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Trigo: o que vem por aí?

Com a expectativa de aumento de fornecimento global da commodity para a safra 2016/17, os preços podem acabar pressionados e os velhos problemas dos triticultores, retornarem, com valores da saca abaixo do custo de produção

Com praticamente toda a área de trigo plantada no Estado – faltando apenas algumas regiões de União da Vitória e Guarapuava –, as especulações de como se comportará o mercado de trigo paranaense e no País começam a surgir, principalmente impactadas pela safra do Mercosul e outras regiões do planeta. Com a expectativa de aumento de fornecimento global da commodity para a safra 2016/17, os preços podem acabar pressionados e os velhos problemas dos triticultores, retornarem, com valores da saca abaixo do custo de produção.

Números divulgados esta semana e compilados pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) comprovam que haverá um volume maior da commodity no mercado. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou relatório de oferta e demanda de julho, com estimativa de produção mundial de 738,51 milhões de toneladas, maior volume já produzido na série histórica mundial. Na Argentina, país que exporta muito trigo para o Brasil, a produção da temporada foi revisada para 15 milhões de toneladas, alta de 32,7% frente aos 11,3 milhões de toneladas da safra passada. No Paraná, com 99% da área plantada, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab) estima uma produção de 3,4 milhões de toneladas, alta de 4% frente aos 3,28 milhões da safra anterior. A área fechou em 1,13 milhão de hectares, queda de 15,5%, perdendo muito espaço para o milho safrinha. A expectativa do início de colheita é final de agosto, iniciando na região Norte. “A falta de chuva no norte começa a preocupar e pode influenciar nos números finais da safra”, salienta o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho.

Para ele, os preços internacionais já estão em patamares baixos. “Um agravante que pode pressionar os preços, sem dúvida, é o plantio na Argentina, que deve plantar uma área maior que o ano passado. Temos que analisar quanto de trigo internacional deve entrar nos moinhos brasileiros”, comenta.

Fatores
A economista do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, Tânia Moreira Alberti, salienta que diversos fatores precisam ser analisados: primeiramente é como o La Niña vai se comportar durante a safra atual, depois é se o valor do dólar vai continuar forte frente ao real e o terceiro é como a safra argentina vai se comportar com todos os incentivos do governo para fomentar a produção da commodity no país vizinho. “A Argentina vai plantar área recorde. Ainda é tudo especulação, mas esta pressão nos preços pode trazer antigos problemas, como os valores de comercialização ficarem abaixo dos custos de produção, mais uma vez”.

Até o momento, no período de entressafra os valores pagos ao produtor paranaense continuam interessantes, principalmente devido ao câmbio favorável, segurando os preços da saca. A média do mês passado fechou em R$ 44,7 para saca de 60 quilos, alta de 31,2% em comparativo ao mesmo período do ano passado. Os valores vêm em ritmo aquecido nos últimos meses (confira o gráfico).

Condição
Em relação às condições da lavoura, 88% da área plantada de trigo está em desenvolvimento vegetativo. O engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho relembra que no ano passado a safra passou por sérios problemas, principalmente de chuvas torrenciais durante a colheita. Neste ano, com condições normais de clima até agora, a produtividade pode fechar em 3.006 quilos por hectare. Em 2015, o rendimento fechou em 2.448 quilos por hectare.

Fonte: Folha de Londrina- 15/07/2016

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