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Safra americana entra em fase decisiva

A nova safra de grãos dos Estados Unidos, que pode significar um divisor de águas na tendência para os preços agrícolas internacionais no médio e longo prazos, enfrenta seu maior teste nas próximas semanas.

Até o fim do mês, a maior parte dos 39,4 milhões de hectares plantados com milho no Meio-Oeste entra em sua fase de polinização, quando se define o potencial produtivo das lavouras. Nesse estágio, problemas como calor excessivo e falta de chuvas por algumas semanas podem reduzir drasticamente o tamanho da produção.

Por essa razão, tradings, produtores e, sobretudo, especuladores estão debruçados sobre os boletins meteorológicos em busca de pistas sobre o clima no "Corn Belt" para os próximos dias.

A tensão no mercado recrudesceu na última semana, depois que uma onda de calor e estiagem no sudoeste do cinturão agrícola levou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a diagnosticar uma pequena piora na condição das plantações de milho e soja em Estados como Nebraska, Iowa, Kansas e Missouri.

Na terça-feira, o chamado modelo climático europeu previu – em oposição ao americano – que as condições continuariam predominantemente desfavoráveis na região por mais duas semanas, o que impulsionou os preços dos grãos na bolsa de Chicago. "Julho é o mês decisivo para o milho e agosto, para a soja", afirma Daniel D"Ávila, analista de commodities da corretora Newedge USA, em Nova York

Ontem, entretanto, o modelo europeu sinalizou uma maior probabilidade de chuvas e temperaturas mais baixas para o fim de semana em regiões afetadas pelo clima hostil dos últimos dias, abrindo caminho para que os preços cedessem.

Os contratos de milho com vencimento em setembro (contra os quais serão entregues os primeiros lotes da nova safra) fecharam em baixa de 1,7%, a US$ 5,02 por bushel. O trigo para entrega no mesmo mês recuou 0,7%, a US$ 6,7775 por bushel, enquanto a soja registrou queda de 0,47%, cotada a US$ 13,2925 por bushel.

A tendência é que os preços continuem voláteis no curto prazo. "A incerteza é muito grande. Nenhum dos mapas é claramente favorável ou desfavorável neste momento. Até que todos apontem na mesma direção, é impossível apostar em alguma direção para os preços", observa Daniel D"Ávila.

Em 2012, os produtores americanos perderam quase 100 milhões de toneladas de soja e milho devido a uma forte estiagem durante o verão, o que provocou uma escalada nos preços internacionais dos grãos. Com a safra de 2013, o mercado projeta não apenas a recomposição dos estoques globais – em níveis historicamente baixos – como uma forte queda nos preços dessas commodities.

De acordo com o USDA, os americanos podem colher quase 355 milhões de toneladas de milho (quase duas vezes toda a safra de grãos do Brasil) e 92 milhões de toneladas de soja – um recorde absoluto. Por essa razão, desde o começo do ano, o milho acumula desvalorização de 28,3% no mercado futuro de Chicago. Trigo e soja caíram 13,9% e 5,7%, respectivamente.

O USDA prevê que, confirmadas as estimativas de produção, o preço médio do milho nos Estados Unidos pode cair a US$ 4,70 por bushel na safra 2013/14, quase 32% menos que na safra 2012/13. Alguns economistas acreditam, porém, que o preço pode testar níveis na faixa de US$ 3 por bushel. No caso da soja, o USDA projeta um preço médio de US$ 10,50 por bushel, queda de 26% em relação ao exercício anterior, mas não são poucos os analistas que vislumbram cotações na faixa de US$ 9,50 por bushel.

Para que isso aconteça, no entanto, será necessário que o clima contribua nas próximas semanas. "O risco de perdas é menor neste ano porque, ao contrário do que aconteceu no ano passado, choveu muito durante o plantio. De todo modo, vai ser um problema se não chover", afirma D"Ávila.

 
Valor Econômico 

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