A agropecuária do Paraná tem uma excelente perspectiva para a mobilização no campo. O Sistema FAEP vai formar mais de 400 novos líderes até o final do ano, aptos a atuar em defesa do setor. Todos serão formados no curso “Liderança Rural”, desenvolvido pelo Sistema FAEP em parceria com o Sebrae-PR a partir de demandas e particularidades do meio rural. Disponível desde 2019, a capacitação tem tido um impacto positivo direto no sistema de representatividade, com a ampliação da participação de agricultores e pecuaristas em seus sindicatos rurais, conselhos municipais e nas comissões técnicas do Sistema FAEP.
Neste ano, já foram formadas 16 turmas do Liderança Rural, em diversas regiões do Estado. Até o final do ano, serão concluídas outras quatro. O curso é um dos desdobramentos do Programa de Sustentabilidade Sindical (PSS), lançado em 2018 para estimular os sindicatos rurais do Paraná a realizarem ações e iniciativas que fomentem a participação de produtores e garantam a viabilidade econômica das instituições.
A participação direta é a forma mais eficiente de fortalecer o setor. Com o sistema sindical forte, o produtor tem a certeza de que seus interesses serão defendidos de forma mais sólida e que mais conquistas podem ser obtidas. Por isso, temos estimulado a formação de lideranças. É um dos nossos focos.
Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP
No segundo pilar, o curso trabalha os relacionamentos interpessoais do participante, com destaque para técnicas de comunicação e para os mais diversos estilos de liderança. No terceiro eixo, o destaque é a importância da representatividade. Os instrutores abordam como o produtor pode utilizar todo o conhecimento adquirido ao longo da capacitação para assumir o protagonismo em suas respectivas localidades.
“O que a gente trabalha com os participantes está muito voltado à conscientização do papel do produtor rural na sua propriedade e também no próprio sistema sindical. Muitas vezes os produtores chegam ao curso sem ter noção da importância que a atuação deles tem para o próprio setor”, ressalta a instrutora Jane Eyre Colombo da Cruz, que atua no “Liderança Rural” deste o lançamento do curso.
Jane destaca que todos os temas são abordados de forma dinâmica, não só com conteúdo teórico, mas também por meio de exercícios práticos e de atividades em grupo, de modo a estimular a reflexão. A instrutora tem visto na prática “o despertar” dos participantes, que passam a ter ação efetiva no sistema de representatividade, principalmente se associando aos sindicatos e, em muitos casos, tornando-se líderes atuantes das entidades.
“Com a força que o agro tem para o país, os produtores não podem deixar as rédeas soltas, senão serão sempre coadjuvantes do processo. Eles precisam ser protagonistas, para que o setor esteja no lugar em que ele merece”, acrescenta Jane.
Nova líder
Uma das lideranças recém-formadas é a agropecuarista Eliani Colombari, de São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Sempre ligada ao meio rural, ela vive em uma propriedade voltada a inúmeras atividades: mais de 330 hectares destinados ao plantio de grãos, além de aviários, granjas de suínos e gado de corte. O modelo de negócio envolve também o marido, os filhos e o sogro. “Somos uma propriedade familiar. Ou seja, cada um tem suas responsabilidades bem definidas e todos trabalhamos de acordo com essa divisão”, explica a produtora.
Eliani já tinha participado de outras ações do PSS, como o curso “LiderS” e o workshop “AgroPro”, além de ter frequentado encontros de produtores. Ela quis continuar sua jornada de desenvolvimento, cursando o “Liderança Rural”. “O que me levou a fazer o curso é querer melhorar cada vez mais, para me desenvolver como líder, para que eu possa contribuir mais com setor”, resume.
A participação de Eliani se intensificou. Ela é coordenadora da comissão local e da comissão regional de mulheres. Não para por aí: Eliani passou a fazer parte do Conselho Municipal da Mulher de São Miguel do Iguaçu. “Exercer a liderança é desafiador. Cada um tem seu perfil, então o líder tem que estar preparado para lidar com perfis diversos. Mas não podemos deixar de participar”, aponta.
Ao longo do curso, Eliani pôde aprofundar sua percepção sobre o sistema de representatividade – em que os sindicatos defendem os interesses dos produtores em âmbito municipal, o Sistema FAEP cumpre esse papel em nível estadual e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) faz essa articulação nacionalmente. A produtora também enfatizou o número de novas pessoas com desejo de se unir em prol do setor.
“Eu achei de uma grandeza o que o curso aborda em relação aos valores de se pertencer a um sindicato, que é a base da representatividade. Também é importante que nós façamos uma comunicação para quem não é do setor. Muitas vezes, o próprio município não valoriza a agropecuária porque não sabe a importância do setor”, diz Eliani. “Tem inúmeros casos de pessoas que estão vindo, que querem participar. Na comissão de mulheres, mesmo, temos exemplos de produtoras que começaram a participar depois do curso”, conclui.
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