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Soja: Maio começa com preços estáveis e movimentação tímida em Chicago nesta 2ª feira

Após fechar o abril com mais de 11% de alta mercado internacional de soja opera com estabilidade

O mercado internacional da soja, após fechar o abril com mais de 11% de alta, opera com estabilidade na sessão desta segunda-feira, 2 de maio, na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos perdiam, por volta das 7h25 (horário de Brasília), entre 2,50 e 3,25 pontos. Assim, o contrato julho/16 era cotado a US$ 10,27 por bushel, e o agosto/16 a US$ 10,28.

Com a chegada de um novo mês, os traders buscam ajustar suas posições, acompanhando os fundamentos do mercado, principalmente as condições do clima na América do Sul e nos Estados Unidos, bem como o desenvolvimento das demais commodities, do dólar e da movimentação dos fundos investidores.

E se desenvolve cada vez mais a nova safra norte-americana e suas informações vêm, portanto, ganhando mais terreno entre as negociações da CBOT. Nesta segunda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo reporte de acompanhamento de safras com os dados do plantio que, até o domingo anterior (24), estava concluído em 3% da área.

Além disso, chegam ainda os novos números dos embarques semanais norte-americanos de grãos, também reportados pelo USDA.

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja em Chicago fecha abril com mais de 11% de alta e mercado dispara no Brasil

O mercado internacional da soja fechou o pregão desta sexta-feira (29) consolidando sua terceira semana positiva e registrando altas de mais de 3% entre os principais vencimentos. O contrato maio/16, que é referência principal para a safra brasileira, fechou valendo US$ 10,21, com ganho de 3,44% e o julho/16 subiu 3,36% para US$ 10,29. Durante o mês de abril, o avanço passou de 11%.

Os últimos dias foram marcados por uma intensa volatilidade e pela presença maciça dos fundos de investimentos nos negócios não somente com a soja em Chicago, mas com as commodities de uma forma geral, agrícolas ou não. A oleaginosa liderou o movimento no agro, porém, outro destaque no cenário externo foi o petróleo, que encerrou a semana superando os US$ 46,00 por barril.

Somente nesta sexta, o Índice de Commodities da Bloomberg subiu mais de 1,1% para alcançar seu mais elevado patamar desde novembro; em abril, essa alta passa de 8%. E em todo o ano, o produto com o maior avanço mensal, até o momento, é o petróleo, com 19%. O farelo de soja, por sua vez, subiu 24% neste mês e bateu em sua maior alta mensal em, pelo menos, 56 anos.

Analistas internacionais atribuem essa alta entre as commodities, além da desvalorização do dólar – potencializada, nesta semana, pela manutenção dos juros nos EUA entre 0,25% e 0,50% pelo Federal Reserve -, às melhores notícias que chegam da economia da China – que parece mais estabilizada nos últimos meses, de acordo com especialistas – além do clima adverso da América do Sul que castigou as lavouras de soja, principalmente na Argentina e regiões Norte e Nordeste do Brasil. Além disso, há ainda as perspectivas de uma menor produção de petróleo contribuindo para o quadro atual.

“Boa parte dessa safra (da Argentina) está sofrendo com baixos índices de produtividade e redução de qualidade”, explica Tobin Gorey, diretor de estratégia agrícola do Commmonwealth Bank, da Austrália. “Agora, se espera um padrão de tempo mais seco para a próxima semana, o que poderá, ao menos, contribuir para o progresso da colheita no país”, completa.

“Ronda pelos bastidores do mercado que os fundos asiáticos negociaram um volume de soja, na semana passada, equivalente a uma safra mundial. Muito se comenta que as questões climáticas na América do Sul – úmido na Argentina e seco no Brasil -, que influenciaram os preços nos últimos dias na CBOT, foi apenas uma desculpa que os fundos usaram para justificar as altas. Imagine o que aconteceria caso haja uma anomalia climática durante o verão americano”, reportou a Labhoro Corretora em seu comentário desta sexta-feira.

