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Safra de inverno nas ‘mãos’ das águas de maio

Abril passou sem chuvas generalizadas no Paraná e produtores já começam a contabilizar as perdas no milho safrinha e feijão. Pastagens também sofrem com a seca

Há muito tempo as águas de maio não eram tão esperadas como neste ano. Produtores rurais de praticamente todas as regiões do Paraná estão na expectativa da normalização no regime de chuvas. Na maioria dos lugares, o fenômeno meteorológico não ocorre de forma significativa desde o dia 1º de abril. A previsão é que a situação se normalize apenas nos últimos 10 dias de maio. No caso do milho safrinha, em fase crítica de desenvolvimento das espigas, mesmo que a precipitação volte ao normal, o cultivo já tem perdas registradas. O mesmo ocorre com o feijão. Onde a pecuária é mais forte, as pastagens também penam e já exigem alternativas por parte dos produtores para alimentar os animais.

O problema maior está nas partes do Estado que dedicam áreas significativas a segunda safra de milho. Ao todo, os produtores paranaenses dedicaram 2,14 milhões de hectares ao cultivo. Somente a região de Londrina é responsável por cerca de 10% desse total, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). “As lavouras estão penando. Já podemos considerar que vamos ter perdas de pelo menos 30% em relação à estimativa inicial”, diz Narciso Pissinati, presidente do Sindicato Rural
de Londrina.

Em Toledo, no Oeste, o prejuízo também já é certo, conforme aponta Nelson Paludo, presidente do Sindicato Rural do município. A região é responsável por 424 mil hectares, ou seja, em torno de 20% da área de milho safrinha do Estado. “Nós até tivemos algumas chuvas isoladas, de forma bastante irregular. Mesmo se o tempo se normalizar em breve, ainda assim as perdas devem ficar em torno de 30% a 40%”, destaca o dirigente. A situação também é crítica no Sudoeste, como relata o presidente do Sindicato Rural de Pranchita, Ademar Valdir Lange. “Até já acionamos a prefeitura para ver que medidas podemos tomar em conjunto, como alguma forma de crédito de emergência. No nosso caso, além das perdas com o milho [boa parte para silagem, no caso da região], o plantio do trigo está atrasado. Tem muito produtor semeando no pó a espera da chuva. E as pastagens estão sofrendo muito. A preocupação é, que se o milho não for bom, não será possível fazer uma silagem de boa qualidade para os meses mais frios”, descreve.

No Noroeste do Paraná, o presidente do Sindicato Rural de Altônia, Braz Reberte Pedrini, comenta que o principal cultivo afetado na localidade é o milho. Mas, segundo o dirigente, há perdas em praticamente todas as atividades agropecuárias, com exceção da mandioca, cultura mais resistente à estiagem. “Se não chover logo, tem produtor que vai perder tudo. As pastagens também estão sofrendo. Se continuar essa seca, nós vamos ficar em uma situação delicada. E no nosso caso é pior porque estamos no Arenito Caiuá, um solo arenoso, no qual a seca tem um efeito mais intenso”, detalha.

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Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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