A turma inaugural do curso “Restauração Florestal” do Sistema FAEP/SENAR-PR vai render frutos para mais de 100 hortas urbanas de Curitiba. Nove técnicos da prefeitura da capital paranaense participaram de um treinamento, até então inédito, nos dias 26 e 27 de julho. Agora a ideia é que eles repliquem os conhecimentos tanto nas hortas já implantadas quanto nas que ainda serão formadas pela cidade.
Um dos pontos altos do curso, de 16 horas, foi a atividade prática em um terreno baldio no bairro Umbará. Hoje, o terreno não passa de um local inóspito para a vida. Além de ser margeado por um córrego sem mata ciliar, há muito entulho de construção civil, lixo, solo compactado e pouca matéria orgânica. De forma prática, os participantes puderam medir as fileiras, determinar a distância entre as mudas, fazer as covas, adubar e regar. Pelo esmero da turma, daqui a um tempo, quem passar pelo local vai encontrar frondosos ipês, aroeiras, pitangueiras, cerejeiras e outras árvores à beira do córrego.
“Geralmente, os terrenos destinados à agricultura urbana estão localizados próximos à Região Metropolitana, com população de baixa renda, no qual fazemos a implementação de hortas. A intenção é ocupar esses espaços. Na maior parte dos casos, as áreas estão próximas a rios e temos que respeitar a área de preservação, com a restauração florestal nas margens”, explicou o gestor público da Prefeitura de Curitiba, Guilherme Sharf, um dos participantes do curso.
O técnico agrícola João de Mira, que também fez o curso, avalia que o conhecimento repassado pelo Sistema FAEP/SENAR-PR vai possibilitar que a recuperação ambiental seja espalhada por toda a cidade. “Estamos com proposta de implantar a agricultura regenerativa. Por mais que tenhamos o conhecimento técnico, a prática ajuda a entender como aplicar esse conhecimento no local, principalmente para nós que temos trabalhos em áreas urbanas, com solos que sofreram maior influência do ser humano”, aponta.
Outro participante, o engenheiro agrônomo Mario Takashina com mais de três décadas de experiência na Prefeitura de Curitiba, destaca a importância da atualização promovida pelo treinamento. “Para os mais antigos vale como uma revisão. Mas para a turma nova eu tenho a impressão que vai ajudar bastante, já que alguns membros da nossa equipe vêm de outras áreas ou estavam com o conhecimento defasado”, avalia.
Pé direito
O instrutor da primeira turma do curso “Restauração Florestal” Hermes Pallumbo aponta como um desafio o fato de o grupo inaugural ter ocorrido em uma área urbana. “Na área urbana você encontra as situações mais inusitadas possíveis, como no terreno que fizemos a prática. Em geral, são áreas que não apresentam condições muito boas para se fazer o plantio de árvores. Nosso objetivo foi ajudar o pessoal a fazer com que a recomposição seja um pouco acelerada e que ocorra de forma efetiva”, analisa.
Para o instrutor, os participantes da primeira turma começaram com o pé direito no Paraná, principalmente pelo entusiasmo e engajamento. “O curso foi preparado para produtores, mas nessa turma tivemos técnicos que vão multiplicar isso nas suas atividades. Agora eles vão começar a perceber a coisa por um ângulo novo e esse efeito multiplicador vai ser muito interessante para todos nós”, projeta.
Curitiba é referência em agricultura urbana
Em 2018, a Câmara dos Vereadores de Curitiba aprovou uma Lei (15.300 de 2018) que regulamenta a chamada “Agricultura Urbana”. Desde então, com apoio do poder público municipal, as hortas urbanas se multiplicaram pela cidade. Já são mais de 100 em funcionamento e com diversos terrenos em fase de implantação de plantações – como o que foi alvo da atividade prática do primeiro curso de restauração florestal.
Além das hortas, a prefeitura também dedicou um espaço de 4,4 mil metros quadrados, no bairro Cajuru, e construiu uma estrutura chamada Fazenda Urbana. No local, onde antes era o estacionamento do Centro de Distribuição do Mercado Regional do Cajuru, há composteiras, estufas, hortas comunitárias, restaurante escola, banco de alimentos e uma extensão do projeto Jardins de Mel, com instalação de colmeias de abelhas sem ferrão e espaços para treinamentos.
O Sistema FAEP/SENAR-PR é parceiro dessa iniciativa, com o oferecimento de cursos para a formação de técnicos que prestam assistência ao local, além de treinamentos voltados ao público geral. Diversos cursos já foram realizados em parceria com a prefeitura. A expectativa é que quando as condições sanitárias melhorarem em relação à pandemia do novo coronavírus, sejam realizadas novas turmas.
Como fazer o curso
O supervisor da Regional Curitiba do Sistema FAEP/ SENAR-PR, Alexandre Marra, explica que a formação está disponível para todo o Paraná. “Quem tiver interesse, a orientação é que procure o sindicato rural mais próximo ou uma das regionais do Sistema FAEP/SENAR-PR que nós estamos prontos para atender a essa demanda”, convida.
Mais informações sobre os cursos da instituição em www.sistemafaep.org.br/cursos.
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