Os frutos da primeira safra de lideranças femininas no Paraná já foram colhidos e estão prestes a gerar uma nova lavoura da mobilização de mulheres. Isso ficou evidente diante do engajamento das 270 participantes de 95 comissões locais de mulheres no 3º Encontro Estadual de Coordenadoras da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF), realizado no começo de abril, em Curitiba. O evento foi uma amostra das transformações no sistema sindical rural paranaense e na agropecuária estadual.
Desde a sua criação em 2021, a CEMF já estimulou o surgimento de 101 comissões locais, cada uma vinculada a um sindicato rural, reunindo mais de 3,3 mil produtoras rurais. Nesse trabalho, o Sistema FAEP tem sido protagonista, fomentando a mobilização e apoiando as ações pelas regiões do Paraná por meio da elaboração de um planejamento estratégico individualizado, que leva em conta o contexto regional.

Para o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, a trajetória de sucesso que as mulheres do agro vêm trilhando no Paraná é fundamental para o fortalecimento do sistema sindical rural. Segundo o dirigente, o papel feminino no agronegócio vai além da representatividade, permitindo impulsionar a inovação, eficiência na gestão e desenvolvimento sustentável nas propriedades rurais.
“No Sistema FAEP, temos trabalhado para que as mulheres ocupem espaços de liderança, tenham voz ativa e participem das decisões estratégicas e do desenvolvimento de políticas e ações para o setor agropecuário, dentro e fora da porteira”, aponta Meneguette.
O papel feminino no agronegócio vai muito além da representatividade. As mulheres são impulsionadoras de inovação, eficiência na gestão e desenvolvimento sustentável. No Paraná, esse impacto já pode ser visto em diversas frentes, desde a administração de propriedades rurais até a atuação em conselhos municipais e entidades representativas.
Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP
Os números comprovam o sucesso deste movimento feminino no meio rural paranaense. Nos últimos anos, ocorreu o aumento expressivo na criação de grupos locais, que saltaram de 19, em 2020, para os 101 atuais. Nas comissões técnicas do Sistema FAEP, a participação passou de 65 para 95 integrantes femininas, crescimento superior a 40%. Nos cargos de diretoria em sindicatos, a tendência também é positiva.
Segundo a coordenadora estadual da CEMF, Lisiane Rocha Czech, que também ocupa os cargos de vice-presidente do Sistema FAEP e presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares, o esforço para construir uma base sólida de mobilização tem atraído novas integrantes à mobilização feminina.
“O segredo do grupo é não pensar individualmente, mas de forma coletiva na hora de elaborar projetos e ações. Desta forma, estamos focando nas próximas gerações, nos organizando e nos preparando para um futuro melhor para cada produtora e produtor rural e para o nosso setor”, destaca.

Essa realidade também está presente nos eventos realizados pelo Sistema FAEP. No Encontro Estadual de Líderes Rurais, realizados em dezembro de 2024, as mulheres responderam por mais de 70% dos 4 mil participantes. Na 4ª edição do Encontro Regional de Líderes Rurais, que passou por 11 municípios de diferentes regiões entre junho e julho do ano passado, as produtoras rurais representaram 59,7% dos 2.401 participantes provenientes de 202 municípios.
Encontro de coordenadoras
O fortalecimento da rede de contatos foi o principal trunfo do 3º Encontro Estadual de Coordenadoras da CEMF, que bateu recorde de público. Na primeira edição, em 2023, em Campo Mourão, 164 mulheres estiveram presentes. O número saltou para 210 coordenadoras locais na segunda edição, em 2024, em Curitiba. Agora, em 2025, também na capital paranaense, 270 histórias se cruzaram para gerar inspiração entre as produtoras rurais de todas as regiões do Paraná.

No caso de Caroline Belinato, de Barbosa Ferraz, o pontapé inicial para fazer parte da CEMF ocorreu durante o Encontro Estadual de Líderes Rurais de 2022. “Vendo a movimentação feminina, surgiu o interesse de fazer nossa parte. Hoje, temos 22 mulheres integrantes da nossa comissão local”, celebra Caroline.

Com adesão ao movimento feminino ainda em 2021, Franciele Greice de Azevedo, de Realeza, é uma veterana da mobilização sindical. O grupo local da qual faz parte já conta com 75 mulheres. “Temos encontros trimestrais, nos quais fazemos palestras de diferentes temas sugeridos pelas integrantes. Além disso, passamos a fazer um evento anual, com participação de mais de 250 mulheres já na primeira edição. Assim, nosso intuito é aproximar novas possíveis integrantes do grupo local”, explica Franciele.

