O fim da contribuição sindical obrigatória – efetivado com a aprovação da Reforma Trabalhista, em novembro de 2017 – provocou uma revolução administrativa no Sindicato Rural de Cianorte, no Norte do Paraná. A entidade, que já vinha modernizando sua gestão ao longo dos últimos anos, percebeu que, para sobreviver aos novos tempos, precisaria avançar ainda mais, a ponto de ser imprescindível ao produtor rural. Afinada com o Programa de Sustentabilidade Sindical, do Sistema FAEP/SENAR-PR, a unidade sindical apostou em parcerias e na ampliação dos serviços. De quebra, a direção vem usando a criatividade para cortar gastos e criar novas fontes de receita.
Um dos pontos decisivos para a nova fase do Sindicato foi a unificação administrativa com a Associação dos Avicultores de Cianorte (Avic), ocorrida já no ano passado. Agora, ambas as entidades compartilham as mesmas estruturas e o mesmo quadro de funcionários, além de atuarem juntas na oferta de uma carteira de serviços conjunta aos associados. Paralelamente, o Sindicato e a Avic fizeram convênios com mais de 40 empresas, criando um clube de vantagens, que já congrega de postos de gasolina e lojas de implementos agrícolas a clínicas médicas e restaurantes. Quando o associado faz compras nos estabelecimentos parceiros, ganha descontos especiais pré-definidos.
“Eu vejo um futuro muito promissor. Quando caiu a contribuição sindical obrigatória, muita gente achou que era o fim. Tinha muita gente acomodada. A gente viu que não podia ficar parado. Nós construímos muitas coisas depois disso”, ressalta o presidente do Sindicato Rural de Cianorte, Domingos Vela. “Sabíamos que se uníssemos nossas forças, conseguiríamos mais associados. É uma parceria em que todos ganham”, avaliou o presidente da Avic, José Carlos Spoladore.
Em outro ponto, o Sindicato dispõe de uma patrulha rural, que começou a ser montada em 2017 – quando a entidade investiu R$ 350 mil na aquisição de uma pá-carregadeira. De lá para cá, a frota aumentou, com outras máquinas cedidas pela prefeitura, em regime de comodato. Todos os veículos podem ser alugados por associados do Sindicato e da Avic por preços bem abaixo dos praticados pelo mercado.
Antes disso, o Sindicato já vinha investindo na expansão da estrutura. Construiu uma cozinha industrial e uma sala de treinamento, espaços onde são realizados cursos oferecidos pelo SENAR-PR. Além disso, a entidade investiu em um salão de eventos com quase 300 lugares, hoje uma das fontes de renda da instituição, afinal, a agenda está preenchida por jantares, casamentos, formaturas e outras cerimônias.
Por outro lado, a entidade percebeu que era preciso cortar gastos. Para isso, aportou R$ 70 mil na compra de 67 painéis fotovoltaicos. Com a energia solar, o Sindicato está economizando R$ 2,7 mil por mês, eliminando a conta de luz. “Em dois anos, o que economizamos vai ter pago o investimento. A partir disso, toda essa economia será renda”, define o contador do Sindicato, Renan Perussi de Matos.
Serviços
O Sindicato Rural de Cianorte também vem atuando forte na prestação de serviços. Segundo o presidente, hoje, a entidade atua como um escritório de contabilidade, mas com uma diferença: a especialização no setor rural. Todos os funcionários passam por capacitação constante, com suporte da FAEP. Assim, a equipe está atualizada a todas as mudanças na legislação e apta a atender com segurança aos associados. Outro detalhe é a carteira de serviços, que abrange mais de 30 itens, que vão da emissão de certidões e de cadastros, a contratos e folhas de pagamento.
“Nós temos uma gama tão grande de serviços, que tudo que o produtor rural precisa, encontra aqui. Ele não precisa fazer uma parte num escritório, outra parte em outro. Ele faz tudo aqui”, definiu Vela. “Por meio da FAEP, a gente tem todo um treinamento, em serviços como ITR [Imposto Territorial Rural], CAR [Cadastro Ambiental Rural], e-Social… Todos os nossos funcionários estão capacitados para prestar o melhor serviço”, acrescentou Perussi de Matos.
Além do extenso catálogo, o Sindicato oferece condições bastante favoráveis aos associados. Parte dos serviços é gratuita. Os que são cobrados têm valores subsidiados e, logo, custam menos que em escritórios de contabilidade comuns. “Muitos, como o ITR, são [prestados a] custo-zero. Os que não são custo-zero são bem mais acessíveis. Eu mesmo faço minha folha de pagamento inteira aqui”, diz Spoladore.
Por tudo isso, em menos de um ano, o número de produtores rurais sindicalizados aumentou quase 55%: saltou de 92, em 2018, para 142, neste ano. Parte deste salto também se deve ao fato de o sindicato estar apostando mais em divulgação, por meio de redes sociais e grupos de WhatsApp. Além disso, funcionários e diretores têm feito um “corpo a corpo” com produtores que ainda não se associaram. Todo esse esclarecimento sobre o que a entidade oferece têm atraído mais gente.
“Eu não era associado, até então, por falta de conhecimento. A gente não tinha informações do que era o sindicato, do que era o Sistema FAEP/SENAR-PR e do bem que eles podem proporcionar ao produtor rural. Agora, passamos a usufruir de tudo isso”, diz o produtor rural Diener Gonçalves Santana.
São Miguel do Iguaçu também investe para se livrar da conta de luz
O Sindicato Rural de São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Paraná, também deu adeus à conta de luz. Há dois meses, a entidade instalou um conjunto de painéis fotovoltaicos, que captam a luz solar, transformando-a em energia elétrica. O investimento ficou em torno de R$ 24 mil. “Agora, nós estamos economizando R$ 600 por mês. Em três anos e meio, devemos cobrir o custo dos painéis. A partir de então, será um gasto que teremos cortado”, diz o presidente do sindicato, José Carlos Colombari. Segundo o líder, a instalação da nova estrutura para cortar despesas foi definida em convergência com o Programa de Sustentabilidade Sindical do Sistema FAEP/SENAR-PR. Com o planejamento feito e cumprido à risca, o Sindicato se tornou autossuficiente, com mais de 210 associados ativos, recolhendo anuidade. “De dois anos para cá, a gente ampliou a prestação de serviços e fez uma revisão nos custos. Hoje, conquistamos nossa sustentabilidade e as perspectivas são muito boas”, afirma.
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