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Análise: relatório do Usda não impacta nos preços no Brasil

Departamento norte-americano confirmou a redução das safras de soja nacional, na Argentina, no Paraguai e no próprio Estados Unidos

O tão aguardado relatório de oferta e demanda mundial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) acabou não tendo grande efeito sobre as cotações da soja após sua divulgação no dia 8 de fevereiro. O mercado já esperava os números divulgados, portanto, não houve novidade que impulsionasse os preços positivamente.

Soja
A menor produção no hemisfério Sul (Brasil, Paraguai e Argentina) efetivamente se confirmou e também foi reduzida a estimativa de safra dos Estados Unidos. Do lado dos grandes importadores, as mudanças mais significativas foram para a China. A estimativa de importação do país foi reduzida de 90 para 88 milhões de toneladas e o consumo doméstico diminuído de 109,6 para 106,1 milhões de toneladas.

Com isso, o estoque final acabou sendo elevado em 7%, para 21,22 milhões de toneladas. Para o Brasil, a quebra de produção em relação à estimativa anterior foi de 4%. Então por que a Bolsa de Chicago não respondeu com alta? Porque, os estoques finais da safra 2018/19 foram elevados em 13%, decorrente da revisão para cima do estoque inicial e redução de 2% da estimativa de exportação.

Para a Argentina, a produção foi reduzida em 1%, o que não se deve à quebra propriamente dita, mas a desistência de plantio devido ao excesso de chuvas. Ao contrário do Brasil, o estoque inicial da safra e, consequentemente, o estoque final reduziu em 28%. As exportações foram elevadas em 26%, uma vez que a Argentina também teve incremento de seus embarques para a China. No Paraguai, a perda em relação à estimativa anterior de produção foi fixada em 3%, que corresponde ao mesmo percentual de redução das exportações do país.

Trigo
Para o trigo, a oferta e demanda mundial não sofreram grandes alterações. Os números foram revistos, mas sem mudanças percentuais significativas. A produção foi projetada em 734,75 milhões de toneladas, com pequeno aumento de 1,34 milhões de toneladas. Em contrapartida, o consumo doméstico dos países foi elevado para 747,23 milhões de toneladas e as exportações para 178,67 milhões de toneladas.

Para a safra brasileira, o Usda elevou em 13% a estimativa de produção para 5,43 milhões de toneladas (anteriormente era de 4,80 milhões de toneladas). As exportações também foram ampliadas em 67% de 300 mil toneladas para 500 mil toneladas. O estoque final da safra está projetado em 1,64 milhões de toneladas.

A Argentina, nosso maior fornecedor de trigo, teve a estimativa de produção reduzida em 2%, para 19,2 milhões de toneladas. As exportações tiveram um corte de 1% e, agora, projetadas em 14 milhões de toneladas. O estoque final foi fixado em 500 mil toneladas, 47% inferior ao da safra passada.

A Rússia, maior exportador mundial, teve sua produção elevada para 71,6 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior (+2%), com exportação de 37 milhões de toneladas e estoque final de 6,47 milhões de toneladas, 20% maior que o previsto anteriormente. Os Estados Unidos, 2° maior exportador, mantiveram a estimativa de produção em 51,29 milhões de toneladas e de exportações de 27,22 milhões de toneladas. Porém, uma perspectiva de consumo interno 3% menor, acarretou aumento do estoque final para 27,5 milhões de toneladas frente aos 26,52 milhões de toneladas estimados anteriormente.

Milho
Para o milho, tão pouco houve alterações significativas de dezembro para este relatório. A produção mundial foi corrigida para baixo em 300 mil toneladas, e agora está estimada em 1,099 bilhões de toneladas.

As exportações mundiais foram elevadas em 1%, para 167,36 milhões de toneladas, resultado direto de um incremento das exportações da Argentina de 28 para 29 milhões de toneladas. Ainda assim, o estoque final da safra de milho argentina teve um aumento de 58% para 7,08 milhões de toneladas, uma vez que foram revistos para cima o estoque inicial e a produção, que passou de 42,5 milhões de toneladas para 46 milhões de toneladas.

Para o Brasil, a produção da safra 2018/19 permaneceu inalterada em 94,5 milhões de toneladas, bem como as exportações em 29 milhões de toneladas e o consumo interno em 66,5 milhões de toneladas. Por outro lado, foi reduzido em 1 milhão de toneladas o estoque de passagem da safra 2017/18, resultando em igual redução do estoque final da safra 2018/19 para 8,02 milhões de toneladas.

Para os Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial, a produção da safra foi reduzida em 5,23 milhões de toneladas, passando para 366,29 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior.

Leia a análise completa no Boletim Informativo.

Antonio Senkovski

Repórter e produtor de conteúdo multimídia. Desde 2016, atua como setorista do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial) em veículos de comunicação. Atualmente, faz parte a equipe de Comunicação Social do Sistema FAEP/SENAR-PR. Entre as principais funções desempenhadas estão a elaboração de reportagens para a revista Boletim Informativo; a apresentação de programas de rádio, podcasts, vídeos e lives; a criação de campanhas institucionais multimídia; e assessoria de imprensa.

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