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Setor florestal vira o jogo com reforço na produção

Estratégia permite crescimento no volume e na receita das exportações

No momento em que a balança comercial do agronegócio acumula retração em seus principais produtos – grãos e carnes –, o setor florestal sustenta linha de crescimento. Diante da desvalorização do real perante o dólar, o segmento amplia a participação nas exportações e tenta compensar retração no mercado interno. O quadro dá margem para novos investimentos das indústrias mesmo diante de entraves como a alta nos custos de produção e a queda nos preços médios de venda.

Os dados das exportações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam: o setor florestal exportou e faturou mais, embora a produção tenha perdido valor (em dólar). Entre janeiro e julho deste ano, os embarques renderam 3,2% mais em valor (US$ 5,9 bilhões) e salto de 9,7% em volume (para 10,7 milhões de t). Os preços médios, contudo, caíram 5,9% (US$ 556 por t.).

Peso elevado dificulta transporte de toras por estradas de chão, pressionando competitividade logística da indústria.

“A intenção é utilizar as áreas de mata para negociações, e não conversão. Ou então para trabalhar com produtos não madeiráveis, como erva-mate e mel. Isso tiraria a pressão das áreas produtivas do estado”, diz Gilson Geronasso, vice-presidente da Remasa Reflorestadora.Indústria quer fornecer áreas verdes para recomposição

“O mercado interno está parado, então muitas empresas direcionaram a produção para a exportação, que ficou mais favorável com a valorização do dólar”, contextualiza o gerente executivo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Ailson Loper. “Mas não houve uma compensação total e, com o grande aumento da oferta externa, os preços caíram”, complementa. O Paraná, junto com Santa Catarina, detém 80% dos embarques nacionais.

O ganho externo também é rebatido pelo aumento nos custos de produção da atividade – em um ano o gasto subiu 17%, conforme avaliações de consultorias privadas.

Diante desse cenário, o setor tem garantido o equilíbrio ajustando a base da produção, aproveitando a flexibilidade da atividade. “Diferentemente da agricultura, na silvicultura você pode enxugar a oferta, reduzir custos, e a floresta continua crescendo. Assim é possível otimizar a operação quando o mercado está desfavorável”, pontua Gilson Geronasso, vice-presidente da Remasa, empresa reflorestadora com sede em Bituruna (Centro-Sul do Paraná).

Geronasso usa a empresa como exemplo para confirmar que a operação ajustada não significa freio nos investimentos. Vinculada ao grupo Tree Florestal, a Remasa acabou de encerrar um ciclo de expansão que durou dois anos e permitiu que a área dedicada às florestas fosse dobrada, chegando a 35,9 mil hectares em todo o Paraná.

O incremento ocorreu graças à compra de ativos, em uma operação que movimentou R$ 200 milhões. “A madeira é uma commodity, e como é padrão nesse mercado, a produção em escala faz toda a diferença”, pontua.

Com a ampliação de área, a empresa poderá produzir 600 mil toneladas de madeira por ano. “Estamos prontos para atender a demanda por toras quando o mercado precisar”, salienta.

US$ 5,9 bilhões ou 11% do total de US$ 52,4 bilhões faturados pelo agronegócio com exportações no primeiro semestre vieram do setor florestal. Considerando a mesma época do ano passado, esse índice era de 10%. Setor amplia participação mesmo dentro do agro, que vem mostrando mais fôlego que outros segmentos frente à crise econômica. Isso embora não esteja livre da queda na receita por tonelada embarcada.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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