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Quase R$ 200 bi para destravar escoamento de grãos

Esse é o montante para 250 projetos identificados como “essenciais” para destravar o transporte em portos, ferrovias, hidrovias e rodovias e que, se colocados em prática, contribuiriam para a redução em alguns bilhões de reais no custo adicional atribuído hoje ao agronegócio brasileiro

Um estudo sobre os gargalos logísticos no escoamento nacional de grãos, realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), estima em R$ 195,2 bilhões o investimento necessário para tornar o Brasil um país competitivo também “da porteira para dentro”. Esse é o montante para 250 projetos identificados como “essenciais” para destravar o transporte em portos, ferrovias, hidrovias e rodovias e que, se colocados em prática, contribuiriam para a redução em alguns bilhões de reais no custo adicional atribuído hoje ao agronegócio brasileiro.

Intitulado “Transporte &Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho”, o documento analisa a logística do agronegócio com foco nas cadeias produtivas de soja e milho, que têm participação de 85,8% no volume total de grãos produzidos no país e são itens fundamentais na pauta de exportações brasileiras.

Ao longo dos últimos meses, a CNT coletou perspectivas de transportadores, embarcadores, entidades governamentais e não governamentais relacionadas ao setor. As entrevistas apontaram para a necessidade de 139 intervenções nos diferentes modais, tendo como escopo quatro rotas de escoamento: Centro-Oeste, Paraná, Rio Grande do Sul e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia).

A CNT, por sua vez, identificou outras 111, totalizando 250 projetos e R$ 195,2 bilhões necessários para a adequação das atuais rotas. Portos e ferrovias estão entre os que mais demandariam investimentos. Para as ferrovias, a entidade rastreou 67 projetos e a necessidade de aportes de R$ 80,1 bilhões. Para portos, 75 e R$ 18,8 bilhões. Para navegação interior, 46 projetos e R$ 34 bilhões necessários. E para rodovias, 48 projetos e R$ 60,5 bilhões em investimentos.

“Se forem implementadas, todas as intervenções também irão favorecer o transporte de diversos outros produtos no Brasil, além dos do agronegócio”, diz o estudo.

A qualidade das rodovias – por onde 65% da soja nacional é transportada – é considerada problema grave ou muito grave por praticamente todos os embarcadores entrevistados. A maioria das vias apresenta deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria. Segundo o estudo, apenas a má qualidade rodoviária é responsável por um encarecimento da ordem de US$ 3,8 bilhões dos custos de transporte para o agronegócio.

“As condições do pavimento das rodovias levam a um aumento de 30,5% no custo operacional. Se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões”. O montante corresponde ao valor de quase 4 milhões de toneladas de soja ou a 24,4% do investimento federal em infraestrutura de transporte em 2014.
O Brasil tem 1,7 milhão de km de rodovias, sendo só 213 mil pavimentados (12,4% do total), mostra o estudo. Isso representa cerca de 18 vezes menos densidade que nos EUA. No ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa o 122º lugar em relação a rodovias. Os EUA, o 16º e a Argentina, o 110º.
Outro aspecto negligenciado são as hidrovias, diz a CNT. Dos cerca de 41 mil km de vias navegáveis no Brasil, apenas 53% são economicamente navegados. Problemas climáticos distintos no Norte e no Centro-Sul do país agravaram as condições de navegabilidade, derrubando o transporte de soja, milho e farelo por rios entre 2013 e 2014.
“O estímulo à navegação interior é fundamental para melhorar o escoamento da safra nacional de grãos”, afirma o documento, acrescentando que 40% dos embarcadores de grãos consideram a pouca profundidade dos rios um problema grave ou “muito grave”.

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