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Sucessão bem-feita exige postura para toda a vida, defende especialista

Palestrante Mariely Biff abordou o tema durante o Encontro Estadual de Líderes Rurais, aconselhando os produtores a envolverem seus filhos desde pequenos com o agronegócio

Assim como a lavoura, que precisa ser semeada e cuidada para gerar uma boa colheita, o processo de sucessão também exige dedicação, persistência e paciência. Essa foi a mensagem repassada pela palestrante Mariely Biff, autora do livro “Caminhos da sucessão”, durante o Encontro Estadual de Líderes Rurais.

Filha e neta de produtores rurais, Mariely descobriu o universo da sucessão sofrendo na própria carne, já que, após o falecimento da avó, conflitos eclodiram e geraram distanciamento entre familiares. “Quero trazer duas reflexões: não tem reembolso para tempo perdido e tudo fica pequeno diante da morte”, ensinou a especialista.

A consultora trabalha há 12 anos com processos de sucessão no campo em todo o Brasil. Apesar de muitas propriedades terem similaridades, Mariely enfatizou que a sucessão não tem receita de bolo. Porém alguns preceitos podem ajudar a tornar esse processo mais suave, como a premissa de que a herança precisa ser vista como um presente, e não um direito.

Outro ponto importante, na visão da especialista, é considerar que a sucessão envolve pessoas que estão em momentos diferentes de vida, com visões diferentes sobre o negócio. “É comum termos uma antiga geração que quer manter o patrimônio e uma nova que quer gastar mais, ou o contrário. O segredo para o processo acontecer da melhor forma é usufruir sem destruir, unindo conhecimento e colocando todo mundo no mesmo patamar”, salientou.

Quando todos estiverem na mesma página, um passo fundamental para o processo de sucessão bem-feito é profissionalizar o negócio. “Com a propriedade pronta para receber um sucessor, precisamos analisar quem tem vontade de estar envolvido com o negócio. É melhor eu trazer alguém que quer estar no negócio e não está pronto, do que alguém que tem perfil ou formação profissional, mas que não está disposto”, refletiu Mariely.

Tudo isso, alertou a especialista, pressupõe uma abertura para que os envolvidos se entendam nas diferenças. “Hoje, temos uma nova geração que mudou o significado da relação com o trabalho. Sabemos que muitos jovens priorizam a saúde mental e o tempo livre. E, para eles, isso tem mais importância do que estar em um cargo de liderança. São coisas que precisam ser consideradas”, problematizou.

Todos esses pontos foram amarrados, no final, para uma reflexão sobre a necessidade de envolver as crianças desde cedo nos negócios da família. “Não crie herdeiros, prepare sócios. Temos que preparar filhos desde cedo, para que nossos filhos sintam amor pelo negócio. Precisamos dar espaço para nossos filhos errarem, porque se nossos filhos não conseguirem contribuir para agregar valor para nossos negócios, eles vão gerar valor para outros negócios e empresas”, apontou.

Para finalizar, Mariely conduziu a plateia a uma reflexão sobre a finitude da vida, e que nenhuma pessoa em seu leito de morte quer mais bens financeiros. “Há um mês, fiz palestra para um hospital de câncer e o diretor falou que nunca viu ninguém no fim da vida querer um hectare a mais, mas sim a família por perto. Nenhum sucesso na vida compensa um fracasso com a sua família. É preciso equilibrar a harmonia na família e a prosperidade no negócio”, finalizou.

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