Sistema FAEP

Produtor precisa eliminar milho tiguera para evitar cigarrinha

Planta voluntária pode servir de refúgio ao inseto, oferecendo riscos à próxima safra. Monitoramento da área colhida é fundamental para erradicação

O Sistema FAEP/SENAR-PR reforça uma prática importante a agricultores do Paraná: eliminar o milho voluntário, conhecido como tiguera ou guaxo. A erradicação dessas plantas é uma prática de manejo determinante para manter longe da lavoura a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), inseto que causa doenças conhecidas como enfezamentos e que vêm provocando prejuízos no Estado há três safras. O problema é tão preocupante que a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) criou um grupo de trabalho com instituições e empresas para erradicar a cigarrinha.

Até o final de julho, 7% da área plantada com milho safrinha foram colhidas em todo o Paraná. A técnica Ana Paula Kowalski, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR, explica que o agricultor deve ficar de olho em grãos e/ou espigas inteiras que ficam para trás no processo de colheita, pois eles podem brotar, dando origem ao milho tiguera ou guaxo. Há o risco de essas plantas servirem de refúgio para a cigarrinha até o próximo ciclo. Quando a nova safra for plantada, o inseto pode se alastrar pela lavoura, ocasionando prejuízos. Nos anos anteriores, algumas propriedades do Paraná tiveram perdas de até 70% por danos causados pela cigarrinha.

Ouça o spot da IDR-Paraná sobre o tema.

“Esse milho tiguera fica na lavoura, às vezes, até em meio a plantas de soja. A cigarrinha pode ir migrando de um milho para o outro e, quando chegar o plantio na próxima safra, pode contaminar a lavoura”, ressalta Ana Paula. “Precisamos conscientizar o produtor. Às vezes, ele pensa que tem que combater a cigarrinha só no plantio da safra em setembro, ou a safrinha, em janeiro. Mas uma das medidas mais importantes é a erradicação do milho tiguera durante o avanço da colheita”, acrescenta.

Por isso, o ideal é que o produtor faça o monitoramento de sua propriedade à medida que a colheita for avançando. O agricultor não pode dar chance para que o milho tiguera se mantenha, levando riscos à futura lavoura. “Tem que ser praxe: fazer esse monitoramento constante, ver se tem incidência e fazer o controle. O controle é feito com herbicida, já que o milho tiguera é considerado uma planta daninha. Tem que ser eliminado antes que se reproduza”, explica Ana Paula.

Minuto FAEP SENAR – Cigarrinha do milho

Cartilha

Neste ano, o Sistema FAEP/SENAR-PR e a Embrapa Milho e Sorgo lançaram a cartilha “Manejo da cigarrinha e enfezamentos na cultura do milho”. O material é um guia prático voltado ao produtor rural, abrangendo desde a identificação do inseto até práticas de combate e erradicação, e está disponível gratuitamente para download no site www.sistemafaep.org.br, na seção Serviços. Em maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou um conjunto de dez práticas de manejo a serem adotadas contra o inseto. A primeira delas é a eliminação do milho tiguera.

Outro ponto que merece destaque e pode ser um fator que favorece o surgimento do milho tiguera é a ineficiência ao longo da colheita, muitas vezes ocasionadas por colheitadeiras mal operadas e/ou desreguladas. Para isso, o SENAR-PR oferece cinco títulos de cursos relacionados à operação, manutenção e regulagem de colhedoras de grãos. Informações dos cursos, gratuitos e com certificados, estão no mesmo site.

Cigarrinha

As doenças causadas pela cigarrinha são transmitidas por meio de bactérias, disseminadas quando o inseto se alimenta do milho. Os efeitos são percebidos nos chamados enfezamentos – pálido e vermelho. “Os problemas costumam ocorrer com maior intensidade nos estágios iniciais de desenvolvimento das plantas, pois a praga migra para outras lavouras nas fases de reprodução e colheita. As temperaturas acima de 25 graus também favorecem o ciclo dessa praga”, diz Ana Paula.

O inseto está presente em todas as regiões do Estado. Em novembro de 2020, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) coletou 64 amostras e constatou que 40% estavam contaminadas com enfezamentos decorrentes de ações da cigarrinha do milho.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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