Sistema FAEP

Qualidade da carne bovina passa pela sanidade dos rebanhos

CT de Bovinocultura de Corte do Sistema FAEP mira questões sanitárias

Nos últimos quatro anos, os casos de raiva em bovinos estão aumentando no Paraná. Diante deste cenário e de o Paraná ser reconhecimento, desde 2021, como área livre de febre aftosa sem vacinação, a saúde do rebanho estadual esteve no centro das discussões da reunião da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Corte do Sistema FAEP, realizada no dia 30 de janeiro, com a participação de pecuaristas de diversas regiões. Neste ano, a expectativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é tornar todo território nacional área livre da doença sem vacinação.

Durante a reunião, a fiscal de defesa agropecuária e médica veterinária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Elzira Jorge Pierre, apresentou a situação estadual da raiva em bovinos. A doença, causada por um vírus, ataca o sistema nervoso central e é fatal nos animais. Nos últimos anos houve um aumento no número de casos confirmados de raiva em animais (2020 com 80 casos; 2021 mais 101 casos; 2022 teve 123 casos; 2023 contabilizou 171 casos e 2024 um total de 258 casos). Apesar de os bovinos serem a maioria, também existem casos em equinos, suínos e ovinos.

Os morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) são os principais transmissores da doença. Segundo Elzira, existem 1.141 abrigos destes morcegos no Estado cadastrados na Adapar, sendo que 925 estão ativos. Depois de contaminado, o animal começa a apresentar sintomas da raiva em até 90 dias, como dificuldade de engolir, salivação abundante, pupilas dilatadas e dificuldade de locomoção.

A principal arma contra a raiva é a vacinação dos animais. Porém, desde 2020 a vacina não é mais obrigatória pelo Mapa, o que acaba tornando difícil convencer os produtores a vacinarem seus animais. “É inaceitável o produtor perder um animal de R$ 4 mil porque não quis pagar uma vacina de R$ 2. Às vezes o pecuarista só decide dar a vacina depois que acontece um caso, mas aí já é tarde”, pondera a médica veterinária da Adapar.

“A grande maioria das regiões do Paraná tem problema com morcegos. O produtor precisa vacinar o rebanho”, orienta o presidente da CT de Bovinocultura de Corte do Sistema FAEP e presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho.

Reunião online reuniu pecuaristas de diversas regiões do Paraná

Aftosa

Na sequência da reunião, o fiscal de defesa agropecuária e médico veterinário da Adapar, Walter de Carvalho Ribeirete, apresentou um panorama nacional sobre as ações para tornar o país área livre de febre aftosa sem vacinação. Hoje, além do Paraná, existem três zonas livres da doença no Brasil: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o território que abrange os Estados do Acre, Rondônia e parte do Mato Grosso e do Amazonas. “São zonas independentes. Se houver a reintrodução da doença em alguma delas, só esse território perde o status sanitário”, detalha Ribeirete. Os demais Estados brasileiros são considerados áreas livres da doença com vacinação.

No ano passado o Brasil levou o pleito de tornar-se inteiramente livre da febre aftosa sem vacinação à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Em fevereiro deste ano, a comissão científica da entidade internacional vai realizar a avaliação. “A expectativa é boa. Se passarmos, é só esperar em maio a Assembleia Geral para receber o certificado do novo status sanitário. explica o fiscal da Adapar.

Pecuária Moderna

O programa Pecuária Moderna, lançado em 2015 pelo Sistema FAEP em parceria com o governo do Estado e outras entidades do setor, também esteve na pauta da reunião. Para dar mais tração à iniciativa, no início de 2025 foi realizada uma reunião com as entidades envolvidas para traçar as ações futuras e revitalizar a proposta.

“Percebemos que, cada vez mais, está diminuindo o número de técnicos de campo. Precisamos recolocar novos técnicos neste processo. Quando o programa foi instituído, cada entidade era responsável por um setor. Mas faltou vontade política para que fossem contratados mais profissionais para dar suporte”, detalhou o presidente da CT.

Uma das iniciativas recentes que deve dar suporte ao Pecuária Moderna é a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema FAEP, que, a partir deste ano, passa a atender a bovinocultura de corte. “Esse é mais um incentivo para ajudar o produtor rural. A ATeG é mais uma ferramenta para melhorar as médias de produtividade do Estado”, finalizou Botelho.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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