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Protestos crescem e caminhoneiros bloqueiam estradas na região

Arapongas e o trevo entre Londrina e Cambé tiveram trechos de estradas interrompidos pelos manifestantes

O protesto de caminhoneiros contra a alta dos preços dos combustíveis, pedágios e de tributos chegou ontem ao Norte do Paraná, com bloqueios na BR 369, em Arapongas, e na PR 445, no trevo entre Londrina e Cambé. No total, foram paralisados trechos em pelo menos 32 municípios paranaenses. Entidades como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) divulgaram nota manifestando preocupação com o movimento e pedindo o desbloqueio das estradas.

Por causa dos protestos, que têm forte adesão nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, a BRF interrompeu a produção de aves nas fábricas de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, alegando falta de matéria-prima.

No trevo entre Londrina e Cambé, a manifestação durou das 15 horas às 19h30. No local, eram liberados veículos leves, ônibus, cargas perecíveis e motos, mas caminhões não podiam passar. A Polícia Rodoviária não registrou nenhuma ocorrência.

Segundo as entidades representativas dos caminhoneiros, a categoria pede, entre outras medidas, diminuição dos valores dos combustíveis e dos pedágios, tabela única nacional de frete (baseada no km rodado) e prorrogação das parcelas de financiamento de caminhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam), Laertes Freitas, disse que está marcada só para 10 de março uma reunião com a Casa Civil e o Ministério dos Transportes para discutir as reivindicações da categoria. Ele não descarta a possibilidade de a greve crescer e se tornar igual à de 1999, quando houve desabastecimento no País. “Sempre tivemos bom trânsito no governo Fernando Henrique Cardoso e esperamos ser atendidos pela presidente Dilma Rousseff”, disse. Ele alertou que, caso as negociações com o governo federal não tenham efeito, será deflagrada uma paralisação geral.

Produção

O setor produtivo já sente os efeitos da paralisação. O presidente da comissão de aves da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Amarildo Brustolin, disse que, com a paralisação dos caminhoneiros, há fábricas suspendendo o abate nas regiões Oeste e Sudoeste porque não há mais onde estocar produto. Segundo ele, o abate diário normal é de 740 mil aves. Ele contou que já há falta de combustível. E que não há como buscar mais alimentos para os animais. “O prejuízo da nossa região é muito grande. Não tem como mensurar”, afirmou.

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, os piquetes dos caminhoneiros afetam regiões produtoras de aves e suínos. A paralisação também pode afetar o fluxo das exportações desses dois setores. “Estamos em um período de recuperação, após o desempenho negativo registrado, no mês de janeiro. Há grande preocupação, neste sentido, quanto aos impactos econômicos que a possível redução dos embarques poderá causar”, disse.

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, afirmou que “os bloqueios nas rodovias comprometem a entrega de matérias-primas para as indústrias e o transporte de produtos finais até seus clientes. “Esses atrasos representam um enorme prejuízo para as empresas.”

Segundo Campagnolo, a preocupação é ainda maior em relação ao bloqueio de cargas de produtos perecíveis. Apesar de os líderes do protesto afirmarem que caminhões com esses itens estão com passagem liberada pelas rodovias, a Fiep tem recebido relatos de que isso não vem sendo respeitado.

No caso do leite, a situação mais grave está na região Sudoeste do Paraná. “Existem vários relatos de produtores que não estão conseguindo transportar o leite até as indústrias de laticínios. Como se trata de um produto altamente perecível e de produção diária, os produtores não têm como armazená-lo por muito tempo”, disse Campagnolo. Além disso, indústrias do setor relatam dificuldades para receber embalagens, o que também pode inviabilizar a produção e o abastecimento de leite nos próximos dias.

A BRF informou que as fábricas de Francisco Beltão e Dois Vizinhos interromperam a produção de aves por falta de matéria-prima. Em nota, a empresa diz que faz “todos os esforços para a continuidade do seu ciclo produtivo, evitando a mortandade de animais nos campos e nos caminhões devido à falta de grãos”. Segundo a BRF, bloquear o escoamento dos produtos finais é prejudicial a toda a sociedade, inclusive aos transportadores.

No total, há protestos de caminhoneiros em sete Estados do País: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Fonte: Folha de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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