E dessa forma, a expectativa para os próximos dias, ainda de acordo com as informações da Labhoro, é de que o mercado internacional siga acompanhando o comportamento dos fundos e, paralelamente, da demanda – que vem demonstrando sinais de fortalecimento nos últimos meses, via compras de volumes recordes da China e ou elevadas exportações brasileiras e uma melhora nas norte-americanas – além do início da nova safra dos Estados Unidos.

Até o último domingo, 24 de abril, o plantio da soja nos EUA estava concluído em 3% da área e o índice estava ligeiramente acima dos 2%, que é média dos últimos cinco anos e o registro do mesmo período do ano passado. Os últimos dias e os próximos sete serão, segundo as últimas informações, de chuvas acima da média para boa parte do Meio-Oeste americano. A condição, no entanto, ainda não preocupa ou reflete nos preços dada a pouca evolução dos trabalhos de campo e de incertezas sobre o padrão climático em que as lavouras irão se desenvoler. Incerteza essa intensificada pela possibilidade ou não da ocorrência de um La Niña no país.

Preços no Brasil

Ainda em abril, o dólar fechou o mês com uma baixa acumulada de mais de 2,7%, ficando abaixo dos R$ 3,50. A moeda norte-americana, que não recuou só frente ao real mas também diante de demais divisas, no entanto, acabou exercendo um peso bem menos severo sobre a formação dos preços da soja no Brasil, uma vez que confrontou com as altas de mais de 11% dos futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago.

A valorização do real – que subiu, somente nesta sexta-feira, 0,9% e ficou com o maior nível desde agosto de 2015 – foi destaque também entre analistas internacionais, que destacaram a relação da commodity com a oleaginosa cada vez mais estreita e, ao mesmo tempo, a possibilidade de uma competitividade menor do produto brasileiro. Porém, os números das exportações nacionais de soja seguem fortes e poderiam chegar, somente em abril, a fechar o mês com o recorde histórico de 10 milhões de toneladas, de acordo com analistas.

Em Avaré/SP, por exemplo, a alta semanal foi de 11,59% para R$ 75,22 por saca; em São Gabriel do Oeste/MS, de 7,03% para R$ 68,50; em Ponta Grossa/PR, de 3,90% para R$ 80,00; em Sorriso/MT, 3,08% para R$ 67,00 e Jataí/GO, 3,72% para R$ 64,20. Nos portos, os preços fecharam com pequenas baixas ou estáveis, oscilando, no disponível, entre R$ 80,00 e R$ 82,00 por saca.
E assim, o volume de negócios e o ritmo da comercialização também melhorou de forma significativa, inclusive para as vendas da safra 2016/17, que já chegam a um total de quase 20 milhões de toneladas negociadas. Os altos preços de Chicago, aliados a prêmios ainda fortes, estimularam a fixação de negócios, principalmente em operações de trocas para a aquisição de insumos. Para a nova temporada, os preços nos portos nacionais chegaram ao intervalo de R$ 86,00 a R$ 87,00 por saca.

A atual safra também está bem comercializada, com mais de 70% já vendido. Nesta sexta, a consultoria França Jr. revisou seus números para a produção do Brasil e o novo número ficou em 98,10 milhões de toneladas, contra as 99,47 milhões do boletim de março. “Sobre o mês anterior tivemos cortes nas estimativas do Mato Grosso, Paraná, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins. E melhoras nos números de Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo”, informou o reporte.

A empresa informou ainda que a colheita no Brasil já está concluída em 95% da área até este dia 29, registrando um ritmo mais lento nesta última semana. ” Em 2015 nesse mesmo momento tínhamos colheita de 97%. E agora vai ficando também levemente aquém dos 96% da média normal para cinco anos. O fluxo lento foi provocado pelas fortes chuvas que finalmente atingiram a região centro-sul e boa parte do centro do país”, informa a França Jr.

Fonte: Notícias Agrícolas

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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