O Sistema FAEP/SENAR-PR consolidou, oficialmente, uma iniciativa pioneira e sustentável, por meio da qual dá um bom exemplo a produtores rurais de todo o Paraná. Trata-se da inauguração da usina solar Nelson Paludo, localizada no Centro de Treinamento Agropecuário (CTA) de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná. Com a presença de autoridades e de líderes do setor agropecuário, a solenidade marcou o início definitivo de uma nova realidade: a geração de energia renovável no campo, como forma de produzir com sustentabilidade e garantir a viabilidade dos negócios, reduzindo os custos de produção.
O rol de personalidades dava o tom da importância do projeto. Estavam presentes os secretários de Estado Guto Silva (Casa Civil), Norberto Ortigara (Agricultura e Abastecimento), Marcio Nunes (Desenvolvimento Sustentável e do Turismo) e Marcel Micheletto (Administração). Entre os parlamentares, discursaram o deputado federal Sérgio Souza e o deputado estadual Anibelli Neto. O evento também registrou a presença de inúmeros prefeitos e vereadores da região, de presidentes de sindicatos rurais e do ex-diretor da Itaipu Binacional, Jorge Samek.
Orçada em R$ 1 milhão, a usina é constituída por 304 painéis solares fotovoltaicos, com potência de 135 kWp (quilowatts pico), que podem gerar 160 mil kHw/h (quilowatts/hora) por ano. Para se ter uma ideia, o consumo médio mensal de energia elétrica no CTA de Assis e em 19 unidades do Sistema FAEP/SENAR-PR é de 14 mil kHw/h. As projeções são de que o complexo gere uma economia média de R$ 113 mil por ano.
“O agricultor e o pecuarista sabem que o uso de energia passou a ser intensivo. Se não procurarmos tecnologias, dificilmente teremos sucesso na nossa atividade. A geração da própria energia é algo muito importante e estamos dando o exemplo de que esse sistema compensa”, disse o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette. “Os investimentos estão sendo feitos pelos produtores para produzir energia renovável, com redução substancial das contas de luz e com produção de energia para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade”, acrescentou.
Meneguette mencionou a parceria com o governo do Estado, por meio do recém-lançado programa Paraná Energia Rural Renovável (Renova Paraná), que prevê o financiamento de projetos voltados à geração de energia a partir de fontes renováveis – como a solar e de biomassa – em propriedades rurais. E a iniciativa pegou: em pouco mais de 30 dias, 564 produtores cadastraram projetos no programa, totalizando R$ 106 milhões em investimentos. Meneguette também citou o programa Descomplica Rural, que desburocratizou a emissão de licenças ambientais a empreendimentos agropecuários.
“Queria agradecer ao Ortigara e Marcio Nunes, que estão ajudando a transformar o Paraná e a investir em energia sustentável. É um caminho sem volta”, afirmou o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Discursos
Presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), o deputado federal Sérgio Souza abordou o Projeto de Lei 5829/19, recém-aprovado pela Câmara. Considerado o marco legal da geração distribuída, a proposta regulamenta a possibilidade de consumidores produzirem a própria energia e de comercializar o excedente. Ele também destacou o pioneirismo da FAEP, de estimular produtores e poder público a investirem em alternativas que viabilizassem a adoção de energias renováveis no campo. “A FAEP sempre liderou esse processo. E quando se tem uma entidade como a FAEP, que capta as demandas do campo por meio de seus sindicatos e faz toda a articulação, nós podemos fazer a ponta no parlamento, como representantes deste setor”, disse.
Para o secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, as energias renováveis fazem parte do desenvolvimento do setor agropecuário, do qual o Paraná é protagonista. Ele enumerou as perspectivas positivas do setor, principalmente para atividades que dependem incisivamente de energia elétrica, como avicultura, suinocultura, bovinocultura de leite e piscicultura.
“Quando criança, eu só tinha um bico de luz em casa. Hoje, a energia é um dos principais insumos da agropecuária. Nós não podemos desperdiçar fontes disponíveis, sobretudo porque conseguimos avançar tecnologicamente”, discursou Ortigara. “Foi inteligente aproveitar o conhecimento tecnológico que temos e bancar parte dos esforços dos agricultores para gerar a própria energia. E a custo zero. Tenho visto casos concretos, de redução de contas de luz de R$ 8 mil”, exemplificou.
Marcio Nunes, por sua vez, defendeu a união de esforços da iniciativa privada com o poder público e propôs o fim dos embates entre “ambientalistas” e o “setor produtivo”. Na avaliação dele, o desenvolvimento só deslanchará se todos os elos da cadeia caminharem juntos.
“O Paraná está dando um exemplo para o Brasil de que as coisas podem caminhar juntas: crescimento, turismo, agricultura, preservação, cuidado com o meio ambiente, renda e emprego. Tudo ao mesmo tempo”, disse o secretário. “O ciclo agroindustrial é um canhão. Temos que aproveitar todas as formas possíveis de energia, seja a produzida a partir de biomassa, a eólica, a solar ou as pequenas gerações hidrelétricas. Nosso desenvolvimento passa por isso”, afirmou.
Presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado estadual Anibelli Neto lembrou outras mobilizações conduzidas pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, em consonância com o poder público e produtores rurais. Como exemplo, o parlamentar mencionou a mobilização histórica que levou mais de 2 mil produtores rurais a uma audiência pública sobre a certificação internacional do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação.
“Tenham a certeza de que a Alep está à disposição para escutar, às vezes para corrigir um caminho. Todos queremos o bem comum, para dar condições a nossa população”, apontou. “Hoje, o Paraná está avançando em muitos setores, graças também ao agropecuarista”, bradou.
Guto Silva destacou a importância de o Paraná mostrar a sua cara ao mundo, explicitando a forma como se dá a produção agropecuária no Estado: de forma sustentável, em respeito ao meio ambiente. Na avaliação do secretário, a disseminação das energias renováveis vem a se somar a esse cenário.
“Nós produzimos o alimento mais verde do mundo. 91% da nossa energia são limpas, preservamos nossas matas ciliares. Já somos reconhecidos como o Estado mais sustentável, inclusive com prêmio”, disse.
Marcel Micheletto destacou a importância de o Sistema FAEP/SENAR-PR dar o exemplo a produtores rurais, incentivando-os a adotarem energias renováveis. O secretário também mencionou líderes rurais históricos, como Nelson Paludo e Moacir Micheletto (pai de Marcel), que contribuíram para o desenvolvimento da região Oeste.
“A história não se constrói com palavras, mas com exemplos. E ninguém constrói nada sozinho, mas a partir de exemplos, com pessoas capazes, em uma sinergia para transformar”, disse.
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