Sistema FAEP

Reajuste dos preços mínimos dos cafés arábica e robusta volta a pauta do setor

Em 2015, a valorização do dólar e escassez de água para lavouras irrigadas pressionam custos para cima

O preço mínimo das espécies arábica e robusta do café foram debatidos na última quarta-feira (18/3) pelo Conselho Nacional de Café e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em abril de 2014, CNC e CNA realizaram trabalhos com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o próprio Mapa e chegou-se a um custo médio de produção de R$ 343 por saca para o arábica, evidenciando que o preço mínimo de R$ 307 estava defasado.

Custos de produção
Para 2015, com a valorização do dólar, além da escassez de água para lavouras irrigadas, o Conselho apresentou que os custos aumentaram ainda mais, sendo emergencial que o preço mínimo da variedade seja elevado a valores condizentes com os gastos na produção.

Em novembro de 2014, o Conselho Nacional do Café (CNC) se reuniu com especialistas do setor e analisou o estudo produzido pelo coordenador de projetos do Centro de Inteligência em Mercados da Universidade Federal de Lavras (Ufla), engenheiro agrônomo Fabrício Andrade. Na ocasião, ele apresentou os atuais custos de produção que a instituição de ensino apurou em conjunto com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA).

De acordo com o CNC, para o café conilon, diferente do ocorrido com o arábica e após congelamento desde 2009, o preço mínimo da variedade foi reajustado para R$ 180,80 por saca no ano passado, ficando ainda abaixo do custo de produção. Além disso, a escassez de recursos hídricos, a valorização do dólar, que encarece os insumos, e os maiores custos com encargos trabalhistas e sociais têm pesado sobre a cultura e tornado a atividade mais cara, sendo necessária, portanto, nova atualização.

Broca do café
A reunião contou com a presença da atual ministra, Katia Abreu e na ocasião, o CNC abordou, ainda, o problema a prorrogação da Portaria nº 188 do Mapa, que decreta estado de emergência fitossanitária, relacionada à broca (Hypothenemus hampei), para Minas Gerais. Na sexta-feira (19/3) da mesma semana, a ministra assinou nova portaria, a de nº 80, publicada no Diário Oficial da União prorrogando por um ano o prazo da vigência.

Essa medida é fundamental para que os produtores do principal estado cafeeiro do Brasil possam ter condições de controlar a praga, haja vista que, desde a proibição da comercialização do Endosulfan, até então único produto com eficácia no combate à broca, os cafeicultores brasileiros não possuíam substitutivos. O CNC agradece o posicionamento da ministra Kátia Abreu nessa demanda, assim como enaltece o trabalho do secretário de Defesa Agropecuária, Decio Coutinho, e do diretor do Departamento de Sanidade Vegetal, Luis Rangel, que foram essenciais para a adoção dessa importante medida.

Linhas De Financiamento
O presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, tratou, ainda, das questões das linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A esse respeito, anotamos a necessidade de anúncio e liberação dos recursos de forma única, evitando maiores especulações no mercado, após consenso entre os titulares do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), e em tempo hábil e de acordo com as necessidades do setor.

Banco de germoplasma
Também abordamos as negociações entre a Embrapa e a World Coffee Research (WCR) no encontro com a ministra. No que tange a essa matéria, Silas Brasileiro se posicionou contrário à entrega de nossas vantagens tecnológicas, obtidas em 100 anos de pesquisa, a países concorrentes, haja vista que produzimos café sob as mais rígidas leis ambientais e sociais — que aumentam nossos custos —, sendo a tecnologia a nossa única vantagem competitiva frente a outras nações cafeeiras, as quais não alcançam nosso nível de produtividade. Além disso, não vemos como coerente essa troca de conhecimentos, quando temos imensa vantagem sobre os demais produtores. Por que, então, esse fornecimento tecnológico gratuito quando nossos concorrentes não têm que arcar com nossos custos ambientais e sociais adicionais aos deles?

Leilão De Estoques Públicos
A Conab comunicou que realizará, na próxima quarta-feira (25/3), um leilão para a venda de mais de 40 mil sacas de café dos estoques públicos, que se encontra armazenado nas unidades da estatal em Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Cientes dos elevados custos para a manutenção desses produtos, fomos favoráveis à medida em reuniões realizadas em outubro de 2014, quando o café estava acima de US$ 2,00 por libra-peso na Bolsa de Nova York. Entretanto, elucidamos que as definições para a implantação técnica do pregão deveriam ser debatidas com o segmento privado da cafeicultura. Porém, tal fato não ocorreu e o edital saiu com um vício quando não citou que esses cafés estão desmerecidos em razão do longo período de armazenagem.

Fonte: CaféPoint

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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