Um evento promovido pelo governo do Paraná, nesta terça-feira (31), celebrou um ano do reconhecimento internacional do Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação. Certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o status é resultado de décadas de esforços conjuntos do poder público e do setor produtivo, na estruturação do sistema estadual de defesa sanitária. A chancela abriu caminho para que o Estado – maior produtor de proteína animal do país – se credenciasse a disputar novos mercados internacionais não só aos produtos da bovinocultura, mas de outras cadeias, como suinocultura, avicultura e piscicultura.
Realizado no Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, em Curitiba, o evento contou com a participação do governador Carlos Massa Junior; do presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette; do secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; do presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Martins, entre outras autoridades políticas e de representantes de entidades do setor agropecuário.
Em seu discurso, Meneguette destacou que o reconhecimento internacional do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação foi um esforço conjunto do governo e da iniciativa privada, principalmente a partir dos produtores rurais. O presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR também mencionou o impacto econômico que a chancela internacional deve trazer ao setor agropecuário e, por conseguinte, à economia do Estado.
“Para um futuro próximo, os ganhos de nosso esforço sanitário já estão claramente definidos, com as plantas agroindustriais que deverão entrar em funcionamento, a ampliação das já existentes e com os investimentos que os produtores rurais fizeram e estão fazendo para abastecer esse parque fabril”, disse Meneguette, que também apontou a necessidade de manter firme a vigilância. “Isso é uma vitória de todos e, evidentemente, traz uma responsabilidade muito maior: manter a conquista é até mais difícil do que a própria conquista”, acrescentou.
O governador Carlos Massa Junior lembrou que o reconhecimento internacional é fruto de um processo iniciado na década de 1950, quando produtores rurais começaram a se organizar de forma mais efetiva. Tudo isso culminou com a consolidação do sistema estadual de sanidade agropecuária, preparando o Paraná para uma nova etapa produtiva. Além de o Estado se notabilizar como um grande produtor de produtos agropecuários, o governador vislumbra um próximo passo.
“A gente não quer ser mais apenas um grande produtor de alimentos. Nós queremos ser o supermercado do mundo. Queremos industrializar tudo o que produzimos. Tudo o que temos de matéria-prima passe por uma grande fábrica e que a possamos entregar isso embalado, refrigerado para o planeta”, disse. “O reconhecimento internacional foi um trabalho estratégico que tem muito do passado, mas também muito de presente, olhando para o futuro”, definiu.
Os investimentos que começaram a ser feitos nos últimos anos, já de olho no reconhecimento internacional, foi o destaque citado pelo secretário Norberto Ortigara. Na avaliação dele, o Paraná precisa, agora, centrar esforços na abertura de novos mercados internacionais. Ortigara também garantiu que o Estado está preparado para fornecer produtos agropecuários para mercados mais sofisticados.
“Nós não trabalhamos para ter um selo na parede, um certificado bonitinho. Trabalhamos para gerar oportunidade de emprego, renda e agregar valor ao que produzimos”, disse. “Volume [de produção], nós temos. Qualidade, nós temos e vamos continuar melhorando. Agora, temos a sanidade reconhecida e mantida. Também temos preço. Agora, falta exercitarmos o papel de caixeiro-viajante, com a maletinha debaixo do braço, com o bom propósito de disputar os mercados internacionais”, avaliou.
Adapar
O evento também marcou os 10 anos de criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), autarquia estadual que tem por finalidade fiscalizar e promover a inspeção sanitária dos produtos de origem animal, além de fomentar a prevenção, o controle e a erradicação de doenças nas cadeias animal e vegetal. O presidente da entidade, Otamir César Martins, enalteceu seus servidores, que estão “24 horas por dia, sete dias por semana, trabalhando na vigilância ativa para preservar esse status sanitário”.
“A sanidade é um ativo para os produtos agropecuários paranaenses e, com este atributo, podemos inserir o nosso agro nos mercados que melhor remuneram. Estamos construindo o futuro”, apontou Martins.
Esforços conjuntos
A consolidação do sistema sanitário do Paraná é resultado de uma extensa trajetória, que congregou esforços das esferas pública e privada, em torno do objetivo comum de tornar o Estado uma referência em sanidade animal. Nesse sentido, o Sistema FAEP/SENAR-PR foi pioneiro, ao investir em diferentes frentes que tornaram a sanidade agropecuária uma prioridade aos diferentes governos que passaram pelo Palácio Iguaçu. Ao mesmo tempo, a entidade auxiliou em ações que exigiram mobilização, coordenou missões de lideranças políticas e administrativas e promoveu viagens para técnicos e produtores, fomentando a cultura da importância da sanidade animal para o agronegócio.
Um dos destaques dessa mobilização foi a criação do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), que mantém recursos para o estabelecimento de políticas ou para indenizar produtores caso sejam necessários abates sanitários emergenciais. Outro ponto importante foi a sanção da Lei 11.504/96 – a chamada Lei da Sanidade –, que permitiu um aperfeiçoamento e modernização dasnormas e regras, facilitando ao produtor cumprir as responsabilidades na manutenção sanitária.
Paralelamente, o SENAR-PR passou a colaborar de forma efetiva na formação técnica de profissionais. Foram centenas de treinamentos e capacitações, contribuindo de forma substancial para a formação de recursos humanos da defesa sanitária paranaense, além de contribuir na formação da consciência sanitária dos produtores. Com esses esforços coletivos, o número de casos de febre aftosa no Paraná chegou a zero ainda em 1996.
Na última década, esse processo ganhou fôlego na última década, mirando a conquista do reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação. Para conquistar o reconhecimento internacional, o Paraná precisou praticamente fechar suas fronteiras, com a instalação de Postos de Fiscalização de Transporte Animal (PFTA), nas divisas do Paraná com outros Estados, e aumentar a vigilância com a reativação dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSAs).
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