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Suinocultura desacelera a produção

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (Abiec) confirmou ontem que o setor começou a reduzir as atividades nos criadouros, especialmente em estados afetados pelo embargo imposto pela Rússia há duas semanas (Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso). A medida é considerada inevitável. A suinocultura acumula prejuízos com preços baixos e custos elevados pelo aumento no preço do milho.

Mesmo sem estimar ao certo qual o tamanho do prejuízo do embargo, o presidente da Abiec, Marcelo Lopes, afirma que o fechamento das portas russas para a carne brasileira tornou a crise interna mais preocupante. "A oferta é grande e o consumo doméstico está caindo (…) Os estados bloqueados começaram a produzir menos."
Levantamento da Abiec revela que cada brasileiro come, em média, 14,5 quilos de carne de porco por ano. "Se aumentássemos esse volume em 1 quilo, poderíamos ter 100 mil matrizes a mais", calcula Lopes.

Considerando a participação russa nas vendas do Paraná, quarto maior exportador no Brasil, a barreira pode deixar 2,23 mil toneladas de frango, 1,58 mil toneladas de suínos e 240 toneladas de bovinos sem comprador a cada mês. São 48,6 mil toneladas de carne por ano, quando somado o volume das três cadeias.

Se não encontrar outros destinos, além de pressionar os preços no mercado brasileiro, o excesso de carne de porco aumenta a competição do setor com a avicultura, avalia Eugenio Stefanelo, professor de economia agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para ele, a diminuição da produção de suínos é inevitável e pode frear também o abate de frangos. "As aves são as principais concorrentes dos suínos. Se o preço da carne de porco cair, haverá uma revisão para baixo no preço do frango", estima ele.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, diz que por enquanto o embargo russo afetou levemente o mercado paranaense. Por saberem antecipadamente que barreiras seriam impostas, os importadores aceleraram as compras. Com perspectivas de ganho de novos mercados, o Sindiavipar espera que as exportações de aves cresçam 10% no curto prazo. Em 2010, o país enviou 3,6 milhões de toneladas de frango ao exterior, 6% a mais do que no ano anterior.
Suínos

"Pior da crise já passou"

Moscou pediu 15 dias para dar uma resposta a Brasília sobre a suspensão do embargo à carne dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mesmo assim, para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, "o pior da crise já passou". Ele se mostra confiante e diz que o mercado está em expansão.

A Abipecs anunciou ontem um incremento nos embarques de carne suína e no faturamento do setor no mês de junho. Mesmo alegando restrições sanitárias, a Rússia importou 20% mais carne brasileira porque os importadores ampliaram compras às vésperas do embargo, em vigor desde o dia 15. Clientes como Hong Kong e Argentina também teriam elevado sua cota.

As exportações de carnes suínas do Brasil superaram em 12,35% o volume e em cerca de 30% o faturamento as marcas de junho de 2010, segundo a Abipecs. O país embarcou no mês passado 52,7 mil toneladas e arrecadou US$ 152 milhões com o produto, diz o relatório.

No Brasil, o setor produtivo reivindica apoio ao governo federal para evitar maiores perdas. "Fizemos três pedidos emergenciais. Entre eles a criação de política de estoques de milho e prorrogação de dívidas de custeio e investimento que estão vencendo", relata Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (Abiec). (CR)

Fonte: Gazeta do Povo – 7/07/2011

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