Já Edimara Mendes, de Ipiranga, faz parte da diretoria do sindicato rural local, além de ser uma das coordenadoras do grupo de mulheres no município. “Começamos em 2021 e, desde então, somos bem ativas. O nosso sindicato está bem participativo nas ações da CEMF, fortalecendo as ações e promovendo viagens técnicas e palestras com o intuito de ampliar o engajamento e proporcionar maior nível de conhecimento às participantes”, detalha Edimara.
Sindicato Protagonista está com inscrições abertas para 2ª edição
O Sistema FAEP lançou, em abril de 2024, o projeto Sindicato Protagonista, uma iniciativa que nasceu dentro das ações realizadas pela CEMF e faz parte do Programa de Sustentabilidade Sindical (PSS). No primeiro ciclo do projeto, ainda em andamento, 70 sindicatos estão inscritos.
Cada entidade, com a ajuda de uma consultoria indicada pelo Sistema FAEP, definiu um planejamento estratégico próprio. Ao fim dos trabalhos, aquelas que atingirem essas metas estabelecidas serão reconhecidas com um selo de destaque.
O segundo ciclo do Sindicato Protagonista está com inscrições abertas. Os sindicatos que já participaram da primeira edição poderão dar continuidade com novas metas. As entidades que forem participar pela primeira vez começam o processo do zero.
A expectativa do Sistema FAEP é superar o número de sindicatos da primeira edição do projeto. A novidade é que sindicatos que não têm comissão de mulheres também poderão participar. Confira mais detalhes do Sindicato Protagonista no site do Sistema FAEP.
Premiação reconhece integrantes da CEMF
A lista de vencedoras do Prêmio 100 Mais Influentes do Agronegócio 2025 conta com duas integrantes da CEMF. A coordenadora do colegiado Lisiane Rocha Czech e a integrante de comissão local Carla Rossato estão entre profissionais que se destacaram no setor ao longo do último ano.
A iniciativa promovida pela Agro World e pelo Grupo Mídia, desde 2023, destaca as personalidades que impulsionam o setor no Brasil. Os homenageados são escolhidos por meio de votação aberta e pesquisa de mercado. Para serem indicados, é necessário ter realizado ações de impacto nos 12 meses anteriores à premiação.
Lisiane Rocha Czech é produtora de leite, gestora e proprietária da Fazendinha Sofia. Além de coordenadora estadual da CEMF, Lisiane é vice-presidente do Sistema FAEP e presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares. “Esse prêmio reafirma que somos capazes e temos muito a contribuir para um agronegócio cada vez mais forte”, destaca Lisiane.
Já Carla Rossato, de Sertanópolis, na região Norte do Estado, é produtora de soja, milho e bovino de corte. “O apoio do Sistema FAEP fortalece o produtor e fazer parte da comissão, desde o início, é um orgulho para mim. Quero seguir crescendo junto com essas mulheres e fortalecendo o sistema sindical”, afirmou Carla.
CEMF serve de inspiração local e nacional

Além das histórias inspiradoras das participantes, a programação do 3º Encontro Estadual de Coordenadoras da CEMF contou com a presença de mulheres protagonistas do agronegócio paranaense. Cleonice Schuck, ex-prefeita de Fernandes Pinheiro, uma das proprietárias do Grupo Anila e presidente do sindicato rural do município, compartilhou sua história, mostrando que é possível superar os desafios. “Todas buscam inspiração em outras mulheres, que já sofreram, riram, choraram, fracassaram ou tiveram sucesso em seus negócios empresariais. Tudo serve de lição quando sabemos aproveitar as oportunidades para o nosso crescimento pessoal”, ensina Cleonice.
A vice-presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Simone Carvalho de Paula enfatizou que quase a totalidade dos Estados conta com comissões estaduais, a maioria inspirada no Paraná. “Nosso objetivo é o fortalecimento da mulher, transformando sempre sua capacidade política e empreendedora”, enfatiza Simone. A programação também contou com palestras com técnicos e consultores do Sistema FAEP, com o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, uma palestra sobre a história da produtora rural Anaí Bacci Naves e da agrônoma e produtora rural Maristela Hikishima.
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