Sistema FAEP

Programa encaminha 100 pequenos produtores à apicultura

Realizado em Bituruna com apoio do Sistema FAEP, “O Encanto das Abelhas” desenvolve a atividade no município e dá autonomia aos apicultores

Um programa pioneiro tem transformado a vida de 100 famílias de pequenos produtores rurais em Bituruna, na região Sul do Paraná. Batizada de “O Encanto das Abelhas”, a iniciativa encaminha os participantes para a apicultura, desenvolvendo essa cadeia produtiva no município. Para isso, o programa cria condições efetivas para que os produtores possam exercer a atividade de forma plena. As ações previstas contemplam a capacitação, a assistência técnica e a distribuição de colmeias, além de uma ajuda de custo mensal.

Realizado pela Prefeitura de Bituruna, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, “O Encanto das Abelhas” tem apoio do Sistema FAEP e do sindicato rural local. Criado em março de 2023, o programa tem a duração de três anos. As 100 famílias escolhidas foram divididas em dez grupos, de acordo com a região em que residem.

Uma das primeiras ações após a seleção dos participantes foi a capacitação dos produtores rurais. Para isso, o Sistema FAEP levou a campo o curso “Apicultura”, ofertado para as dez turmas de pequenos produtores. Com isso, além de terem uma visão abrangente sobre o viés comercial da atividade, os participantes tiveram contato direto com aspectos práticos, sobretudo técnicas de manejo e de manutenção das colmeias, tornando-se aptos para exercer o ofício.

Nós abraçamos o programa, porque vimos de cara a transformação social que essa iniciativa pode provocar no nosso município. A intenção é de que, a partir dessas 100 famílias, a gente desenvolva a apicultura em Bituruna para depois entrarem novos produtores, em um novo ciclo.

Ronnie Roque Venturin, gestor do Sindicato Rural de Bituruna

Em seguida, no fim de 2023, o programa distribuiu a cada família um kit de apicultura, com oito caixas-ninho com melgueiras e dois núcleos para produção dos enxames. Além disso, a iniciativa contempla uma ajuda de custo de R$ 120 para cada família, para que os participantes possam investir na atividade – comprando equipamentos de proteção individuais ou novas colmeias, por exemplo.

Nós estamos orientando os produtores a investir na atividade, comprando os equipamentos, tinta para pintar as caixas, para que eles possam pensar de forma estratégica e se desenvolver na atividade”, explica o coordenador do programa, Edson Henrique Carneiro.

“É um programa com várias frentes. Tem essência assistencial, por ser voltada a famílias de baixa renda, mas a ideia é que não sejam dependentes do programa pelo resto da vida. O objetivo é dar condições para que possam se desenvolver na atividade e conquistar autonomia financeira e social. Por isso, é um programa com início, meio e fim”, diz o técnico da Secretaria de Agricultura, Mario Zamperion.

Além disso, os participantes também recebem assistência técnica periódica do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná). O programa também contempla outras ações mensais, como palestras de orientação ligadas ao setor agropecuário e também de temas de caráter social, de saúde e de empreendedorismo. “A gente não fala só sobre abelha. Nós também levamos questões que tenham um impacto direto na qualidade de vida das famílias participantes”, observa Carneiro.

Perspectivas

Nascido e criado no meio rural, o pequeno produtor Ernesto Zembruski está animado com as perspectivas trazidas pelo programa. Há 28 anos, ele mora no Assentamento 27 de Outubro, onde mantém uma propriedade de 37 hectares, destinada principalmente ao cultivo de erva-mate, além de outras produções em pequena escala. Zembruski já frequentou o curso do Sistema FAEP e, com o conhecimento adquirido, armou três caixas para capturar as abelhas e formar as colmeias.

Ernesto Zembruski, apicultor que reside no Assentamento 27 de Outubro, próximo a Bituruna

“Esse projeto representa uma esperança. Eu espero que a apicultura gere uma renda extra. Isso ajudaria a permanecer no campo, que tem passado por um período de dificuldade, principalmente os pequenos produtores”, diz Zembruski. “Tem apicultores tendo boa renda com a atividade. Eu espero conseguir esse sucesso”, acrescenta.

Segundo Zembruski, outros produtores do Assentamento 27 de Outubro também aderiram ao programa, o que deve impulsionar o desenvolvimento da apicultura na localidade. “Temos outros produtores interessados, participando. No futuro, poderemos ter o desenvolvimento daqui a partir da apicultura”, aponta.

Outro pequeno produtor do município, Valdecir Ferraz dos Santos também se dedica ao cultivo de erva-mate, mas já tinha contato com a apicultura. Ele mantém cerca de 20 caixas de abelhas, mas o programa abriu novas perspectivas.

Com esse projeto, eu me aperfeiçoei. Eu trabalhava com as colmeias, mas fazia do meu jeito e entendia só o básico. O professor ensinou o manejo correto, a fazer tudo direitinho. Tudo isso anima.

Valdecir Ferraz dos Santos, apicultor em Bituruna
Valdecir Ferraz dos Santos

Entusiasmado, Santos planeja a expansão do negócio. Além do kit recebido do programa, ele pretende adquirir outras 20 colmeias. Na avaliação do produtor, o próximo passo seria a união dos apicultores para viabilizar a comercialização de forma mais organizada. Hoje, ele vende mel e derivados em feiras e de forma direta ao consumidor.

“O problema da apicultura é rotular o mel para comercializar. Se for vender ‘no balde’, cai nas mãos do atravessador e o produtor ganha pouco. A gente pensa em, por meio do programa, desenvolver um sistema para rotular e vender em escala”, planeja Santos. “Nós estamos com esperança de que o programa alavanque, mesmo, a atividade e represente uma boa fonte de renda”, conclui.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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