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Sem potássio, campo importa 70% dos adubos que utiliza

A carência de potássio no solo brasileiro dificulta a perspectiva do Brasil de diminuir sua dependência de importações de fertilizantes, que hoje representam 70% de todo o consumo interno. Apesar de o setor ter anunciado no ano passado investimentos na ordem de US$ 18,9 bilhões, que podem reduzir essa proporção para 36,5% até 2017, as projeções são menos animadoras para o curto prazo.

Segundo estimativa feita pela consultoria GO Associados, até o fim do ano o setor de fertilizantes deverá produzir 9,9 milhões de toneladas, uma ligeira variação positiva de 2% com relação ao volume produzido no ano passado. Já as importações são estimadas em 20,4 milhões de toneladas, alta de 4%, ou o equivalente a 66,8% de todo o consumo projetado para o fim de 2013.

Segundo Fabio Silveira, diretor da consultoria, "o mercado está praticamente andando de lado. A posição está acompanhando a evolução modesta do mercado domestico". Não há muito fundamento para elevar sua produção de maneira importante".

Mas os números deste ano indicam um mercado mais aquecido. Desde janeiro até julho, foram entregues aos produtores agrícolas 15,1 milhões de toneladas de fertilizantes, aumento de 5,5% em relação a 2012. Já a produção nacional no mesmo período foi de 5,437 milhões de toneladas, crescimento de apenas 1,5%. A importação, por sua vez, ficou em 11,8 milhões de toneladas, num aumento 13,2%, de acordo com a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). Dessa forma, as importações representaram 77,9% do total de fertilizantes consumidos pelo campo – acima da proporção do ano passado.

Em 2012, a agricultura consumiu 29,5 milhões de toneladas de fertilizantes. Desse total, 9,7 milhões de toneladas foram produzidas aqui e 19,5 milhões de toneladas foram importadas.

Insumos importados

O País importa 93% do potássio, 51% dos fosfatados e 78% dos nitrogenados consumidos, segundo dados oficiais. E não por acaso: o cenário favorável desenhado pelas indústrias do setor esbarra na qualidade das jazidas exploradas, com baixo teor de nutrientes.

"Não possuímos potássio em volume suficiente para extração e ficamos dependentes da compra externa", lembra David Roquetti, presidente da entidade.

O economista Fabio Silveira afirma que, para contornar a deficiência de potássio, o País "teria que aumentar a produção de petróleo e de nafta". "Mas o Brasil está tendo problemas para aumentar a produção de petróleo e derivados", observou.

Os projetos em andamento, além de exigirem maturação de três a sete anos, requerem capital intensivo para funcionar. Alguns dos principais competidores do Brasil têm menor dependência da importação: os Estados Unidos compram 43% dos fertilizantes; a Índia, 36%; e a China, apenas 7% do consumo dos produtos destinados ao consumo final.

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) pode decidir, nos próximos dias, a restauração da Tarifa Externa Comum (TEC), suspensa em 2006, sobre várias matérias-primas, entre elas de fertilizantes. Os ministérios contrários à recomposição argumentam que, dependendo do período e do produto, paga-se no Brasil o triplo do preço no mercado internacional. Os industriais dizem que a "zeragem" da TEC fazia sentido apenas em um momento de baixa rentabilidade da produção agrícola. A taxa de retorno, segundo o setor, é pouco atrativa.

Fábrica de amônia

A presidente Dilma Rousseff confirmou na segunda-feira (12) a escolha de Uberaba (MG) para a construção de uma fábrica de amônia da Petrobras.

A presidente disse que Uberaba "é um polo na produção de rocha fosfática" e pode "atender a demanda de Minas, Goiás, Mato Grosso, Tocantins e uma parte de São Paulo", que consomem cerca de 75% da amônia produzida.

DCI

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