Sistema FAEP

Reabertura da fábrica de fertilizantes no Paraná terá pouco impacto no campo

Unidade localizada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, utiliza subproduto da refinaria para fabricação de nitrogenados

Em junho desse ano, a diretoria da Petrobras aprovou o retorno às atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), localizada na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A ideia é que a planta, em hibernação desde 2020, volte à operação no segundo semestre de 2025. A unidade tem capacidade de produção de 720 mil toneladas de ureia e 475 mil toneladas de amônia por ano, além de 450 mil m³/ano de Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32), produto utilizado para reduzir as emissões de veículos a diesel. Para a fabricação desses produtos, a planta utiliza como matéria-prima o resíduo asfáltico (Rasf) proveniente da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).

Apesar da expectativa em relação à retomada da produção de ureia no Paraná, a entrada da produção da Ansa no mercado de fertilizantes deve significar pouco na ponta da produção rural. “Não muda nada para o produtor. Ela não vai vender [a ureia] direto para o produtor, vai vender para o setor de adubos e nós vamos fazer a conta se vale a pena comprar dela ou se importar é melhor”, aponta o presidente do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos), Aluísio Schwartz Teixeira.

Os fertilizantes nitrogenados são amplamente utilizados na produção de gramíneas como trigo, milho, cevada, pastagens, além de hortaliças. Em 2023, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), foram entregues 543.875 toneladas desses produtos no mercado. No Brasil, 5,81 milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados foram utilizados.

Dependência internacional

Atualmente, o Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, considerando nitrogenados, derivados de fósforo e de potássio. Esses três elementos (representados pelos símbolos N, P e K da tabela periódica) compõem um grupo de macronutrientes fundamentais para o desenvolvimento dos vegetais.

O país importa 90% da sua demanda, principalmente da China, Rússia e Oriente Médio. Para este ano, a previsão é consumir 45,2 milhões de toneladas de NPK. Segundo Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, “o gasto com a importação de fertilizantes representa 40% do custo total de produção de soja e quase 50% no milho”.

Ainda segundo Vizioli, além de um aumento de 10% no volume importado em relação à safra passada, os produtores devem se deparar com um acréscimo de 25% no preço desses produtos por conta das variações cambiais. Em junho deste ano, tomando a praça de Cascavel, na região Oeste, a tonelada da ureia (45% nitrogênio) estava sendo comercializada a R$ 2.212. Na relação de troca com o milho (barter), são necessárias 42 sacas (60 kg) do grão para uma tonelada de ureia. Para adquirir uma tonelada de sulfato de amônio (20% nitrogênio) o equivalente a 29 sacas de milho, enquanto a tonelada de formulados NPK 08-16-16 e NPK 08-20-20 podem ser trocados por 41 sacas e 47 sacas, respectivamente.

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Ansa

Considerada uma planta antiga e com tecnologia defasada, a fábrica de fertilizantes nitrogenados de Araucária foi inaugurada em março de 1982. Em 1993, a unidade foi privatizada, sendo novamente adquirida pela Petrobras em 2013. Durante o governo Bolsonaro, a fábrica foi colocada em estado de hibernação, após tentativas frustradas de vender a unidade. Na época, a Petrobras divulgou que, entre janeiro e setembro de 2019, a Ansa registrou prejuízo de R$ 250 milhões.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

4 comentários

  • Lamentável o comentário do Aluísio Teixeira. Demonstra despreparo para dirigir um sindicato tão importante quanto o de fabricante de fertilizantes. Visão tacanha, de quem só pensa no seu negócio, não pensa no Brasil. Esquece da centena de empregos que a fabrica vai gerar, é divisas que economizamos em importação. Deveríamos ter dezenas de fabricas como exportar e não importar. Empresários como ele o Brasil pode dispensar, não pensa no Brasil. Muito triste.

    • Caro Jorge,

      obrigado pela sua mensagem.

      A produção nacional de fertilizantes precisa ser fomentada.
      O Sistema FAEP/SENAR-PR tem acompanha, há décadas, esse processo.
      Afinal, o aumento da produção nacional significa redução da dependência internacional e mais segurança na hora do agricultor planejar a safra.

      Seguimos acompanhando o tema.

  • Pensando assim, todos podem escolher o preço de tudo, quando quiserem! O entrevistado quer tratar com desdém o fato de voltarmos a produzir matéria prima de fertilizantes, um produto sempre estratégico , cujo principal produtor no mundo está em guerra!

    • Caro Weverton,

      primeiro, obrigado pela sua mensagem.

      A produção nacional de fertilizante precisa ser fomentada, para diminuir a dependência internacional.
      Desta forma, os agricultores do Paraná e do Brasil poderão ter um pouco mais de segura para planejar a safra.
      O Sistema FAEP/SENAR-PR segue acompanhando o tema.

      Atenciosamente

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