conclusão do plantio em algumas áreas.
Os novos números são maiores que os da safra passada. Um número de área maior poderia resultar em uma maior produção, caso a produtividade atual não seja prejudicada, e isso dependerá do clima ocorrido nos últimos dias e daqui para frente.
A estimativa do USDA para produção da safra 2015/16 é de 104,78 milhões de toneladas com uma produtividade de 46 bushels por acre, até o momento.
Os números para o milho: área menor que o esperado pelo mercado rende mais que 7% no dia para o futuro de setembro na CBOT
A área de milho indicada pelo USDA no relatório de hoje caiu. O número inicialmente previsto era de 89,2 milhões de acres, sendo revisado para 88,89 milhões de acres ou menor área plantada desde 2010. Na safra 2014/15 este número era de 90,6 milhões de acres. Reduções foram apresentadas em Colorado, Illinois, Indiana, Kentucky, Missouri e outros.
O mercado já esperava que houvesse redução, mas a redução apresentada foi ainda maior que as expectativas, fazendo o futuro de setembro ganhar 7,61% no valor máximo de US$ 4,22 por bushel neste dia na CBOT.
Para os estoques trimestrais o número informado foi de 4,447 bilhões de bushels ficando abaixo das expectativas do mercado que apostava em um número até acima de 4,5 bilhões de bushels. Em relação a junho de 2014 os estoques foram 15,44% maiores.
Para o milho a produtividade estimada pelo USDA até o último relatório, em 10 de junho, era de 166,8 bushels por acre, resultando em uma estimativa de produção americana de até 346,22 milhões de toneladas para a safra 2015/16. Com uma redução de área, e com a produtividade em observação devido ao clima, é possível esperar uma revisão para a produção nos próximos apontamentos do USDA, mais ainda assim é importante destacar que o número de produção ainda se destaca como a terceira maior safra americana.
Os números para o trigo: área reduz pouco em relação à safra passada, mas clima segue como fator de sustentação dos preços
A área total de trigo foi revisada para 56,07 milhões de acres, em relação às estimativas iniciais do USDA de 55,4 milhões de acres. Em relação ao ano passado, a área apresentou uma redução de apenas 1,26%. Em relação ao esperado pelo mercado o número veio dentro das expectativas.
No limite inferior as apostas das consultorias internacionais apontavam para 54,8 milhões de acres, mas no limite superior a expectativa era até 56,8 milhões de acres. Ainda assim, é importante ressaltar a preocupação em relação à qualidade do trigo de inverno, e a colheita, que está atrasada, com as chuvas excessivas ocorridas nas regiões produtoras americanas. E não só o clima americano tem se mantido no foco das atenções, mas também o clima na Europa, Canadá e Austrália.
Para os estoques trimestrais o número foi revisado para 752,63 milhões de bushels em relação aos 590,28 milhões de bushels de junho de 2014. Consultorias internacionais apostavam em um número até 713 milhões de bushels.
Ainda assim, o futuro do trigo de setembro na CBOT obteve alta de mais de 5% no dia. E isso foi atribuído ao atraso de colheita nos Estados Unidos, em função do clima, mas também à informação, segundo o site americano Agrimoney de um corte na previsão da produção da União Europeia, além das altas nos mercados de soja e milho.
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